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Após aposentadoria como jogador, Pepe fez carreira como técnico de clube

Após aposentadoria como jogador, Pepe fez carreira como técnico de clube

25/06/2008 - 08h04

Pepe nega 'inovação' e diz que perdeu vaga para Zagallo por contusão

Renan Prates
Em Santos
Integrante da principal disputa por vaga no ataque da seleção de 1958, o ex-ponta-esquerda Pepe, que fez história nos tempos áureos do Santos, refuta a tese de Zagallo de que perdeu a posição pela inteligência tática do rival. Na visão do santista, a lesão sofrida antes da Copa fez com que ele ficasse fora do time titular.

"A mudança que ocorreu na seleção não foi uma necessidade pela característica do Zagallo, pois o Feola gostava de dois pontas ofensivos. O Zagallo cumpriu bem a função que lhe foi dada", disse Pepe ao UOL Esporte em sua casa em Santos.

"Nunca fui reserva do Zagallo. Não joguei em 1958 e 1962 porque me machuquei, algo que nunca acontecia comigo", relembrou o ex-jogador. "Este esquema foi criado artificialmente porque o Zagallo era mais meia, não podia fazer outra coisa. Não tinha velocidade nem chute".

Pepe concorda com Zagallo que os dois têm uma boa relação hoje em dia, cinqüenta anos depois. "Tenho um bom relacionamento com o Zagallo. Ele não é meu amigo, nem meu inimigo. O destino não quis que eu jogasse", decretou.

O OUTRO LADO
Arquivo
Zagallo (à esq.) comemora vitória abraçando Nilton Santos nos vestiários
Zagallo, o tetracampeão mundial, acredita que sua função tática tenha sido primordial para ganhar a briga com seus rivais Pepe e Canhoteiro por uma vaga na ponta-esquerda na Copa de 1958.

"Minha maneira de jogar chamou a atenção do Feola. O Brasil mudou a maneira tática de jogar. Essa maneira fez com que tornasse titular no lugar de Pepe", disse Zagallo.
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PERFIL DE ZAGALLO
PERFIL DE PEPE
Apesar de ter condições reais, mas não ter atuado em Copas do Mundo, Pepe relembrou com carinho da conquista de 1958. "Fica o trauma de não ter jogado, mas a alegria de ser um campeão mundial. A recepção no Brasil foi maravilhosa, em todos os lugares", disse Pepe.

Uma das coisas que mais marcou o "Canhão da Vila" na Suécia foi como ele comemorou a conquista da Copa do Mundo. "Tinha 23 anos na época. Depois do título, eu e o Mazzola fomos comemorar em um parque de diversões, acredita?".

Outros 'causos'

Pepe também confirmou na entrevista sua fama de 'grande contador de causos' ao falar da Copa de 1958. "Na preparação para a Copa foi a primeira vez que fizeram exame dentário, cirurgia para extrações nos jogadores. Arrancaram todos os dentes do Formiga, colocaram dentadura depois. Mas ele foi cortado com uma contusão na coxa. Ficou banguela e fora da seleção".

Ele também confirma o assédio do público feminino durante a competição. "As suecas nunca tinham visto ninguém preto. Elas passavam a mão nos brasileiros para ver se saía tinta. Elas gostavam de olhos castanhos, nunca tinham visto", relata.

E completa a tática nacional no jogo de sedução: "Todos queriam treinar na ponta do campo, pois as suecas se sentavam de qualquer jeito. Dava para ver tudo. A gente se comunicava em inglês, mas elas pouco falavam. Falavam mais o alemão e o sueco".

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