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Copa 2018

Aos 19, Mbappé chega à final da Copa eficiente e com estilo 'videogame'

Veloz e habilidoso, Mbappé deu toque de calcanhar em jogada de categoria no segundo tempo - Robert Cianflone - FIFA/FIFA via Getty Images
Veloz e habilidoso, Mbappé deu toque de calcanhar em jogada de categoria no segundo tempo Imagem: Robert Cianflone - FIFA/FIFA via Getty Images

Dassler Marques, Felipe Pereira, Julio Gomes, Marcel Rizzo e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em São Petersburgo (Rússia)

10/07/2018 16h59

Franceses e belgas postados para o início da semifinal da Copa do Mundo em São Petersburgo, a contagem regressiva que a Fifa criou para esse Mundial no telão e, num dos cantos do gramado, o camisa 10 da França gesticula o braço, como que pedindo a bola. Mbappé queria a primeira jogada da partida, e a recebeu.

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Na arrancada, sua marca registrada, passou por dois adversários e encontrou Griezmann próximo à área, que, travado, não deu sequência ao lance. Aos 19 anos, o atacante do PSG mostrou que não se esconderia na decisiva partida contra a Bélgica, vencida por 1 a 0 pela França, primeira finalista do Mundial da Rússia.

Seus números na Copa mostram efetividade. Mbappé tem três gols, mas não chuta muito -- foram apenas cinco com direção certa nas seis partidas até agora. Deu 48 dribles no total, com 33 certos (69% de efetividade). Se comparado, por exemplo, com Neymar, a efetividade fica clara: o brasileiro, que fez cinco jogos, teve 42% de eficiência nos dribles (de total de 57) e 27 chutes, 21 a mais que Mbappé, para dois gols e "apenas" 13 com destino à meta rival.

Contra os belgas, Mbappé teve até função de marcação no primeiro tempo, quando por boa parte do tempo os rivais tiveram mais a bola nos pés. Pela direita do ataque, voltava para tentar encurtar o espaço de saída de bola.

Mesmo com a Bélgica com a posse, Mbappé não conseguia impor velocidade, mas demonstrava habilidade e visão de jogo em passe preciso a Pavard, que invadiu a área e chutou para excelente defesa de Courtois, na melhor chance francesa na primeira etapa.

O gol de Umtiti, no início da parte final, fez com que o francês se soltasse ainda mais -- uma das críticas que recebe, por exemplo, é de abusar de dribles e jogadas enfeitadas quando seu time está em vantagem. Contra o Uruguai, chegou a arrumar confusão com os rivais por dar um passe de letra no meio de campo e levou um puxão de orelha do técnico Didier Deschamps, que temeu que pudesse levar um cartão amarelo, o que o deixaria suspenso para a semifinal.

Contra os belgas, porém, o passe de letra foi eficiente. Aos 11 minutos da etapa final, em jogada de videogame, girando o corpo após pisar na bola com um pé e tocar rapidamente com o outro, ele conseguiu achar Giroud dentro da área, mas o centroavante foi travado pela defesa.

Até catimba o garoto fez, já nos acréscimos, atrapalhando cobrança de falta e recebendo o amarelo - que não o tira da final porque os cartões foram zerados após as quartas. Como não poderia faltar, ele quis fazer uma gracinha na lateral, passando o pé sobre a bola, e levou um chega pra lá de Vertonghen.

Mbappé detesta ser comparado a Thierry Henry, atacante campeão do mundo em 1998, que também teve início de carreira no Monaco e com estilo de jogo parecido. Henry disputou a final do Mundial 20 anos atrás com 20 anos de idade (e estava no banco de reservas da Bélgica nesta terça-feira como auxiliar de Roberto Martinez), mas provavelmente nos próximos dias muito se falará não dele, mas de Mbappé, que chegou a sua final de Copa um ano mais novo.

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