Distante de coronel da CBF, sindicalista de caminhoneiros comanda Argentina
Enquanto a CBF tem um presidente coronel, atrapalhado e pouco participativo na Copa do Mundo, a Argentina é comandada no torneio por um sindicalista de caminhoneiros de mão forte que construiu sua carreira com influência política. Ao contrário do colega da confederação brasileira, ele teve atuação forte durante a crise do time argentino ao enfrentar a imprensa, e tenta se manter próximo ao grupo de jogadores.
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CBF e AFA tinham em comum terem passado longos anos nas mãos de presidentes com grande influência na Fifa: Ricardo Teixeira e Julio Grondona. Ambos se envolveram em acusações de corrução. Teixeira teve de deixar o cargo em 2012 e Grondona morreu em 2014 logo após a Copa no Brasil.
Houve, portanto, um vácuo de poder nos dois casos. A CBF continuou envolvida em escândalos com os presidentes seguintes, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, e o poder foi parar com o coronel Antônio Carlos Nunes. Na Argentina houve disputa por poder, uma eleição com mais votos do que votantes até que, em 2017, Cláudio Tapia, conhecido como Chiqui Tapia, foi eleito presidente. Como vice, o presidente do Boca Juniors, Daniel Angelici.
Tapia tem origem humilde em San Juan. Foi para a capital, onde tornou-se jogador de futebol, carreira que acabou em seguida para se tornar caminhoneiro. Entrou no sindicato e casou-se com Paola Moyano, filha do sindicalista histórico que mandava nos caminhoneiros, Hugo Moyano. Este o considera como filho.
Moyano, que também é político e foi deputado, se elegeu presidente do Independiente em 2014. Tapia tinha sido apenas dirigente do Barrancas, clube que chegou apenas à Segunda Divisão da Argentina. Com o apoio de Moyano e Angelici, ascendeu no poder da AFA até se tornar presidente. Com a atual diretoria da AFA há forte relação com o governo e com sindicatos.
Como presidente, Moyano tem apresentado atitudes fortes. Pouco depois de assumir, demitiu Edgardo Bauza. Contratou Jorge Sampaoli que, segundo a imprensa argentina, tem uma multa de US$ 20 milhões (cerca de R$ 77 milhões) caso saia antes da Copa América de 2019.
No Mundial, diante da crise argentina, Tapia decidiu tomar à frente. Reuniu-se com a comissão técnica, confirmou o treinador no comando do time e acusou parte da imprensa de mentirosa. Referia-se às publicações de que o treinador sairia do cargo durante o Mundial, e de que Mascherano e Messi mandavam nas escalações. Quando a Argentina se classificou, no melhor estilo cartola boleiro, Tapia estava no gramado para festejar. Uma atitude bem diferente do Coronel Nunes, que atualmente foi isolado pelo restante da diretoria da CBF e sequer participa de reuniões importantes da entidade.
O voto do Coronel Nunes no Marrocos em vez da candidatura de Estados Unidos, México e Canadá, como havia sido feito acordo pela Conmebol, deixou Tapia e ele em campos opostos. O cartola argentino criticou o brasileiro por descumprir o que tinha sido acertado verbalmente. Quando ele deu essas declarações o coronel não estava presente para se defender. Ele fora alijado do encontro.
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