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Xhaka rebate dirigente suíço sobre restringir atletas de dupla cidadania

"Posso ver em seus comentários a ideia de que cidadãos de dupla cidadania não estão preparados para fazer seu máximo pela Suíça", disse camisa 10 - AP Photo/Vadim Ghirda
'Posso ver em seus comentários a ideia de que cidadãos de dupla cidadania não estão preparados para fazer seu máximo pela Suíça', disse camisa 10 Imagem: AP Photo/Vadim Ghirda

Do UOL, em São Paulo

08/07/2018 17h27

A possibilidade de criar restrições no futebol suíço a jogadores de dupla nacionalidade, levantada pelo secretário-geral da Associação Suíça de Futebol (ASF), Alex Miescher, incomodou um dos principais nomes da seleção do país que disputou a Copa do Mundo de 2018, na Rússia: Granit Xhaka.

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Em entrevista publicada na quinta-feira (5) pelo jornal Neue Zürcher Zeitung, Miescher afirmou temer que as categorias de base do futebol suíço criem jogadores de eventuais rivais em Copas do Mundo, como “a Bósnia, a Croácia, a Albânia e vários países africanos”. Por conta disso, admitiu que pensa em permitir que a entidade abra as portas no futuro “apenas para aqueles que não têm dupla nacionalidade”.

Filho de albaneses, o meia Granit Shaka não aliviou na resposta ao dirigente. O camisa 10 foi o autor de um dos gols na vitória por 2 a 1 da Suíça sobre a Sérvia, em jogo pela segunda rodada do Grupo E da Copa 2018; na comemoração, fez com as mãos um gesto imitando a águia de duas cabeças, símbolo nacional da Albânia.

Em entrevista divulgada no sábado pela agência suíça de notícias SDA-ATS, Xhaka foi duro nas respostas a Miescher. “Ele decepcionou futuros e atuais jogadores da seleção, como eu mesmo”, disse o meio-campista. “Posso ver em seus comentários a ideia de que cidadãos de dupla cidadania não estão preparados para fazer seu máximo pela Suíça”, acrescentou.

Diante da ideia de Miescher de que jogadores abram mão de outras cidadanias ainda antes do profissionalismo para poderem defender a Suíça, Xhaka se mostrou pessoalmente incomodado. “Isto afeta diretamente a mim e a um número de outros jogadores com duas nacionalidades. Soa como se eu e meus colegas não tivéssemos dado nosso máximo com a camisa da Suíça”, afirmou.

Dos 23 jogadores convocados pelo técnico Vladimir Petkovic para defender a Suíça na disputa da Copa de 2018, oito nasceram em outros países: François Moubandje (Camarões), Breel Embolo (Camarões), Valon Behrami (Kosovo), Yvon Mvogo (Camarões), Blerim Dzemaili (Macedônia), Gelson Fernandes (Cabo Verde), Johan Djourou (Costa do Marfim) e Xherdan Shaqiri (Kosovo). Outros sete são filhos ou netos de imigrantes – caso do próprio Granit Xhaka.

“Somos todos suíços e recebemos oportunidades da seleção suíça. Todos sabemos exatamente o que devemos à Suíça, o que este país fez por nós. Minhas raízes estão no Kosovo, assim como as de Breel Embolo estão em Camarões, as de Manuel Akanji vêm da Nigéria e as de Ricardo Rodríguez são de Chile e Espanha”, declarou o camisa 10.

Segundo levantamento publicado neste domingo pelo jornal Sonntagszeitung, metade dos cerca de 283 mil jogadores registrados na Suíça têm origem estrangeiras. Além disso, apenas 64 dos cerca de 1.440 clubes do país, entre amadores e profissionais, não conta com atletas cujos pais têm raízes estrangeiras.

Em comunicado publicado pela agência SDA-ATS no sábado, a Associação Suíça de Futebol reiterou seu apoio à integração de jogadores e lamentou o tom da entrevista de Alex Miescher.

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