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Copa 2018

Tostão levaria Arthur e Rafinha na lista da Copa. Já Leão queria Vanderlei

Arthur Sandes e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

15/05/2018 04h00

Dos 200 milhões de técnicos que temos em tempos de Copa do Mundo, a palavra de alguns merece destaque em meio à discussão em torno da convocação da seleção brasileira feita por Tite. O UOL Esporte conversou com três figuras que têm tudo a ver com a equipe canarinho para saber suas opiniões sobre a lista divulgada na última segunda-feira (14): os ex-técnicos Carlos Alberto Parreira e Emerson Leão, e o craque Tostão. Eles falaram de Fagner, Arthur e favoritismo.

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De modo geral, o trio carimba a convocação. Parreira e Leão, que já sentiram na pele as dores e delícias de treinar a seleção brasileira, destacam a coerência de Tite, que foi fiel a suas convicções. Já Tostão, campeão mundial em 1970, aprova a lista com dois asteriscos: preferiria Arthur e Rafinha entre os 23 escolhidos, mas reconhece que “não faria tanta diferença”.

Talvez a maior ‘polêmica’ envolvendo os escolhidos de Tite seja a lateral direita, na qual Fagner e Danilo vão disputar titularidade. O corintiano divide opiniões entre os torcedores, não à toa sendo um dos mais comentados, mas tem total confiança do treinador por já terem trabalhado juntos. “É uma questão de opinião do treinador. O Danilo atuou mais com Tite do que Rafinha — e isto pesa muito —, e o Fagner ganhou tudo com ele no Corinthians”, relembra Parreira.

Leão se mostra mais cauteloso e entende que, de alguma forma, a lesão de Daniel Alves pode ser problemática para a seleção brasileira. “Todo o mundo está apavorado, por quê? Porque o Daniel Alves se machucou; e o reserva dele, Fagner, está sem jogar há muito tempo pois vem de lesão”, opina, ponderando que a improvisação faz parte da Copa do Mundo e sugerindo que escolheria outro nome se a decisão fosse sua. “Na última convocação, se você errar dois nomes, por exemplo, está dentro do limite e há mais de um mês antes da Copa para corrigir seus erros — se é que ele entenda depois que errou.”

Emerson Leão - AP/Douglas Engle - AP/Douglas Engle
Campeão do Tri como goleiro, Emerson Leão voltou à seleção brasileira como técnico entre 2000 e 2001
Imagem: AP/Douglas Engle

A solução, então, teria sido Rafinha? Tostão preferiria, mas não acredita que o lateral corintiano vá comprometer as ambições da seleção no Mundial. “Todo o mundo já esperava o Fagner, apesar de eu achar que o Rafinha seria uma opção melhor por ser mais experiente e estar acostumado a jogar contra grandes times”, opina o craque, que no entanto admite “não fazer tanta diferença”.

E Arthur, merecia uma vaga?

O pedido pelo gremista Arthur na Copa do Mundo não chegou a ser um clamor popular, mas ganhou destaque nas últimas semanas pela excelente fase do meio-campista, que mantém alto nível de atuação desde o ano passado.

“Eu prefiro Arthur ao Taison. É mais jogador e, mesmo que não jogasse, é alguém que tem um futuro enorme e pode se tornar um grande jogador de destaque mundial”, avalia Tostão, especialista em meio-campo com a bola no pé ou a caneta na mão.

Leão concorda, mas com ressalvas. “O Arthur tinha vaga, mas tinha vaga também para o goleiro do Santos [Vanderlei], para o goleiro do Cruzeiro [Fábio]... Mas agora na última convocação não poderia existir isso, teria que ser com coerência, mesmo, como Tite usou”, considera.

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Craque dos Anos 60 e 70, Tostão muraria uma ou outra escolha de Tite para a Copa na Rússia

O Brasil é favorito?

Pentacampeã mundial, a seleção brasileira chega à Rússia quatro anos após uma campanha para se esquecer em casa. Mas a camisa pesa, dizem os especialistas, e Neymar e cia. desembarcam na Copa do Mundo impondo o respeito que a equipe canarinho merece.

“O Brasil é um dos grandes favoritos por tudo o que está fazendo depois que o Tite assumiu, reconquistou esta questão de favorito no campo”, diz Parreira, que era coordenador técnico em 2014 e sonha com um reencontro com a Alemanha. “É a final que eu sonho, e é possível. É para pagar [os 7 a 1] com juros e correção monetária”, projeta.

Tostão coloca o Brasil no primeiro pelotão, acima inclusive dos alemães. “Já é consenso mundial que o Brasil está entre os principais favoritos, junto a Espanha, Alemanha e França — são as quatro seleções mais fortes. Diria até que Brasil e Espanha estão um pouquinho acima de Alemanha e França, mas pouca coisa”, opina.

Leão é outro que não desconfia da força do time. “O Brasil entra em qualquer competição do mundo como favorito. Não o único favorito, mas um dos favoritos. Mas está na hora de demonstrar esse favoritismo em campo”, afirma o ex-técnico, cobrando a seleção como torcedor. “Já faz tempo que a gente não ganha. Não adianta ganhar amistoso, precisa ganhar Copa do Mundo.”

Carlos Alberto Parreira - MowaPress - MowaPress
Coordenador técnico da seleção em 22014, Parreira torce por final contra a Alemanha
Imagem: MowaPress

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