Como Robbie Williams usou cerimônia insossa em nova polêmica com Rússia

A Fifa veta qualquer gesto político ou religioso dentro do que ela trata como um local sagrado - o campo de jogo. Mas permitiu que a cerimônia de abertura da Copa do Mundo, criada para ser insossa, se transformasse em uma grande polêmica. Primeiro, pela simples escolha pelo britânico Robbie Williams para fazer o show inaugural. Depois, pelas atitudes dele com um microfone na mão e uma câmera à sua frente. O astro trocou a letra de uma de suas músicas, para responder a uma polêmica, e ainda mostrou o dedo do meio para a câmera que fazia a transmissão oficial ao vivo.
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Contratado pela Fifa, o cantor britânico havia causado grande polêmica em 2016, quando lançou a música "Party Like A Russian" ("festeje como um russo", em tradução literal). O cantor jurou que seu recado, com a música, era apenas aquele que constava no título, uma exaltação ao modo alegre de os russos beberem e dançarem. Mas referências a um ditador corrupto que rouba da população para construir um satélite espacial deixaram outra impressão.
À época, tabloides nacionalistas russos não pouparam críticas ao britânico. Os que pegaram mais leve afirmaram que Robbie Williams nunca mais seria convidado a cantar na Rússia. E muitos lembraram que, já naquele momento, o cantor estava longe da melhor fase da carreira. Para o canal público de TV Vesti, a popularidade de Williams "estava se tornando uma memória e não uma realidade".
Apesar de tudo isso, Williams foi o escolhido para fazer o show inaugural, em posição que já foi da superstar Shakira, no melhor momento da carreira, em 2010. Mesmo em 2014 a escolha por Cláudia Leitte fazia mais sentido: divulgar a música e o gingado brasileiro para o exterior.
A escolha fez o cantor mais uma vez ser criticado. Desta vez, em casa. Líderes britânicos ligados aos direitos humanos o acusaram de "vender a alma" a Putin. "É surpreendente e decepcionante ouvir que um grande artista britânico como Robbie Williams, que tem sido um aliado de campanhas de direitos humanos e da comunidade LGBT, aparentemente concordou em ser pago pela Rússia e pela Fifa", atacou a deputada trabalhista Stephen Doughty.
No entender de lideranças britânicas, o cantor furou uma espécie de boicote à competição. Nenhum chefe de estado da Europa ocidental foi à cerimônia de abertura, por exemplo, apenas uma dezena e meia de aliados do governo Putin. "Todos nós queremos apoiar o time da Inglaterra, mas Robbie Williams está entregando a Vladimir um golpe de relações públicas, se apresentando na cerimônia de abertura do pária, poucos meses depois de a Rússia ter realizado um ataque com armas químicas em solo inglês", disse John Woodcock, do comitê de assuntos internos do governo britânico, em referência ao envenenamento do ex-agente Serguei Skripal, que a Grã-Bretanha acusa a Rússia de tê-lo cometido.
Mas ninguém acusou Williams de ter aceitado cantar na Rússia por apoiar o regime de Putin. A narrativa da crítica a cantor foi sempre baseada na ideia de que ele se vendeu, que aceitou inclusive o veto à canção Party Like A Russian na festa de abertura por ser mercenário.
O cantor respondeu em grande estilo, chamando atenção do mundo inteiro. Na última música da apresentação, "Rock DJ", Robbie Willians mudou nada discretamente um trecho da letra. De "Most of them fleece me every night" para "Most of them fleece me but I'm doing this for free" - "A maioria deles extorque (ou se vende), mas eu estou fazendo isso de graça". Logo em seguida, dançando, ele abriu o sorriso maroto e mostrou o dedo do meio. Tudo estrategicamente enquanto a câmera dava zoom fechado em sua cara.
O gesto, claro, ganhou grande repercussão na internet e na imprensa. O jornal inglês “Daily Mail”, por exemplo, estampou em destaque em seu site de esportes uma manchete crítica. “Robbie Williams marcou um gol contra na abertura da Copa do Mundo como estrela insolente ao dar o dedo do meio para a câmera durante a exibição deslumbrante no Estádio Luzhniki”, escreveu.
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