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Copa 2018

Em sua 1ª Copa, peruanos de SP poupam Cueva e aplaudem time após derrota

Juan Rodriguez, engenheiro peruano, levou a família para a ver a estreia do Peru na Copa  - Adriano Wilkson/UOL
Juan Rodriguez, engenheiro peruano, levou a família para a ver a estreia do Peru na Copa Imagem: Adriano Wilkson/UOL

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

16/06/2018 16h30

O restaurante peruano mais famoso de São Paulo estava cheio na tarde deste sábado (16) quando o Peru fez sua primeira partida ao retornar a uma Copa do Mundo após 36 anos. Eram cerca de 140 torcedores, entre peruanos e simpatizantes, que sofreram desde o começo do jogo, enquanto almoçavam porções generosas de ceviche e copos de pisco sour.

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No final, mesmo com a derrota para a Dinamarca por 1 a 0, aplaudiram o time. O sentimento deles era um misto de orgulho e preocupação com o futuro peruano no Mundial.

“Foram várias gerações que nunca viram o Peru na Copa, e em toda a Copa a gente sempre adotava outro time para torcer”, afirmou o professor de espanhol Rolando Barreto, 31 anos, que vive há dois no Brasil. “Só de estarmos aqui já estamos satisfeitos. Acredito que todos os peruanos mantêm a fé de que a virada ainda é possível.”

O resultado poderia ser diferente caso o são-paulino Christian Cueva tivesse convertido um pênalti ainda no primeiro tempo. Enquanto alguns peruanos criticaram o atacante, outros demonstraram solidariedade. “Pobrecito”, disse a engenheira Cláudia Yupanqui, de 24 anos, quando Cueva foi filmado cabisbaixo no intervalo da partida. “Como é normal em toda a primeira vez, os jogadores pareciam nervosos”, apontou Rolando. “O Cueva perdeu o pênalti por nervosismo.”

Cueva - Adriano Wilkson/UOL - Adriano Wilkson/UOL
Imagem: Adriano Wilkson/UOL

Morador da capital paulista, o atacante tricolor já visitou o Riconcito Peruano, rede de restaurantes de culinária andina, e presenteou o dono com uma camiseta sua autografada – a peça está em exposição na parede da unidade de Pinheiros, na zona oeste.

A mesma unidade estava toda decorada nas cores peruanas, e fez promoções para se tornar um reduto da torcida durante a Copa. No cardápio, além do ceviche (um prato típico à base de peixe marinado), o Riconcito serve anticucho (um espetinho de coração bovino) e o tradicional piscou sour (um drinque feito com aguardente de uva).

A marca nasceu depois que o peruano Edgar Villar começou a vender pratos típicos de seu país no centro da cidade. Hoje, tem nove unidades espalhadas por São Paulo.

Como se fosse a primeira vez

Mesmo sendo presença constante no Mundial nos anos 70, o Peru estava desde 1982 sem jogar o maior torneio de seleções do planeta. “Tenho 32 anos e nunca tinha visto meu país na Copa. A cada quatro anos a gente tem que torcer por um país que não é o nosso”, afirmou o engenheiro de software Juan Rodriguez, que levou a esposa brasileira e a filha para ver a estreia peruana em Mundiais. “Essa sensação de fazer parte dessa festa de verdade é completamente nova e muito especial para a gente.”

Peruanas - Adriano Wilkson/UOL - Adriano Wilkson/UOL
Imagem: Adriano Wilkson/UOL

As amigas Claudia Yupanqui e Carla Ortega estavam entre as mais animadas na torcida peruana. Na Copa passada a situação foi diferente. “Como o Peru não estava, foi como se não estivesse acontecendo”, disse Carla, que trabalha em um banco em São Paulo. “Sabemos que é muito difícil ganhar a Copa, mas se vencermos uma só partida, já vai ser ótimo”, disse Claudia.

Depois da derrota, a situação da seleção peruana ficou delicada no grupo, que ainda conta com França e Austrália. Os peruanos enfrentam os franceses na próxima quinta-feira.

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