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Solitário, Salah só tem VAR como parceiro e sai desolado de estreia em Copa

Mohamed Salah durante Rússia x Egito na Copa do Mundo - HENRY ROMERO/REUTERS
Mohamed Salah durante Rússia x Egito na Copa do Mundo
Imagem: HENRY ROMERO/REUTERS

Felipe Pereira

Do UOL, em São Petersburgo

19/06/2018 16h50

Mohamed Salah realizou o sonho de um país. Levou o Egito a uma Copa do Mundo depois de 28 anos de seca. Fora da estreia contra o Uruguai por causa de uma lesão no ombro, o atacante do Liverpool entrou em campo como centro das atenções. Cotado para melhor do mundo. Mas as coisas não saíram como ele planejava.

Assista aos gols de Rússia 3 x 1 Egito


A hora fatal foi aos 13 minutos do segundo tempo. Com as mãos na cintura e olhar fixo para o chão, Salah parece ter sido congelado numa pose de desolação. Ao redor dele, o Estádio de São Petersburgo explode com o segundo gol da Rússia. O craque olha para o céu como quem pede intervenção divina. Não é atendido. Três minutos depois os russos gritam eufóricos de novo. Salah lembra um boneco de cera outra vez.

Parece que Deus só estava atrasado. O árbitro consulta o VAR e aponta a cal. O craque está em pé diante da oportunidade de marcar o primeiro gol do Egito em Copa em 28 anos. Salah pega a bola e ignora dezenas de milhares de russos secando. Estufa as redes e sai correndo atrás da bola. Os gandulas são "mandrakes", e todas somem.

O atacante do Egito está elétrico, não dá sinais de que sente o ombro. Corre como quem acredita em um milagre. Mas ele não é do tipo que fica falando para contagiar o time. Prefere se apresentar para jogar. A torcida joga junto.

O árabe egípcio não é língua compreensível para um brasileiro. Só é possível entender quando os torcedores gritam Salah. Então, pode-se dizer que pelo menos metade do que eles falaram durante a partida foi captada por ouvidos treinados para o português. O jogador também foi ponto de atenção dos russos. A senhora ao lado gritava mais alto quando a bola não chegava nele.

Jogando sozinho

Salah - LEE SMITH/REUTERS - LEE SMITH/REUTERS
Imagem: LEE SMITH/REUTERS
A partida é entre dois times bem fracos. A diferença é que a Rússia é composta por jogadores ruins, mas organizados. O Egito erra na saída de bola da defesa, erra no passe final dos meias e deixa espaços na defesa. Sem Mané e Firmino, Salah sofre.

Junto com ele sofrem os egípcios que sonhavam estar numa Copa desde 1990. O país parou para ver Salah. A maioria das pessoas no país não têm TV a cabo e desde sábado (16) reservavam lugares em cafés para ver o jogo. Os torcedores falam que é feriado não oficial no Cairo. Salah parece correr por eles.

Mas o áudio do estádio avisa que só restam os quatro minutos de acréscimos. Ele baixa a cabeça repetindo o gesto feito nos gols da Rússia. O homem que chegou cotado para melhor do mundo fica perto de ver sua seleção naufragar na primeira fase. Rússia 3 x 1 Egito.

A comissão técnica russa invade o campo. Salah passa ao lado da festa cabisbaixo. Os torcedores egípcios estão com o mesmo semblante. Depois do banho, o camisa 10 é o último da seleção egípcia a deixar o vestiário. Semblante sério, as mãos nos bolsos passa pela zona mista como cara de pouco amigos. Não quer falar com jornalistas, assim como os companheiros. A primeira partida de Salah em Copa termina em cara fechada e boca calada.

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