No JN, Tite não revela time, mas entrega que Jesus será capitão em amistoso

Tite não revela qual escalação levará a campo, mas a seleção brasileira já tem um capitão definido para o seu penúltimo compromisso antes da Copa do Mundo, o amistoso contra a Croácia: Gabriel Jesus é o escolhido.

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“Vai continuar o revezamento [de capitães]. Nesse revezamento, eu posso antecipar: o Gabriel Jesus é o próximo”, afirmou o técnico do Brasil em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta segunda-feira (14), horas depois de anunciar os nomes dos 23 convocados para o Mundial.

O amistoso contra a Croácia será disputado no dia 3 de junho, um domingo, às 11 horas (de Brasília), na Inglaterra. O estádio Anfield Road é bem conhecido por Roberto Firmino, do Liverpool. Exatamente uma semana depois, no dia 10 e no mesmo horário, a seleção encara a Áustria em Viena.

Ao não expor quem serão os titulares de sua equipe, a intenção do comandante não é de fazer mistério, mas de ser leal aos atletas, com os quais ainda não conversou sobre a escalação. No entanto, ele diz que não mudará o modelo de jogo que os torcedores já se acostumaram a ver.

“Não dá para antecipar, primeiro por uma questão de critério e de lealdade de passar para eles antes de passar para a mídia. Mas o torcedor sabe da coerência do desempenho, de jogar bem, que é aquilo que eu bato muito. Controle de resultado não se tem, mas do trabalho, da qualidade e da excelência... Isso se tem”, afirmou Tite.

Porém, o treinador acabou revelando que Alisson ainda é o seu preferido para o gol, bem como vinha sendo nas convocações anteriores. "A base da equipe tem o goleiro encaminhado, e nós também temos o Ederson e o Cássio muito bem. Fora isso, a escalação não dá para dar", disse.

Confira outros trechos da entrevista de Tite ao JN:

Conseguiu dormir antes da convocação?

Não, não consigo. A expectativa era alta e eu sou um ser humano, não sou super-homem. Cria-se toda uma expectativa, eu estava vendo nos bastidores a expectativa que os atletas têm em relação à convocação, é um sonho.

Foram muitas dúvidas. A decisão de um atleta ser convocado ou não depende do modelo, da forma da equipe atuar dentro do que a comissão técnica acredita. Por vezes é o momento técnico dele, a solidez de jogar uma copa do mundo. Essa solidez no aspecto físico, técnico e tático tem que estar associada.

Como lida com a crise política na CBF?

O grande marco e a grande relação de união que o futebol te dá é com a educação. Ela estabelece princípios que são importantes. É da qualidade, não do jeitinho: mas de ser mais competente no enfrentamento. De vencer e ser leal. Atributos que estão ligados mais à educação. A parte política eu não sou ingênuo, sei que ela acontece, mas quero deixá-la à margem. E tenho conseguido.

Sentiu medo quando foi convidado para a seleção?

Bateu, bateu. A primeira reação, no momento da conversa, foi de 'pô, estou realizando um sonho'. Pensando até de forma egoísta, mas qualquer um tem essa ambição profissional. Não é pecado querer ser técnico da seleção e pleitear. Mas depois pensei: 'um terço do trabalho já passou, tu não vai pegar do início, e se não classificar?'

Bateu um medo... A minha esposa me olhava e dizia que não conseguia me ler. Eu disse: 'tu não está conseguindo me ler porque eu não sei!'. É uma oportunidade única. É a reação em cima do medo. Quando o Mandela escreveu no livro dele que em todas as decisões da vida dele o medo sempre esteve presente, eu lembrei que sou um ser humano.

Como escolheu 23 jogadores dentre tantas opções?

Não tem segredo, é um feeling de quase 30 anos, ou mais de 30, como atleta que teve uma série de problemas, que teve de parar de forma precoce. E que depois teve a oportunidade de ser técnico. Associado a isso muito estudo, um autodidata que procurou sistemas... Toda uma gama de valores que eu também paguei um preço. Muito desemprego, e no desemprego investir em leitura.

Qual é a expectativa sobre Neymar?

Neymar é um extraclasse, ele é diferente, é top 3. Tem a capacidade do imprevisível, do lúdico, do drible, da finta, de encontrar solução... Eu pego muito o gol contra o Uruguai: ele sai na cara do gol e você se pergunta o que vai fazer, mas ele tem uma definição criativa que só os diferentes têm. Mas ele tem uma responsabilidade que é a equipe por trás. Um conjunto forte potencializa a individualidade. Serve pra ele e pros outros. Em uma palavra, equilíbrio.

Qual legado gostaria que essa seleção deixasse para o Brasil e para o mundo?

Eu não sei se para o Brasil e para o mundo, mas para a garotada. Talvez por ser professor e pai, por saber que você pode competir forte e ser leal. Dá para ser melhor que o adversário sendo mais competente. Dá para vencer o adversário olhando e enfrentando, sendo mentalmente forte. Dá para vencer com preceitos de educação sem ser bonzinho. Dá para vencer merecendo pelo desempenho que se tem dentro de campo. Isso se passa para o garoto e para as ações dentro de campo.

Recado ao povo brasileiro

Eu não posso prometer o título, que eu sei que tantos deles me pedem. Mas o compromisso de desafiar os atletas em um nível de excelência, esse exemplo de conduta, e de saber jogar com alegria e satisfação, de fazer esse equilíbrio... Tomara que a gente seja competente para alegrar a todos. Desempenho sim, mas resultado eu não tenho condição de assegurar.

Confira a lista dos 23 convocados para a seleção:

Goleiros: Alisson (Roma-ITA), Ederson (Manchester City-ING) e Cássio (Corinthians)

Defensores:: Danilo (Manchester City-ING), Geromel (Grêmio), Filipe Luís (Atlético de Madri-ESP), Marcelo (Real Madrid-ESP), Marquinhos (PSG-FRA), Miranda (Internazionale-ITA), Fagner (Corinthians) e Thiago Silva (PSG-FRA)

Meio-campistas: Casemiro (Real Madrid-ESP), Fernandinho (Manchester City-ING), Fred (Shakhtar Donetsk-UCR), Paulinho (Barcelona-ESP), Philippe Coutinho (Barcelona-ESP), Renato Augusto (Beijing Guoan-CHN), Willian (Chelsea-ING)

Atacantes: Douglas Costa (Juventus-ITA), Firmino (Liverpool-ING), Gabriel Jesus (Manchester City-ING), Neymar (PSG-FRA), Taison (Shakhtar Donetsk-UCR)