Um grupo separatista reivindicou a autoria do ataque ao ônibus da seleção de Togo nesta sexta-feira, quando os jogadores atravessavam a fronteira entre Congo e Angola. A ofensiva causou uma morte e nove feridos e foi classificada como “ato de terrorismo” por políticos locais, mas não implicará no cancelamento da Copa Africana de Nações, cuja estreia está marcada para este domingo.
A Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (Flec), que luta pela independência da região rica em petróleo localizada entre o Congo e a República Democrática do Congo, emitiu um comunicado oficial à agência de notícias Lusa nesta sexta-feira reivindicando a autoria do ataque. Entretanto, o grupo informa que o alvo era “o exército angolano que escoltava a seleção de Togo”.
Ex-membro da Flec, o ministro angolano sem pasta António Bento Bembe declarou também nesta sexta que o ataque aos jogadores togoleses foi um “ato terrorista”. “Sempre associei esses acontecimentos ao terrorismo, quando civis são os objetivos do ataque”, disse o político à agência de notícias AFP.
Bembe, porém, afirmou não acreditar que a Frente de Libertação da Cabinda tenha sido a responsável pelo ataque aos atletas.
Embora a ofensiva aos jogadores de Togo tenha resultado em nove pessoas feridas e na morte do motorista do ônibus, a Confederação Africana de Futebol (CAF) assegurou que a Copa Africana de Nações ocorrerá normalmente a partir deste domingo, em Angola. A competição reunirá 16 países, e Togo tem a estreia marcada para segunda-feira contra Gana, justamente em Cabinda.
"Os jogadores constituem nossa maior preocupação, mas o campeonato está mantido", assegurou Souleymane Habuba, diretor de comunicação da CAF.
Claude Leroy, técnico que já dirigiu as seleções de Camarões e Gana, alertou para a falta de segurança no local. “Futebol é apenas um jogo, mas o que aconteceu é muito sério e significa que não há garantia de segurança. Essas regiões podem ser muito perigosas, e a CAF tem que tomar uma decisão a respeito desse tiroteio”, declarou.
Vice-presidente da Federação Togolesa de Futebol, Gabriel Ameyi lamentou a falta de planejamento da delegação no deslocamento a Angola. “Eles não deveriam ter ido pelas estradas”, opinou o dirigente. “Eles também não comunicaram isso à CAF, mas deveriam ter feito este trajeto de avião”, emendou.
Os nove feridos que estavam no ônibus atacado foram levados a um hospital em Cabinda. Thomas Dossevi, jogador do Nantes, da França, falou que sua delegação foi “metralhada como cães” e acrescentou: “Eles estavam armados até os dentes. Passamos 20 minutos debaixo dos assentos do ônibus. Parecia uma guerra. Não queremos mais disputar a Copa Africana”
O atacante Alaixys Romao, atacante, endossou as palavras do compatriota. “Devemos pensar antes de tudo no estado de saúde dos feridos, pois havia muito sangue no chão”, declarou o jogador, que ainda não sabe se participará do campeonato continental, em entrevista à rádio RMC. “Ainda não decidimos”, complementou.
* Atualizada às 23h59
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