Depois de "virar passeio" em 2014, defesa se torna trunfo do Brasil de Tite

Com dez gols sofridos em duas partidas, o Brasil deixou a última Copa do Mundo com sua defesa simbolizada por uma frase de Galvão Bueno. "Virou passeio", como o narrador definiu o gol de Toni Kroos na tragédia do Mineirão, tornou-se a assinatura de um sistema falho e desorganizado. Passados quatro anos, se há algo que não preocupa a seleção que estreia neste domingo, contra a Suíça em Rostov-on-Don, às 15h, é justamente a retaguarda.
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Liderado por Tite, cuja maior especialidade sempre foi cuidar bem das defesas de seu time, o Brasil inverteu essa lógica dos tempos de Luiz Felipe Scolari. Em 21 jogos realizados com ele, saiu de 16 sem sequer sofrer gols. Só cinco equipes conseguiram marcar na seleção de Tite, e nunca mais de uma vez por partida. Ainda há mais um dado: o último gol sofrido foi há seis jogos, diante do Japão.
Um dos jogadores que mais sofreu defensivamente há quatro anos, Marcelo celebrou essa mudança em recente entrevista. "Hoje, o Tite ajudou bastante a seleção brasileira. E é normal. Ele sempre fala que vão ter períodos dentro do jogo que a gente vai ter que sofrer. Não somos máquinas, não vamos atacar 90 minutos. É normal. Com o tempo a gente vai aprendendo isso", comentou.
Tijolos e mestres de obra para construir uma boa defesa
A história de Tite já era um sinal forte de que a seleção brasileira começaria por uma defesa forte. Em quatro Brasileiros com ele do início ao fim, o Corinthians teve a melhor defesa em três - e ganhou dois. Em quatro edições da Libertadores sob o comando dele, teve os melhores números defensivos em duas - e venceu uma. No Mundial de Clubes 2012, não sofreu gols.
Na seleção brasileira, o treinador implantou conceitos muito similares aos que usou, sobretudo, na terceira passagem pelo Corinthians, entre 2015 e 2016. O efeito foi imediato e deu sustentação para uma campanha irretocável nas Eliminatórias, com a vaga no Mundial, o primeiro lugar e uma defesa difícil de ser batida. Foram 11 gols sofridos, sendo oito em seis jogos sob o comando de Dunga, mas só três em 12 com Tite. Ao fim, a melhor campanha defensiva foi assegurada outra vez.
Para alcançar tamanha segurança são muitos os conceitos, mas o princípio básico é de que todos os jogadores trabalham muito para dar proteção a Alisson e os quatro defensores.
Casemiro é elogiado por dominar, quase à perfeição, os fundamentos de jogo e costuma participar, com a comissão técnica, de conversas estratégicas. Willian, o ponta pela direita, e Neymar, pelo outro lado, dão sustentação aos laterais. Gabriel Jesus, o mais avançado, também se desdobra para pressionar zagueiros rivais e às vezes até é quem retorna pela esquerda para dar um pouco de descanso ao melhor jogador brasileiro.
Dentro de uma ideia mais geral sobre esses conceitos, aquele que talvez seja o mais essencial é o que a comissão técnica gosta de definir como 'perde-pressiona' e 'atacar marcando': significa que, com a posse de bola em direção ao ataque, os jogadores já sabem rapidamente como reagir ao caso de uma perda e estão treinados para abafar o rival e, novamente, recuperar no campo ofensivo quando esse movimento surte efeito.
Se esses são os principais tijolos para a base de jogo da seleção no aspecto defensivo, Tite conta com dois mestres de obra eficientes para disseminar e treinar essas ideias.
Auxiliar técnico dele desde os tempos do Grêmio, onde o sistema com três zagueiros foi estabelecido e virou tendência para outras equipes no começo dos anos 2000, inclusive para o Brasil de Felipão, Cléber Xavier tem fama de 'retranqueiro' e é quem divide o desenho dessa estratégia com Tite. Já Sylvinho, ex-lateral e que se juntou a essa comissão no Corinthians, é incansável nos trabalhos de campo e minucioso com o posicionamento daqueles que jogam na mesma posição em que ele atuou.
Defesa sobrevive a mudanças para a Copa
Alisson, Miranda e Marcelo são titulares desde o começo da era Tite, mas há dois jogadores do time da estreia que ganharam a vaga recentemente. Thiago Silva superou Marquinhos, que se surpreendeu ao ser desbancado pelo amigo a partir de amistosos em março. Assim, jogará mais um Mundial como titular.
"A cada ano que passa a gente vai melhorando. É inevitável, a experiência vai chegando. Hoje vivo uma das melhores fases da minha carreira com 33 anos, a situação de ser um pouco velho mas me sinto como um garoto, procuro dar o meu máximo sempre. Acredito que o grupo esteja muito bem preparado pelo que fizemos com o Tite, mesmo nos dois anos com o Dunga, apesar das dificuldades que encontramos", avaliou recentemente.
Já na lateral direita, um ponto de maior preocupação e que tem feito a comissão técnica trabalhar. Danilo herdou a vaga que era de Daniel Alves, lesionado e fora da Copa, e de Fagner, que também perdeu espaço por problemas físicos. Ele correu por fora e surpreendeu ao estilo Josimar e Zé Carlos - com duas apresentações sem grandes sustos contra austríacos e croatas, se credenciou para pegar a Suíça. E, quem sabe, ver o Brasil não sofrer gols de novo.
FICHA TÉCNICA
BRASIL X SUÍÇA
Data: 17 de junho, domingo
Local: Arena Rostov, em Rostov-on-Don (Rússia)
Horário: 15h (de Brasília)
Árbitro: Cesar Ramos (México)
Assistentes: Marvin Torrentera e Miguel Hernandez (ambos do México)
BRASIL: Alisson; Danilo, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Casemiro; Willian, Paulinho, Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus
Técnico: Tite
SUÍÇA: Sommer; Lichtsteiner, Schar, Akanji, Rodriguez; Xhaka, Behrami; Shaqiri, Dzemaili, Zuber; Seferovic
Técnico: Vladimir Petkovic
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