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Jornal diz ter identificado autor de roubo da taça Jules Rimet em 1966

Roubo de troféu às vésperas de Copa do Mundo de 1966 provocou estardalhaço na Inglaterra; na época, autoridades não conseguiu identificar responsáveis - Reprodução
Roubo de troféu às vésperas de Copa do Mundo de 1966 provocou estardalhaço na Inglaterra; na época, autoridades não conseguiu identificar responsáveis Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

24/05/2018 16h01

Em 1966, às vésperas da Copa do Mundo, a Inglaterra vivia um grande suspense. Afinal, em 20 de março daquele ano, a menos de três meses do primeiro jogo do torneio, a Taça Jules Rimet foi roubada no país, que receberia os jogos.

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O suspense durou apenas uma semana. Em 27 de março, David Corbett passeava por um distrito no sudeste de Londres quando seu cachorro Pickles começou a farejar um pacote. Era o troféu da Fifa, embrulhado em um jornal.

O responsável pelo roubo nunca foi identificado. No entanto, o jornal Daily Mirror anunciou nesta quinta-feira (24) ter descoberto os responsáveis pelo roubo: os irmãos Sidney e Reg Cugullere.

Na época, Sidney tinha 40 anos e contava com diversos crimes pequenos em seus registros policiais. Às vésperas da Copa do Mundo, com a taça exposta em Londres, resolveu roubá-la “apenas por diversão”, diz o jornal após ouvir três fontes que confirmaram o nome do responsável pelo roubo. Para isso, pediu a ajuda do irmão, Reg.

“Sidney roubou apenas pela emoção. Não por ganho financeiro, mas apenas porque seria muito fácil”, diz Gary, filho de Reg e sobrinho do mentor do crime, ao jornal. A investigação gerou grande mobilização da Scotland Yard, sem que uma solução fosse encontrada.

Sidney Cugullere morreu em câncer em 2005, aos 79 anos, sem ter sido preso pelo roubo – embora, segundo o jornal, tenha passado mais de 25 anos na cadeia por diversos outros registros policias. Mesmo em seu círculo de amigos e familiares, poucos sabiam de sua identidade.

“Muitas vezes, Sid disse que seria o primeiro inglês a levantar a taça da Copa do Mundo. E ele o fez antes de Bobby Moore”, conta uma das fontes anônimas citadas pelo jornal. “Ele era um oportunista, e roubar o troféu foi isso. Ele não teve informações internas ou ajuda dos guardas. Foi coisa do momento.”

O então presidente da Fifa, Stanley Rous, havia permitido que a taça deixasse a sede da Associação de Futebol da Inglaterra, onde estava, se tivesse vigilância 24 horas por dia. Os responsáveis pela exibição concordaram, mas foi justamente em uma brecha da segurança que Cugullere conseguiu entrar na sala do troféu, violar a proteção e levá-lo embaixo de seu casaco.

“Na rua, depois de passar pelas portas, Sid levantou seu casaco e disse: ‘Aí está, Reg, olhe para isso’. Ele abriu um dos lados do casaco e a taça estava lá”, contou Gary, filho de Reg. “Meu pai respondeu: ‘Ca**lho, Sid, o que você acha que a gente vai fazer com isso?’”

Sidney então levou o troféu para casa, mas arrumou problemas. Primeiro, percebeu que sua mulher, Nell, ficaria furiosa se descobrisse. Segundo, já no dia seguinte, as autoridades elaboraram um retrato-falado que se parecia bastante com ele.

O autor do roubo tentou ainda extorquir autoridades locais, sem sucesso. Pior para Ted Bechley, um amigo de Cugullere que atuou como intermediário em uma das tentativas e acabou preso por dois anos. Em família, o fruto do roubo virou um tremendo problema.

“Meu pai estava enlouquecendo e ele sabia que não haveria como vencer o troféu. Eles não a derreteram ou a destruíram porque era a taça da Copa do Mundo. Então, perceberam que teriam que devolvê-la”, disse Gary.

Assim, em 27 de março, a taça apareceu em uma rua e foi achada por Pickles. Seu dono, David Corbett, ganhou uma recompensa de 6 mil libras pela descoberta. E Bobby Moore pôde levantar a Jules Rimet em 30 de julho, após a vitória da Inglaterra por 4 a 2 sobre a Alemanha Ocidental.

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