Conheça o pão russo que promete boas energias aos craques da Copa

Neymar, Cristiano Ronaldo e todos os craques que desembarcaram na Rússia para a Copa do Mundo ganharam um presente alimentício como boas-vindas. O pão redondo, levado aos visitantes por uma mulher trajada com roupas típicas do país do Mundial, possui um caráter muito maior do que simplesmente uma iguaria comum nas mesas da ex-república soviética. Quem come recebe boas energias, segundo a tradição.

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A reportagem do UOL Esporte conversou com Olga Vereifki, filha de russos e dona de um ateliê de comida do país na cidade de São Paulo. Ela explica que o korovai, nome do pão oferecido às delegações da Copa do Mundo, é servido desta forma apenas em ocasiões mais do que especiais, como a chegada das estrelas de um torneio desta magnitude do esporte mais popular do mundo.

“É um símbolo de boas-vindas e boas energias. As pessoas têm o hábito de fazer para receber visitar ou até mesmo em casamentos; antes das cerimônias, os noivos gostam de comer”, contou.

Ter pães na mesa é tradição no país-sede da Copa do Mundo, independente da refeição, como afirma Irina Ignatenko, russa que vive no Brasil desde 1999. O korovai vai além; tem um valor simbólico e até esotérico ao servir como uma das partes mais tradicionais da cultura russa. Para quem pergunta sobre o gosto, o pão é “neutro”, segundo ela; nem salgado, nem doce.

“Existe uma expressão que fala ‘pão e cabeça para tudo, o pão nos dias de hoje servimos para visitas muito importantes, um representante de estado, por exemplo, é como manda o costume e a tradição. O korovai em si representa a prosperidade (pão), porque é feito do trigo que vem da terra, e o sol (o formato redondo), que lembra boa safra e prosperidade”, explicou.

“Servimos em casamentos, desde quando a Rússia não era separada. Isso é tradição dos eslovenos, que recebiam os noivos com este pão redondo. Até hoje, em casamentos mais tradicionais, este cerimonial é mantido”, acrescentou Irina Ignatenko.

Tradição russa, receita é passada de geração a geração

Há décadas nas festas russas, bem antes da queda da União Soviética, o korovai traz prosperidade e boas energias a quem come - exaltado pelas duas russas nos primeiros minutos de conversa.

Todo o processo que envolve o tradicional pão segue os mesmos passos de quando o alimento era produzido pelos antepassados de Irina e Olga. Até o forno é especial, de estrutura típica soviética; isso quando levado ao máximo a tradição na produção.

“Na época, o homem, um homem casado, é quem colocava o pão no forno. Apenas mulheres felizes no casamento são escolhidas para produzir o pão, e as mais velhas vão passando para as mais novas. Enquanto o pão assava, as pessoas oravam, cantavam. Creem que isso trará felicidade por toda vida para o casal que morder o pão”, relatou Irina.

Há, porém, um quê de rivalidade no momento de consumir o pão com valor espiritual. “Nos casamentos, uma saleira aberta é posta em cima do pão. Aquele que morde o pedaço maior com sal é quem vai mandar em casa; mas, claro, ao comer o pão salgado, o noivo e a noiva mostram que estarão juntos nos momentos mais amargos, segundo a tradição”, explicou.

O torcedor brasileiro, agora informado de todo este ritual e do valor até esotérico do korovai, espera que Neymar tenha retirado um pedaço bem grande na chegada a Sochi....