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Comportamento dos japoneses que encantou o mundo é rotina no país

Torcedor do Japão recolhe lixo no estádio após derrota para a Bélgica - JUAN BARRETO/JUAN BARRETO
Torcedor do Japão recolhe lixo no estádio após derrota para a Bélgica Imagem: JUAN BARRETO/JUAN BARRETO

05/07/2018 08h10

O comportamento dos jogadores da seleção do Japão, que limparam os vestiários da Rostov Arena, depois da derrota para a Bélgica nas oitavas de final da Copa do Mundo, voltou a surpreender o mundo, mas nada mais é do que uma prática natural no país, ensinada para todas as crianças.

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As cenas têm se tornado cada vez mais frequentes nas competições esportivas internacionais que têm a presença dos japonses. Há quatro anos, no Brasil, as imagens de torcedores recolhendo lixo nas arquibancadas, após cada jogo, viralizaram.

O caso mais recente, em que os integrantes do elenco se preocuparam em deixar limpo o vestiário, chamou a atenção da imprensa internacional, por se tratar de uma partida com contornos dramáticos, em que os asiáticos perderam a chance de alcançar as quartas de final do Mundial.

O Japão vencia a partida por 2 a 0, mas os belgas conseguiram empatar depois do intervalo e marcaram o gol da virada nos acréscimos do segundo tempo.

Mesmo assim, após o jogo, a torcida pegou os sacos para lixo que tinha levado e limpou as arquibancadas, enquanto os jogadores deixaram o vestiário impecavelmente limpo, com uma mensagem de agradecimento em russo, uma cena que foi registrada pela Fifa, compartilhada nas redes sociais e acabou viralizando na internet.

Enquanto o mundo se rendia em elogios aos asiáticos, no país, o comportamento foi visto sem qualquer comoção, já que se trata de prática ensinada desde a infância.

"Pode ser que seja motivo de orgulho, mas para nós é o normal. O anormal seria sair deixando lixo por lá e passar essa imagem ruim em um país que não é o seu", diz Yumi Takada, uma japonesa de 61 anos que passou a madrugada acordada para assistir a última partida.

"É mais surpreendente a reação dos veículos de imprensa sobre o fato da torcida limpar as arquibancadas. Para nós, é uma questão de bom senso, algo que aprendemos em casa. De todas as formas, é lindo que os japoneses sejam reconhecidos por algo assim", afirma a compatriota Masafumi, de 36 anos.

Para os japoneses, a limpeza dos espaços públicos é uma tradição e também uma obsessão, um dever que é ensinado para as crianças desde os 6 anos de idade, quando são obrigadas a organizar as salas de aula e outros espaços, como instalações esportivas.

No Japão, quando acontecem as festividades ao ar livre, como os populares "Hanami" - reuniões para ver as cerejeiras em flor -, os japoneses deixam os parques no mesmo estado em que encontraram, ou até mais limpos.

Em Tóquio, as ruas são completamente limpas e é possível ver grupos de moradores voluntários recolhendo pequenos resíduos ao amanhecer nos bairros.

Estas atitudes estão relacionadas ao valor que a população japonesa dá à pureza, dignidade, honra e ao respeito pelo coletivo.

Além disso, no mundo do esporte japonês, o peso das regras, as hierarquias e a consideração pelo grupo são tão fortes que, em algumas ocasiões, prejudicam o rendimento dos atletas, dos quais são exigidos um comportamento exemplar, principalmente em modalidades tradicionais como o sumô.

Apesar dos elogios recebidos mundialmente pelo comportamento na Rússia, nem todos os japoneses ficaram contentes com o rendimento da seleção na Copa. "Não podemos ficar mais satisfeitos em sermos bons perdedores", publicou o jornal Asahi após a eliminação para a Bélgica.

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