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Geração Neymar falha novamente e completa oito anos de Brasil coadjuvante

Do UOL, em São Paulo

06/07/2018 16h53

Neymar é, desde 2010, o jogador mais importante da seleção brasileira. Com o peso de ser o líder técnico de uma das camisas mais pesadas do planeta desde a adolescência, o camisa 10 viu, mais uma vez, sua geração falhar. Eliminações precoces em edições de Copa América, jejuns contra grandes europeus e duas eliminações sofridas em Copas do Mundo. Derrotado pela Bélgica antes de sequer chegar à semifinal, o Brasil completa oito anos como coadjuvante no cenário mundial de seleções. 

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No período, Neymar conviveu com um sem número de companheiros. Foi de jovens promissores, como Gabriel Jesus, a veteranos que viraram seus parceiros, como Thiago Silva e Daniel Alves. Nunca teve, porém, um veterano em quem se espalhar, embora seus técnicos tenham tentado dar esse papel a nomes como Kaká, Robinho e Ronaldinho, sem sucesso. Coube a ele, então, liderar dois ciclos inteiros de Copa do Mundo, para o bem ou para o mal. 

O Brasil nunca passou, no entanto, de um coadjuvante da elite mundial. Exceção feita à Copa das Confederações de 2013, quando iniciou a derrocada da Espanha, a seleção viu de longe seus rivais brilharem. Na América, Uruguai e Chile tomaram de assalto o continente com conquistas marcantes de Copa América. No cenário mundial, a Alemanha fez o que fez em 2014, atropelando o time verde-amarelo no caminho. 

A queda do Brasil contra a Bélgica nesta sexta-feira, em Kazan, é a quinta eliminação em seis torneios disputados desde 2010. O 2 a 1 que tira a seleção da Copa de 2018 se junta a uma lista de fracassos desde que Neymar assumiu o posto de principal jogador do país. Em seis competições oficiais desde 2011, a geração liderada pelo camisa 10 chegou a apenas uma final, conquistando o título da Copa das Confederações de 2013

A sina sobre Neymar repete a de outros astros históricos do Brasil. Ignorado por Dunga na África do Sul, ele começou na seleção sob o comando de Mano Menezes e foi, desde sempre, o principal nome do Brasil. O começo foi tortuoso, com eliminação diante do Paraguai nas quartas de final na Copa América de 2011. Dois anos depois, a Copa das Confederações pareceu ser um prenúncio promissor, com a seleção levantando a taça com um sonoro 3 a 0 sobre a atual campeã mundial Espanha, com gol do camisa 10.

Não foi dessa maneira, entretanto, que a Copa em casa se desenhou. A história de 2014 é conhecida, com o trágico e histórico 7 a 1 para a Alemanha no Mineirão, visto de longe por um machucado Neymar em reabilitação, depois da joelhada nas costas que levou do colombiano Zúñiga nas quartas de final.

Dunga herdou o cargo de Luiz Felipe Scolari depois da Copa de 2014, mas a tranquilidade nunca veio à seleção durante sua passagem. De cara, mais um fracasso: o Brasil, novamente, não passou das quartas de final na Copa América, caindo outra vez nos pênaltis para o mesmo Paraguai. Neymar, mesmo fora de campo, foi protagonista do fracasso, suspenso da competição após uma confusão armada ainda na primeira fase. A queda precoce no torneio regional fez o Brasil ficar, pela primeira vez na história da competição, fora da Copa das Confederações.

No ano seguinte, o adeus de Dunga veio nos Estados Unidos, na Copa América Centenário, que Neymar viu pela TV, poupado para as Olimpíadas. O Brasil caiu na primeira fase e o treinador não resistiu, mas o fracasso marca a geração mais uma vez.  

O momento solitário de brilho do Brasil pós-2010, o Brasil de Neymar, aconteceu nas Olimpíadas de 2016. No Rio de Janeiro, o camisa 10 foi o principal jogador da conquista inédita do ouro olímpico. Valorizada no país pelo ineditismo, a medalha não é uma competição oficial da Fifa. As seleções utilizam suas equipes sub-23, com apenas três atletas por time ultrapassando o limite de idade.

No total, são cinco quedas em seis torneios oficiais, um contraste gritante com os 57 gols em 90 jogos com a camisa amarela marcados por Neymar. Em Copas, são seis gols em dez partidas. As estatísticas poderiam ser de um dos maiores nomes da história da seleção brasileira. Para gravar com certeza seu nome nesta lista, entretanto, o camisa 10 terá que liderar o Brasil a uma conquista expressiva. Há oportunidade para um bom começo em 2019, com a Copa América. A glória máxima, agora, só em 2022, no Qatar.