UOL Esporte UOL Esporte
UOL BUSCA

Arquivo Folha

Feola foi técnico da seleção no triunfo de 1958 e no fracasso de 1966

Feola foi técnico da seleção no triunfo de 1958 e no fracasso de 1966

28/06/2008 - 08h35

'Bonachão' assume pouco antes da Copa e convoca um Pelé contundido

Jorge Corrêa
Em São Paulo
O primeiro título mundial do Brasil teve um grande personagem. Tanto pela dimensão de 105 kg de peso quanto por sua importância. Ex-treinador do São Paulo, Vicente Feola assumiu a seleção nacional do Brasil para acabar com o nosso 'complexo de vira-lata' e levar o time à conquista inédita.

Pouco conhecido no Rio de Janeiro, Feola foi a aposta de João Havelange, presidente da CBD, e de Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação e mentor do projeto vencedor. Ele seria responsável por liderar a primeira comissão técnica profissional a trabalhar na seleção.

Se antes os treinadores centralizavam as decisões técnicas, táticas, físicas e até mesmo supersticiosas, dessa vez o Brasil teria uma série de profissionais trabalhando, de treinador a preparador físico, passando por psicólogo e dentista.

Mas mesmo sendo a ponta dessa pirâmide, Feola nunca foi de chamar atenção para seu trabalho, encampando a filosofia "trabalho de grupo".

Tanto é assim que, na chegada ao Brasil após o triunfo, diminuiu ao máximo sua parcela no feito. "Com rapazes como esses, dificilmente o Brasil poderá ser derrotado. Mostraram qualidades magníficas de exímios controladores da pelota, jogaram com fibra e dedicação incomuns."

Isso é confirmado pelo ex-meia Dino Sani: "Ele fazia a parte dele, assim como cada um fazia a sua. Cada um tinha o seu papel, sua função, seu dever."

"Acredito que o técnico não pode fazer tudo sozinho, e o Feola foi um dos primeiros a perceber isso. É necessário ter uma equipe que o auxilie em tudo. Ele ouvia todo mundo, mas sempre tomava a decisão final", completou o atacante Mazzola.

Para Pepe, reserva no Mundial da Suécia, Feola foi o símbolo de uma inovação que foi seguida dali para frente. "Foi a primeira vez que foi feita uma comissão técnica completa e deu certo esse trabalho", afirmou o ex-jogador.

Tranqüilidade em campo
Quando assumiu a seleção, Feola já tinha problemas cardíacos crônicos (que haviam, inclusive, o afastado do comando do São Paulo). E essas duas questões modelaram o estilo de trabalho do treinador, inclusive no título mundial de 1958.

"Era uma cara tranqüilo, muito bonachão, uma unanimidade entre os jogadores. Era uma figura muita gorda, nem teria como ser de outro jeito", contou Pepe. "Era mais de conversa, não gritava", completou o ex-jogador santista.

Se a tranqüilidade marcou sua passagem pelo comando nacional sua capacidade como treinador também comoveu seus comandados. "Falava pouca coisa, mas sempre o necessário. Sabia o que estava fazendo. Se tinha uma coisa que ele realmente sabia fazer, era colocar os jogadores da maneira correta em campo", disse Dino Sani.

Ao lado do dirigente Paulo Machado de Carvalho, Vicente Ítalo Feola insistiu muito para levar entre os convocados um jogador franzino, de apenas 17 anos, que em pouco tempo seria destaque em todo o mundo: Pelé.

Se não fosse a insistência do treinador, ele seria cortado. À época, o jogador do Santos estava contundido, e os médicos da Seleção diziam que o atleta não teria tempo suficiente para se recuperar.

No Brasil, a carreira de Feola sempre esteve ligada ao São Paulo, onde conquistou o bi-campeonato paulista (1948-1949). O treinador também trabalhou na Argentina, no Boca Juniors. Além da Copa de 1958, Feola também comandou a seleção no Mundial de 1966, na Inglaterra. Nesta Copa, o time foi eliminado na primeira fase, depois de duas derrotas (Portugal e Hungria). No total, Feola comandou o Brasil em 74 jogos, de acordo com dados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

*Colaborou Rodrigo Farah

Hospedagem: UOL Host