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Pelé posa olhando a taça Jules Rimet no regresso para o Brasil

Pelé posa olhando a taça Jules Rimet no regresso para o Brasil

24/06/2008 - 07h32

Nem tão novato nem tão anônimo, Pelé se apresenta ao mundo

Felipe Priante
Em São Paulo
Hoje em dia não dá para se imaginar Pelé como uma figura desconhecida. Na época do primeiro título mundial da seleção brasileira, em 1958, na Suécia, Pelé ainda era um garoto de pouco mais de 17 anos. E, se não era um completo anônimo, não tinha ainda a fama de hoje.

Apesar da pouca idade, o precoce Pelé não era desconhecido como alega Zagallo. "Só conhecemos o Pelé na hora da convocação", costuma contar o Velho Lobo. Porém, naquela época Pelé já colecionava uma extensa quantidade de gols e havia sido o artilheiro do Campeonato Paulista de 1957 com 17 gols, além de ter participado do título de 1956.

"Com o feeling que a gente tinha, dava para ver que o Pelé tinha cara de jogador. A gente sabe só de ver", afirmou Pepe, colega de Santos e de seleção brasileira.

Mesmo assim, Zagallo poderia alegar que apenas o Estado de São Paulo conhecia os feitos do rei. Mas, antes da Copa da Suécia, Pelé já havia feito 34 partidas contra times de fora do estado de São Paulo, nas quais marcou 20 vezes, e outras quatro contra times de fora do Brasil, em que fez cinco gols.

No Torneio Rio-São Paulo de 1957, Pelé enfrentou os quatro principais times cariocas, somando duas derrotas, um empate, uma vitória e um gol, contra o Vasco, na Vila Belmiro.

Pelé também já havia vestido a camisa canarinho. Aos 16 anos ele fez sua estréia pela seleção na derrota para a Argentina por 2 a 1, no Maracanã. Foi dele o gol solitário daquela partida. Antes da Copa começar, Pelé ainda marcou mais quatro vezes em cinco jogos.

O próprio Zagallo já havia entrado em campo duas vezes ao lado de Pelé, nas vitórias do Brasil de 5 a 1 contra o Paraguai e de 4 a 0 contra a Bulgária, ambas no Maracanã. Outros nove jogadores campeões em 1958 também já tinham jogado com Pelé na seleção, entre eles o capitão Bellini, o meia Didi e até mesmo Garrincha.

Além disso, Pelé participou de uma série de quatro partidas com a camisa do Vasco, em um combinado do clube cruz-maltino com o Santos. Nesses amistosos, contra Belenenses, Dínamo Zagreb, Flamengo e São Paulo, marcou seis gols, jogando duas vezes ao lado de Bellini e uma vez contra Zagallo e Dida, na partida contra o Flamengo.

Quando foi convocado para a Copa de 1958, Pelé não era ainda um jogador consagrado, mas também não era um ilustre desconhecido. Também não foi Paulo Machado de Carvalho que havia bancado a convocação do rei do futebol, o que ele fez foi bancar a ida de Pelé, que havia se contundido às vésperas da Copa.

Lá na Suécia, é que alguns jogadores hesitavam sobre qual seria o desempenho de Pelé na Copa. "Os mais antigos Djalma, Nilton, Didi, o alertaram para a hora que ele entrasse numa partida de Copa do Mundo. Mas o Pelé tinha muita personalidade, nem sentiu", declarou Pepe.

"Mesmo sem experiência, ele era um jogador completo. Quando ele entrou na Copa junto com o Garrincha balançou o time, que cresceu muito", acrescentou Zagallo, que ainda lembrou que além de ter conquistado o título na Suécia, Pelé também fez sucesso com as louras suecas por causa de sua cor.

Colaboraram Renan Prates e Rodrigo Farah

Hospedagem: UOL Host