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Detalhe do pôster de divulgação do filme documentário sobre o título mundial

Detalhe do pôster de divulgação do filme documentário sobre o título mundial

25/06/2008 - 07h22

Pelé cobra cachê e fica fora do filme que homenageou a conquista

Bruno Império
Em São Paulo
A conquista da Copa de 1958 foi parar nos cinemas. Em comemoração ao cinqüentenário do primeiro título mundial do futebol brasileiro, o jornalista José Carlos Asbeg produziu o documentário "1958 - O Ano em que o Mundo Descobriu o Brasil", baseado em depoimentos de jogadores nacionais e estrangeiros, dirigentes e jornalistas que cobriram a Copa da Suécia.

Uma ausência, entretanto, é bastante sentida. Pelé - esse definitivamente descoberto pelo mundo naquele ano - não dá as caras no filme. Segundo o diretor, ao contrário dos demais atletas que estão na película, Pelé cobrou cachê para participar do filme também feito em sua homenagem.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Asbeg admitiu que, ao iniciar as negociações com a empresa de Pelé para tentar encontrar uma brecha na apertada agenda do ex-jogador para as gravações, foi questionado sobre qual seria o cachê de Pelé. Asbeg não ficou surpreso, mas descartou ter Pelé contando a história da qual é um dos personagens centrais.

DO PRÓPRIO BOLSO
Bruno Império/UOL
José Carlos Asbeg precisou abrir sua carteira e fazer investimento pessoal para conseguir rodar "1958 - O Ano em que o Mundo Descobriu o Brasil"

Segundo ele, R$ 325 mil saíram de seu próprio bolso ao longo dos seis anos produção do documentário que relembra título inédito.

Também de acordo com o diretor, o orçamento totalizou R$ 1,2 milhão. Os R$ 875 mil restantes vieram por meio de patrocínios da Eletrobrás, BNDS e Petrobrás.

Uma das reclamações do diretor é o fato de a Confederação Brasileira de Futebol não ter investido no filme que conta também parte marcante da história da entidade.

INOVAÇÃO GARANTIU ZAGALLO
CONTUSÃO PREJUDICOU PEPE
PÁGINA ESPECIAL DA COPA-58
"No início houve uma negociação. Contatei a empresa de Pelé, e eles quiseram saber como estava meu orçamento, quanto eu tinha em mãos. Mas é normal o Pelé cobrar para participar de algo. Ele seria o protagonista do filme, a negociação transcorreu por meio da empresa dele. É a participação de Pelé em um filme. Não foi uma surpresa, mas acabou não dando certo", afirmou Asbeg.

Sem oferecer recompensa, Asbeg não conseguiu gravar com o Rei. "Segui procurando o Pelé por mais dois anos após o primeiro contato com a empresa dele. Nunca ofereci cachê e, durante todo esse tempo, sempre me foi passado que ele não tinha datas disponíveis para gravar", completou.

Procurado pela reportagem do UOL Esporte, Pelé, sua assessoria e sua empresa não retornaram as ligações. Ele só falou sobre o tema em entrevista coletiva em Brasília, nesta quarta-feira (Confira vídeo abaixo).

Na pré-estréia paulistana do filme, estavam entre os convidados a esposa do capitão Bellini, que não poupou elogios ao diretor: "Você acertou o ponto", disse após a sessão. Mas quem parece não ter concordado muito com a opinião da companheira do zagueiro que criou o gesto de erguer a taça foi a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Quando decidiu fazer o filme, Asbeg dizia ter uma pretensão simples: prestar uma homenagem aos ídolos que conquistaram a Copa da Suécia em 1958. Atletas que romperam com a pecha do "complexo dos vira-latas" descrito por Nelson Rodrigues para definir o espírito de inferioridade dos brasileiros em relação ao resto do mundo após a derrota para o Uruguai, em pleno Maracanã lotado, na decisão da Copa de 1950.

Asbeg saiu então à procura de apoio. Bateu à porta da CBF, mas não foi atendido. "Procurei a CBF, mas eles não manifestaram interesse. A CBF não participar de evento de lançamento ou me auxiliar na divulgação e distribuição, eu entendo. Mas não contar com o apoio dela me surpreendeu. A CBF deve estar, de certo modo, envolvida com as coisas do presente e não entendeu o propósito do filme, que fala do passado", disse Asbeg.

PELÉ DÁ VERSÃO SOBRE CACHÊ
A CBF fez suas próprias ações para relembrar o cinqüentenário do título mundial. Por exemplo, um amistoso da equipe de Dunga conta a Suécia, anfitriã e rival da decisão da Copa de 1958. Mas o jogo aconteceu em Londres, atrás das libras.

Para Dino Sani, que também está no filme, as ações da CBF não conseguiram tocá-lo como fez o filme de Asbeg. "Que homenagem fez a CBF? Não participei de nenhuma. Nós, jogadores, as estrelas daquela conquista, não fomos homenageados em nada", disse o ex-jogador atualmente com 76 anos de idade.

"Esse filme me fez lembrar coisas que eu até já tinha esquecido. Foi marcante", completou também ao deixar a pré-estréia na capital paulista. O ex-santista Pepe também se emocionou com o filme e revelou que, apesar da conquista, a Copa de 1958 é uma de suas maiores frustrações: "Queria ter jogado pelo menos uma partida. Entrado no gramado ao menos uma vez".

Hospedagem: UOL Host