UOL Esporte Futebol
 
05/08/2009 - 07h07

Brasileiro 'ignora' ameaças de morte após troca de time na Sérvia

Roberta Nomura
Em Belgrado (Sérvia)
A transferência histórica do brasileiro Cléo foi o principal assunto na intertemporada sérvia. Primeiro jogador em 21 anos a trocar o Estrela Vermelha pelo rival Partizan, o atacante despertou a ira dos torcedores do antigo clube, sendo muito ofendido e até mesmo ameaçado de morte pelos ex-fãs. Mas isso não o intimidou e, apesar de adotar medidas cautelosas, o camisa 9 mantém sua rotina em Belgrado, já sendo um dos destaques do atual bicampeão nacional.

/Ivan Milutinovic/Reuters
Em 7 jogos pelo Partizan, atacante Cléo fez 9 gols, sendo 4 pela Liga dos Campeões
Roberta Nomura/UOL
Como camisas oficias estavam em falta em Belgrado, a loja do clube improvisou uma versão em algodão do novo xodó da torcida
PÁGINA DE VIOLÊNCIA NO FUTEBOL
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Os 12 gols marcados em 24 jogos pelo Estrela Vermelha na última temporada despertaram o interesse do maior rival, que agora tem quatro anos de contrato com o brasileiro. "Cheguei aqui na Sérvia em agosto de 2008. Em junho, terminou a temporada e meu contrato. Eu ia voltar para casa, mas o Partizan mostrou interesse, comprou 80% dos meus direitos, que pertenciam a uma empresa, e resolvi ficar porque já estou adaptado no país", afirmou Cléo ao UOL Esporte.

Segundo a Uefa, o brasileiro é apenas o 12º jogador a trocar de rival na história do futebol sérvio. O último atleta a deixar o Estrela Vermelha diretamente ao Partizan foi Goran Milojevic, da então seleção iugoslava, em 1988. Nem mesmo depois do hiato os ânimos se acalmaram, e torcedores mais radicais invadiram um perfil de Cléo na internet para ofendê-lo e ameaçá-lo de morte.

"Foram feitas algumas ameaças, mas nada que chegasse a mim diretamente. Na realidade quem viu foi minha família, que ficou preocupada. No começo fiquei com o pé atrás, mas acho que os torcedores já entenderam. Uma coisa que eu tenho certeza é que vão me vaiar muito quando as duas equipes se enfrentarem", disse o ex-atacante do Atlético-PR.

A violência da ala mais radical da torcida do Estrela Vermelha foi comprovada em junho. O capitão do Partizan, Sasa Ilic, estava com sua esposa grávida em um restaurante de Belgrado e foi agredido. O episódio não intimidou o brasileiro de 23 anos, no entanto, o deixou mais cauteloso.

"Eu não mudei minha rotina, vou fazer compras, saio para comer. Mas evito ir a locais públicos em que sei que vai ter concentração de torcedores do Estrela Vermelha. Para vir aqui [no Beogradska Arena acompanhar o jogo da seleção brasileira masculina de vôlei pela Liga Mundial], tive que vir acompanhado", contou Cléo, que mora na Sérvia com a esposa e o filho de 2 anos.

Na contramão da ira dos torcedores do antigo clube, o atacante brasileiro já é um dos xodós da torcida do Partizan. Cléo esteve em campo em sete partidas e marcou nove gols, sendo quatro deles na fase preliminar da Liga dos Campeões. A equipe alvinegra, aliás, entra em campo nesta quarta-feira, às 15h45 (horário de Brasília), contra o APOEL em busca da classificação para a próxima etapa. O time do Chipre venceu a partida de ida por 2 a 0.

O perfil de Cléo no site oficial do Partizan cita a confusão pela troca de rivais e faz elogios ao brasileiro. "Logo após se transferir ao Partizan, se transformou em um dos favoritos da torcida e de todos os funcionários do clube que o definem como muito calmo e jovem homem com comportamento impecável. Já mostrou todas as suas qualidades de jogo na pré-temporada e amistosos. Não há dúvida de que o ataque do Partizan está reforçado com a chegada de Cléo."

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