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Copa 2018

Brasil de olho: Sérvia mostra boas individualidades e desejo de atacar

Milinkovic-Savic acerta linda bicicleta. Meia é um dos talentos que podem ajudar os sérvios - Stu Forster/Getty Images
Milinkovic-Savic acerta linda bicicleta. Meia é um dos talentos que podem ajudar os sérvios
Imagem: Stu Forster/Getty Images

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

17/06/2018 11h29

A Copa do Mundo começou neste domingo para as seleções do Grupo E, que conta com a seleção brasileira. E horas antes de encarar a Suíça, o time de Tite já pôde tirar mais impressões dos próximos adversários da chave. O que mais chamou a atenção foi a capacidade ofensiva da Sérvia, que apostou em boas individualidades para vencer por 1 a 0 na cidade de Samara.

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O próprio gol só nasceu pelo talento individual. Mas não dos jovens de uma geração que foi campeã mundial há três anos no sub-20, contra o Brasil. Foi o veterano Aleksandar Kolarov, que atua na Roma, quem cobrou falta com muita categoria e efeito, sem chances para o badalado goleiro Keylor Navas. O lateral-esquerdo é capitão dos sérvios e cuida de quase todos os lances de bola parada, sempre com muito perigo. Foi eleito pela Fifa o melhor em campo.

Aleksandar Kolarov, da Sérvia - Stu Forster/Getty Images - Stu Forster/Getty Images
Kolarov cobrou falta com perfeição para dar a vitória à Sérvia contra a Costa Rica
Imagem: Stu Forster/Getty Images

Do outro lado do campo e mais à frente, como ponta, Dusan Tadic também se destacou. Ele veste a camisa 10 da Sérvia e defende o Southampton, da Inglaterra. Outro canhoto no time, mas nada previsível. Arrancava para o fundo com a mesma eficiência e habilidade com que levava a bola para o meio e armava a equipe. Foi difícil ver um ataque sem sua participação.

E isso serve de alerta ao Brasil, que tem na esquerda da defesa a maior vulnerabilidade no esquema de Tite. Marcelo já é ofensivo demais como lateral e Neymar e Philippe Coutinho voltam menos por ali. Tadic tem muita liberdade para se lançar à frente, porque mais um veterano, Branislav Ivanovic, é especialista na marcação. Não à toa, no Chelsea, foi zagueiro por muito tempo. 

Dusan Tadic, da Sérvia - Maddie Meyer/Getty Images - Maddie Meyer/Getty Images
Tadic é o camisa 10 dos sérvios e mostrou habilidade para armar o time pela direita
Imagem: Maddie Meyer/Getty Images

Por fim, na lista de individualidades da Sérvia, a promessa Sergej Milinkovic-Savic provou que merece as expectativas que o cercam. O meio-campista da Lazio não guardou posição, sempre dando opção para tabelar com os pontas. Sua maior virtude, no entanto, foi entrar na área como surpresa, confundindo o trio de zaga da Costa Rica. Os laterais se prendiam com Llajic e Tadic pelas pontas, Mitrovic segurava um zagueiro como referência e os outros dois precisavam sair à caça de Milinkovic-Savic. E falharam.

Foram pelo menos três oportunidades em que o meia sérvio conseguiu penetrar na área sem marcação. Em uma delas, arriscou bicicleta  e parou em boa defesa de Navas. Quando os costarriquenhos acertavam o posicionamento da linha de cinco, Milinkovic-Savic recuava para tentar tirar um dos zagueiros da marcação por zona. Assim, ou deixava espaço para outro meio-campista se infiltrar ou recebia sozinho na intermediária para armar com qualidade.

Na saída de bola, a Sérvia se aproveitou muito da qualidade de seus laterais, Ivanovic e Kolarov, e principalmente do volante Nemanja Matic. Os dois zagueiros se resguardavam, embora bastante adiantados, e deixavam esses três iniciarem a armação da equipe. Em algumas ocasiões, Matic ainda abria mais pela esquerda e Kolarov virava ponta, uma forma de combater a linha de cinco dos latinos.

Óscar Ramírez não conseguiu manter a eficiência apresentada pela Costa Rica em 2014 - Stuart Franklin - FIFA/FIFA via Getty Images - Stuart Franklin - FIFA/FIFA via Getty Images
Óscar Ramírez não conseguiu manter a eficiência apresentada pela Costa Rica em 2014
Imagem: Stuart Franklin - FIFA/FIFA via Getty Images

Essa tática da Costa Rica, inclusive, é uma herança da Copa de 2014, quando a seleção surpreendeu ao só cair nas quartas de final - invicta e nos pênaltis, para a Holanda. Há quatro anos, os "Ticos" se fechavam com muita eficiência e usavam muita velocidade para atacar, com Christian Bolanõs e Joel Campbell municiados por Bryan Ruiz.

Neste domingo, só Ruiz foi titular. E, de forma surpreendente, a equipe começou com uma postura ofensiva. As melhores chances foram dos latinos, revezando de quatro meias e um atacante para três meias e dois atacantes. Essa variação foi proporcionada pela movimentação de Ruiz. Quando o campo sérvio se abria, o camisa 10 recuava para armar o time de frente, com outro dos meio-campistas se juntando ao trapalhado centroavante Marcos Ureña. 

Apesar do bom início, graças a essa agressividade, a Costa Rica decidiu retomar sua base defensiva: uma linha de cinco na defesa, outra de quatro no meio e só um centroavante, mas todos atrás do meio de campo. Ninguém saía para dar bote, a não ser que a Sérvia chegasse à intermediária. A estratégia é forte para sofrer menos, mas depende de uma saída mais qualificada nos contra-ataques, algo que não foi possível sem Bolaños e Campbell - que também já não vivem fases tão boas como em 2014.

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