Quem pode pedir? Quando deve ser acionado? Tudo o que se sabe sobre o VAR
Principal novidade implantada na Copa do Mundo da Rússia, o sistema de árbitro de vídeo, também chamado de VAR (sigla em inglês para "Video Assistant Referee"), pode ter ajudado a sanar dúvidas do apito com bola rolando, mas está criando novas polêmicas quando o assunto é o apito. A revisão ou não de jogadas duvidosas foi o tema que permeou a estreia da seleção brasileira, que levou o empate por 1 a 1 diante da Suíça, no último domingo, na Arena Rostov, após o atacante Zuber empurrar o zagueiro Miranda na pequena área para se livrar da marcação e, assim, cabecear para a meta de Alisson.
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Ao reclamar com o árbitro mexicano Cesar Ramos sobre o empurrão, os jogadores do Brasil argumentaram que o replay fora exibido no telão do estádio e solicitaram que ele assistisse ou revisasse a jogada, o que não ocorreu. Nesta segunda-feira (18), a Fifa esclareceu que os árbitros de vídeo revisaram o gol suíço, mesmo sem o pedido do juiz de campo, e interpretaram a decisão como correta. A CBF, no entanto, vai formalizar queixa em que questiona o protocolo da entidade para o uso do VAR.
Como a própria Fifa enfatiza, a adoção do vídeo é recente e está sendo afinada conforme situações de risco têm surgido. Embora já esteja ativo em algumas ligas europeias, o grande laboratório do VAR é o Mundial da Rússia. Questões sobre o uso ou não da tecnologia em certas situações de jogo surgirão até a final da Copa, dia 15 de julho, em Moscou. Neste texto, o UOL Esporte busca sanar as questões mais frequentes sobre o assunto.
Quando o VAR poderá ser acionado nas partidas?
Existem quatro situações primordiais, de acordo com o protocolo da Fifa: lances de gol (para checar se houve ou não alguma ilegalidade), aplicação de cartão vermelho (para avaliar a necessidade ou atestar um lance violento que não tenha sido visto pelo árbitro de campo), marcação de pênalti ou identificação de um atleta para punição.
Como ocorre a solicitação do uso do VAR?
Há duas maneiras: ou o árbitro de campo consulta o vídeo antes de tomar uma decisão final (apenas em lances interpretativos) ou pode acatar a sugestão dos auxiliares de vídeo, que usam a comunicação via rádio para avisar caso notem alguma irregularidade. Pelo protocolo da Fifa, é essencial que o juiz sinalize sobre o uso do VAR, "desenhando" com gestos uma tela de TV, para que o público entenda o que está acontecendo no estádio. O recurso pode ser acionado quantas vezes for necessário em um jogo.
De quem é a decisão final quando o VAR é utilizado?
Em qualquer situação, quem dá o veredito é o árbitro de campo. Ele não só pode acatar a sugestão de revisão vinda dos auxiliares de vídeo como tem autoridade suficiente para ignorá-la e seguir com a marcação inicial.
No jogo entre Brasil e Suíça, o mexicano Cesar Ramos teve convicção da legalidade do gol dos europeus e de que Gabriel Jesus não sofreu pênalti em disputa pela bola com Akanji, no segundo tempo, por isso não solicitou auxílio da tecnologia. A Fifa ponderou posteriormente que os auxiliares de vídeo revisaram os lances e não contestaram as decisões do árbitro, usando a expressão "play on" ("segue o jogo") na comunicação via rádio. Ainda que alguma dúvida pudesse ter ficado na análise das imagens, recorrer ou não ao VAR continuaria sendo uma decisão unilateral do árbitro de campo.
O que é "silent check"?
Segundo o protocolo da Fifa, todas as jogadas de uma partida são analisadas em tempo real pelos auxiliares de vídeo. Isso é o "silent check", ou checagem silenciosa. Esse "silêncio" é quebrado quando alguém da equipe do VAR acha necessário avisar ao árbitro de campo sobre uma infração. Foi o que ocorreu, de acordo com a Fifa, na partida entre Brasil e Suíça. Neste caso, a opção foi por reiterar as decisões do mexicano Cesar Ramos - o "play on", citado no tópico acima.
O árbitro poderia rever o lance no telão do estádio caso o replay fosse exibido?
Essa dúvida surgiu porque o empurrão de Zuber em Miranda foi exibido na Arena Rostov após o gol da Suíça. Os jogadores do Brasil apontaram para o replay no telão e reivindicaram que o árbitro revisse o lance, o que acabou não ocorrendo. A situação gerou incômodo na Fifa, que orienta as arenas a não reprisarem lances polêmicos para evitar pressão excessiva à arbitragem.
O VAR também é consultado para checar se a bola entrou no gol?
Não. Nesse caso, entra em campo outro recurso: a Goal-Line Technology, já utilizada na Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Cada meta é equipada com câmeras de alta precisão, que formam uma espécie de campo magnético capaz de detectar em poucos segundos se a bola cruzou a linha. Se for gol, o árbitro recebe um aviso eletrônico pelo relógio. Se nenhum sinal for emitido para o equipamento, é sinal de que ela não entrou completamente, como manda a regra.
Neste ano, a tecnologia ajudou a validar o segundo gol da França na vitória por 2 a 1 sobre a Austrália. O mesmo jogo ficou marcado como o primeiro na história das Copas a ter um lance definido por VAR.
O VAR pode ser utilizado em lances interpretativos?
Pode, sim. Por exemplo, para avaliar se um toque de mão na bola foi intencional ou não. Nesses casos, o árbitro de campo sinaliza o auxílio do VAR e checa o replay na tela que fica à beira do campo para tomar a decisão final.
Como é composta a equipe responsável pelo VAR?
Quatro profissionais são escalados para checar as imagens das câmeras de transmissão em busca de possíveis infrações:
- Árbitro assistente de vídeo (VAR): É o responsável por liderar a equipe de revisão e por se comunicar com o árbitro de campo.
- Assistente do árbitro assistente de vídeo 1 (AVAR 1): Entre suas funções está informar o VAR sobre o jogo enquanto um lance é revisado.
- Assistente do árbitro assistente de vídeo 2 (AVAR 2): Fica exclusivamente atento a impedimentos e busca antecipar jogadas irregulares para acelerar o processo de revisão.
- Assistente do árbitro assistente de vídeo 3 (AVAR 3): Entre outras atribuições, auxilia o VAR nas avaliações e é responsável pela comunicação entre VAR e AVAR 2.
Na Copa do Mundo da Rússia, a equipe de árbitros de vídeos fica em uma estação específica, em Moscou. Todas as imagens das câmeras dos 12 estádios do torneio são transmitidas por fibra óptica até a central.
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