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01/07/2010 - 11h37

Polícia aguarda laudos da perícia em vestígios em carro e sítio de Bruno

Bernardo Lacerda e Guyane Araújo
Em Belo Horizonte

Peça importante no quebra-cabeça em que se transformou a investigação do desaparecimento da estudante Eliza Silva Samudio, de 25 anos, de acordo com a Polícia, os laudos periciais em possíveis vestígios de sangue encontrados no sítio e no carro de Bruno só deverão estar concluídos entre 15 e 20 dias. A informação é do chefe da Divisão de Crimes Contra a Vida, delegado Wagner Pinto, um dos responsáveis pelas investigações do caso.

Extra-oficialmente, a Polícia Civil de Minas já confirmou ter encontrado sangue na casa de campo e também na Land Rover, modelo Range Rover, de Bruno, que foi apreendida em 8 de junho, conduzida por Cleiton Silva Gonçalves. Isso aconteceu um dia depois do último contato telefônico feito por Eliza com uma amiga, segundo testemunha ouvida pelos policiais. Dessa forma, a estudante é considerada desaparecida desde o dia 9.

Em coletiva na noite da última quarta-feira, com a participação de Wagner Pinto e também do chefe do Departamento de Investigações, Edson Moreira, os delegados admitiram a realização de exames de DNA nos vestígios para confrontar com o material recolhido da saliva de Luiz Carlos Samudio, pai de Eliza, quando ele esteve em Minas, no último domingo, para buscar o neto, que foi levado para Foz do Iguaçu.

“Foram feitas perícias tanto no imóvel de Bruno, como no veículo utilizado pelo Bruno. Entretanto, os laudos não foram ainda consolidados. Extra-oficialmente, temos informações, mas para passar para a imprensa só de forma oficial”, comentou Wagner Pinto.

A Polícia Civil mineira, que investiga o desaparecimento com indícios de provável homicídio seguido de ocultação de cadáver, há uma semana, trabalha para levantar provas testemunhas e periciais, que comprovem o envolvimento de Bruno, considerado por Edson Moreira, único suspeito até o momento.

“A investigação policial é um quebra-cabeça, tudo é importante, tudo é relevante. Todas as pessoas que ouvimos são importantes, porque são parte do todo”, salientou Wagner Pinto. Segundo Edson Moreira, cerca de 20 testemunhas já foram ouvidas.

Na manhã desta quinta-feira, foi revelada a identidade de uma dessas testemunhas, que ficou, na véspera, entre 12h30 e 21h20, na Delegacia de Homicídios de Contagem. Trata-se de José Wallace, que, segundo o seu advogado José Viana, foi convidado a depor por ter participado de um jogo de futebol no sítio de Bruno.

“Meu cliente jogou futebol com Bruno dia 8 ou 9 deste mês. Não viu nenhuma mulher ou criança no sítio”, afirmou o advogado. Segundo ele, Wallace teria sido convidado a participar do futebol por Luiz Henrique, conhecido como Macarrão, amigo e funcionário do goleiro do Flamengo. “Foi a primeira vez que meu cliente viu o Bruno. Foi convidado na rua para jogar futebol e depois teve um churrasco, só com homens”, acrescentou.

Os delegados responsáveis pela investigação não fizeram nenhum comentário sobre a importância dessa testemunha e nem sobre o teor do depoimento. Macarrão, que, segundo Edson Moreira, é procurador de Bruno, está sendo investigado. “O Macarrão é quem faz os pagamentos para o Bruno, ele vê tudo para o Bruno”, observou.

Na manhã desta quinta-feira, a delegada Alessandra Wilke, que preside o inquérito, disse que, em princípio, não há depoimento agendado, mas admitiu que isso poderá acontecer. “Vamos aguardar ao longo do dia”, comentou a policial, que disse esperar “mais um dia longo e produtivo de trabalho”.

Eliza Samudio tentava comprovar, por intermédio de ação de reconhecimento de paternidade na Justiça do Rio de Janeiro, que Bruno é o pai do seu filho, de quatro meses. De acordo com testemunhas, a estudante teria sido convidada pelo jogador de futebol, a quem acusava de fazer ameaças de morte e de tentar provocar o seu aborto, para vir a Minas com ele. A Polícia tenta reconstituir os passos da moça entre os dias 4 e 9 de junho.

O filho de Eliza foi encontrado no sábado passado, em uma favela de Contagem, vizinha a Ribeirão das Neves. A criança esteve em poder de Dayane Fernandes, mulher de Bruno, que chegou a ser presa, mas responde em liberdade por subtração de incapaz. Na última quinta-feira, uma denúncia anônima indicou que a ex-namorada do jogador teria sido espancada até a morte no sítio dele, em Esmeraldas.

Uma operação de busca e apreensão, com autorização judicial, foi realizada na última segunda-feira, na casa de campo de Bruno, e em áreas próximas, no Condomínio Turmalina, em Esmeraldas. Nenhum corpo foi encontrado, mas os policiais recolheram objetos, como fraldas, roupas femininas e uma passagem aérea, que estão sendo periciados.
 

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