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"Açougueiro" mutilou 53 pessoas e fez a fama da cidade da estreia do Brasil

Andrei Chikatilo, o "Açougueiro de Rostov" - Reprodução
Andrei Chikatilo, o "Açougueiro de Rostov" Imagem: Reprodução

Brunno Carvalho, Danilo Lavieri e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Rostov-on-Don (Rússia) e São Paulo

15/06/2018 21h00

A seleção brasileira desembarcou na noite de sexta-feira (15) na “capital mundial dos serial killers”. Palco da estreia do time de Tite na Copa do Mundo, Rostov-on-Don tem seu nome constantemente relacionado com criminosos desse tipo. A fama teve início no final dos anos 1990, quando Andrei Chikatilo, o “Açougueiro de Rostov”, confessou ter matado com toques de canibalismo 53 vítimas, entre crianças e adultos.

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Em pouco mais de 12 anos, a cidade prendeu cerca de 30 assassinos em série. A tradição em capturas teve início quando a polícia de Rostov decidiu pedir ajuda do psiquiatra Alexander Bukhanovsky para conseguir uma confissão de Chikatilo. Pela lei soviética da época, eles tinham dez dias para que o acusado admitisse o crime. Até o nono, nenhum avanço. Foi aí que Bukhanovsky entrou em cena.

“Eu expliquei a ele que eu não era seu inimigo, nem um advogado. Em linguagem médica, eu sabia a diferença entre culpado e errado”, explicou Bukhanovsky ao “Biography Channel”, em 2004. O psiquiatra morreu em 2013.

Chikatilo confessou diante do psiquiatra os mais de 30 crimes dos quais era suspeito e revelou detalhes de outros 20 que a polícia ainda não tinha conhecimento. Em quase todos eles, arrancava os órgãos genitais e outras partes do corpo e os comia.

O apelido de “Açougueiro de Rostov” surgiu após um erro de análise da polícia. Os investigadores acharam que uma das vítimas havia sido triturada por uma máquina agrícola. Na verdade, ela foi morta por Chikatilo e teve seu corpo completamente mutilado pelo criminoso.

Andrei Chikatilo foi condenado à pena de morte em agosto de 1992. Dois anos mais tarde, foi executado com um tiro na nuca. Em comemoração aos 300 anos da polícia, a cidade de Rostov exibe os pertences do “açougueiro” em um de seus museus.

Infância difícil e julgamento dentro de uma jaula

Andrei Chikatilo teve uma infância conturbada. Nascido na Ucrânia, conviveu com o medo da fome – ele nasceu três anos após a crise de alimentos que devastou o país e matou mais de 5 milhões de pessoas. Na escola, sofria com as provocações dos colegas por seu jeito tímido e introvertido. Quando crescido, um novo problema: a impotência sexual.

A série de traumas fez com que Chikatilo sofresse de baixa autoestima e decidisse focar nos estudos. Virou um estudioso contumaz e conseguiu um emprego como professor. Na vida amorosa, após várias decepções por causa da impotência, casou-se e teve dois filhos. Os relatos dão conta que a concepção foi feita de maneira não-usual: Chikatilo teria se masturbado e introduzido seu sêmen na parceira.

Andrei Chikatilo dentro de uma jaula durante seu julgamento - Reprodução - Reprodução
Andrei Chikatilo dentro de uma jaula durante seu julgamento
Imagem: Reprodução

Os diversos problemas teriam sido o ponto de partida para a onda de crimes. Chikatilo chegou a ser demitido de uma escola por abusar de alunos. Mais tarde, passou a ter um modo claro de agir: abordava as vítimas em estações de trens e nas ruas e as levava para um casebre na floresta.

A dificuldade em sua captura passou por questões relativas à época dos crimes. A então União Soviética se recusava a admitir que assassinos em série existiam em seu território. Além disso, o fato de Chikatilo ser professor e casado fazia com que nunca fosse considerado suspeito pelos assassinatos.

O julgamento de Chikatilo aconteceu em 1992 e durou seis meses. A revolta dos familiares das vítimas fez com que ele ficasse dentro de jaula com grades de ferro durante o depoimento. Em um determinado momento, o criminoso chegou a abaixar as calças e mostrar os órgãos genitais para o público.

A defesa de Chikatilo trabalhou com a tese de que ele sofria de problemas psicológicos e deveria ser encaminhado a um hospital psiquiátrico. O júri, contudo, não concordou e condenou o “açougueiro de Rostov” à pena de morte.