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Apesar de apelos, torcida mexicana leva grito homofóbico para a Copa

Torcida do México durante jogo contra a seleção da Argentina - AP Photo/Eduardo Verdugo
Torcida do México durante jogo contra a seleção da Argentina Imagem: AP Photo/Eduardo Verdugo

Marcel Rizzo e Rodrigo Mattos

Do UOL, em Moscou (Rússia)

17/06/2018 12h47

A Federação Mexicana pediu, mas seus torcedores não atenderam pedido para evitar gritos homofóbicos na Copa do Mundo. Logo na estreia, neste domingo contra o México, em Moscou, foram necessários apenas 24 minutos para ouvir "putooooo" – a versão espanhola do “Ooo Bichaaa” dos estádios brasileiros.

Aconteceu em um lance em que o goleiro alemão Neuer saía jogando, não no tradicional tiro de meta. O goleiro cobrou uma falta para o lado após o árbitro marcar infração do ataque do México. Foram várias os momentos em que os gritos se repetiram. A Fifa deve analisar o caso e há boas chances de o México ser multado pela federação internacional. São três observadores em cada partida exatamente avaliando a reação das torcidas. Dois especialistas na cultura futebolística característica de cada um dos países envolvidos. O terceiro é neutro.

O gesto já era esperado nas arquibancadas do Luzhniki. Na chegada ao estádio, a reportagem do UOL observou vários mexicanos fazendo o tradicional grito a caminho do estádio.

No dia 11 de junho, a Federação Mexicana de Futebol publicou em seu site uma cartilha com as "Regras de Civilidade" para o Mundial, onde pediu expressamente que os gritos "puto" fossem evitados. "Durante as partidas, não grite nem insulte os jogadores, não utilize palavras de baixo calão. Te pedimos que não grite 'puto' durante os encontros", diz expressamente a cartilha da federação mexicana que, nas redes sociais, ainda divulgou uma imagem com o mesmo pedido.

No México, "puto" tem o mesmo sentido pejorativo de "bicha" no Brasil. A prática, usual no futebol mexicano, começou a ser combatida pela Fifa logo após a Copa do Mundo de 2014, exatamente quando passou a se tornar frequente também nos estádios brasileiros. Enquanto o goleiro vai bater o tiro de meta, o sobe o som de um "ah" até a explosão com o "puto" no momento em que ele bate na bola.

Desde 2015, a Fifa multou a federação mexicana em mais de 2 milhões de euros em pelo menos sete oportunidades. A entidade mexicana já tentou diversas alternativas para tentar frear o grito homofóbico, inclusive ligando um grito de "México" no alto-falante do estádio para concorrer com o som da torcida durante os tiros de meta. Não adiantou.

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