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Jorge Araújo/Folha Imagem

Queda de energia no bairro de Higienópolis não impediu sabatina de Zico

13/04/2010 - 13h56

Sabatinado pela Folha de S. Paulo, ex-jogador Zico vê Ronaldinho apático

Do UOL Esporte
Em São Paulo

Um dos maiores meias da história do futebol brasileiro, Zico aproveitou a sabatina realizada nesta terça-feira pela Folha de S. Paulo, no Teatro Folha, para “aconselhar” Ronaldinho Gaúcho, fora dos planos do técnico Dunga para a Copa do Mundo da África do Sul.

Na avaliação do sabatinado, o atleta do Milan tem demonstrado profunda apatia em campo, atitude inaceitável principalmente em ano de Mundial. Zico avalia que Ronaldinho tem feito apenas duas ou três coisas boas em campo, se limitando a atuar em uma faixa do campo.

"Esse não é o Ronaldinho que queremos ver", destacou Zico, que na segunda-feira fez coro para a convocação do santista Neymar à Copa, que começa em junho.

Zico foi entrevistado pela plateia e por José Henrique Mariante, editor de Esporte da Folha, Marcos Augusto Gonçalves, editor de Opinião, e pelos colunistas da Folha Xico Sá e Barbara Gancia.

O ex-camisa 10 da seleção comentou vários assuntos, citando a boa relação com o ex-desafeto Romário, as críticas por perder pênalti na Copa de 86 e a passagem como ministro dos Esportes no governo Collor.

A sabatina promovida pela Folha de S. Paulo foi interrompida após quase 30 minutos de conversa. Zico comentava a suposta convulsão sofrida pelo atacante Ronaldo horas antes da final da Copa de 1998 contra a França.

ZICO CITA PERÍODO COM COLLOR

Houve queda de energia no bairro de Higienópolis, em São Paulo. O evento, ocorrido no Teatro Folha, foi retomado 25 minutos depois, no escuro. Luzes de emergências foram acionadas.

Sobre o “caso Ronaldo”, Zico, então coordenador técnico da seleção, não acrescentou novidades ao polêmico assunto. Ele afirmou não ter presenciado o problema do atacante, alegando que quando chegou ao quarto em que Fenômeno se concentrava, o jogador estava abatido, pouco após ser amparado por Roberto Carlos. O Brasil perdeu a final para a França, 3 a 0, com Ronaldo em campo.

A Copa de 1998 também rendeu perguntas a Zico sobre Romário, cortado do elenco às vésperas do Mundial, por contusão. À época, Romário discordou da decisão, apontando o então técnico da seleção brasileira, Zagallo, e Zico como culpados pelo veto.

ZICO: 'TIVE IMAGEM DENEGRIDA'

Revoltado, o Baixinho ilustrou Zico e Zagallo nas portas do banheiro do bar de sua propriedade no Rio de Janeiro, ainda na década de 90. Romário foi processado por ambos por danos morais. A rusga com Romário foi superada.

"Eu não gostei. Aquilo não era brincadeira. Eu senti minha imagem denegrida. Mas acabou tudo bem. Já passou. Vamos em frente".

Segundo Zico, Romário entendeu que o corte ocorreu meramente por questões médicas. O ex-camisa 10 do Fla criticou, sem citar nomes, membros da equipe técnica da seleção, que teriam “fugido” da responsabilidade pelo corte do Baixinho.

“O Romário reconheceu que não fui eu quem cortou ele. Isso traz certa tranquilidade. O caso dele era exclusivamente um problema médico. O Juninho e o Flávio Conceição foram cortados e ninguém falou nada. Só que ninguém quis assumir quando cortaram o Romário. Diziam que fui eu. E ele ficou contrariado. Fez aquela coisa [ilustração no banheiro]”.

A fase como ministro dos Esportes, na gestão Fernando Collor, também foi abordada por Zico na sabatina. O ex-ministro resumiu sua breve participação em Brasília. Para ele, as modalidades olímpicas foram as que mais se beneficiaram com a “Lei Zico”. O futebol preferiu seguir caminho distinto, analisa. Como ministro, Zico propôs o fim do “passe”, projeto que foi ajustado e sancionado anos depois pela Lei Pelé.

“Hoje, a natação, por exemplo, é um ponto forte do país. Fizemos ótima participação em Barcelona. Deixamos contribuição muito grande ao esporte. Já o futebol, não. Foi o único que não apoiou a lei. Mas o futebol caminha sozinho”

A relação com Collor, considerada harmônica no início da função como ministro, se deteriorou após aliados do ex-presidente reclamarem dos efeitos da Lei Zico. Um dos pontos mais polêmicos da lei foi a captação de recursos financeiros para entidades desportivas através de bingos.

Cobrado por políticos que o apoiavam, o então presidente engavetou o projeto de lei, o suficiente para Zico pedir demissão.

“Aquilo batia de frente com alguns setores que o tinham apoiado. Ele [Collor] engavetou. Ele parou com o contato direto que tinha comigo. Preparei minha carta de despedida, pois não tinha mais o que fazer”.

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