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Tite relembra seu choro e fala grosso com Capello para proteger Neymar

Danilo Lavieri, Dassler Marques e João Henrique Marques

Do UOL, em Moscou (Rússia)

26/06/2018 11h19

Tite falou de si, engrossou o tom quando necessário e não poupou argumentos para proteger Neymar em entrevista coletiva nesta terça-feira, na véspera da decisão contra a Sérvia, em Moscou. O técnico da seleção usou uma lembrança de sua estreia no comando do time assim que ouviu uma pergunta sobre o emocional do camisa 10. Em seguida, atacou o discurso do treinador italiano Fábio Capello quando o termo "simulação" foi usado envolvendo Neymar.

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"Quero colocar para toda nação brasileira. O Tite chorou no jogo com Equador, quando acabou o primeiro jogo. Vou repetir: o Tite chorou quando acabou o jogo”, destacou o treinador.

O jogo em questão foi contra o Equador, em Quito, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, em 2016. O Brasil venceu por 3 a 0.

“Quando liguei para minha esposa, chorei de alegria e satisfação. [É] nossa característica emocional, de prazer e orgulho, em um momento de tanta pressão em fazer um grande jogo. Tenho muito cuidado em associar situações, respeito vocês, mas mostro o outro lado”, complementou. 

Algumas perguntas depois, quando um jornalista russo questionou se "no Brasil era comum jogador simular faltas", Tite não se aprofundou na resposta, mas foi incisivo. Ele citou Fábio Capello, atualmente comentarista e que disse, após o jogo entre Brasil e Costa Rica, que Neymar simulou o pênalti marcado, e posteriormente anulado pelo VAR, no segundo tempo.

"Capello, pra ti, ó: de técnico para técnico, foi pênalti, tá? Foi pênalti. Só. [O árbitro] estava a cinco metros de distância, mas foi pênati", respondeu.

Apesar do discurso de defesa a Neymar, Tite admitiu o descontrole emocional de Neymar e destacou ser necessária uma atenção ao tema.

“Entendo que razão e emoção precisam estar ajustados. Há momento de gelo, calma, lucidez, de manter padrão. O que é manter padrão? Aos 91 minutos, no segundo tempo, construir e fazer gol do jeito como está acostumado a jogar. Isso é manter padrão”, explicou.

Ainda sobre Neymar, o treinador foi perguntado sobre o condicionamento físico do camisa 10. A presença do jogador em todos os minutos das partidas contra a Suiça e Costa Rica não era unanimidade na comissão técnica.

“Neymar só está nesse estágio de recuperação porque é bem dotado fisicamente e fora dos padrões normais. Caso contrário, não estaria nesse nível. Não venho aqui defender ninguém. Ele foi bem [no amistoso] com a Croácia e falei calma, é situação de evolução, normal e natural. Se pegarem mapa de calor com Suíça, é um. Se pega flanco e dentro, aumentou consideravelmente. Talvez mais um jogo e ele esteja em sua plenitude de condições físicas e técnicas. Mas não dando a ele responsabilidade excessiva em cima de sucesso ou insucesso. O técnico não vai fazer assim, não vai colocar que ele deva resolver”, finalizou.