Tite perde titular absoluto, maior líder e capitão que levantaria a taça

Bellini, Mauro Ramos, Carlos Alberto Torres, Dunga e Cafu.
Se houvesse um sexto nome na lista de capitães campeões do Brasil na história da Copa do Mundo, até a última quarta-feira, seria Daniel Alves, 35 anos, o eleito. A lesão ligamentar de seu joelho direito, porém, obrigará Tite a mudar de planos – isso, claro, se o Brasil chegar à final na Rússia. A ausência dele foi confirmada nesta sexta.
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Recordista de títulos na história do futebol com 38 conquistas, Daniel Alves sonhava com essa capitania havia muito tempo. Confirmado nesta sexta-feira como desfalque da seleção brasileira na Copa do Mundo, o lateral do PSG provavelmente encerrará sua história em Mundiais sem poder disputar o torneio pela terceira vez.
Tite, que seguirá com o rodízio de capitães no Mundial, já tinha planejado o roteiro para uma eventual decisão pelo hexa. Líder em jogos com a braçadeira dentro da gestão do treinador (quatro partidas), Daniel Alves impressionava o chefe por um aspecto em especial além de sua qualidade como jogador, experiência e currículo. Dani é ouvido atentamente pelos colegas de seleção, um ponto fundamental na visão do técnico. Tem ascendência, inclusive, sobre Neymar.
“Daniel é um dos líderes da equipe, é um líder mais participativo, tem exemplos de vida pelas conquistas que teve, pela forma das conquistas”, explicou, em março, o auxiliar Cléber Xavier. “E para nós essa passagem dele por grandes equipes é importante. O Daniel jogou com o Sylvinho, um dos nossos auxiliares, no Barcelona. O Coutinho chegando ao Barcelona agora conversa com o Daniel. É importante na formação do grupo. O Daniel tem a liderança de experiência, passar aos mais jovens essa relação”, definiu na época.
Postura de capitão até no momento mais duro
Logo depois de se lesionar na final da Copa da França, Daniel Alves foi submetido a exames preliminares no vestiário e recebeu, de um corpo médico bastante consternado pela gravidade de seu problema, a notícia de que estaria provavelmente de fora do Mundial na Rússia.
Aos jogadores brasileiros do PSG, a quem transmitiu a notícia pouco depois, Daniel impressionou pela força interior. Apesar de decepcionado, o lateral não deu sinais de emoção para os colegas. Mostrou tranquilidade, explicou a gravidade do problema e começou a planejar os passos seguintes.
No dia a dia do PSG, embora não seja um aspirante à braçadeira pelo pouco tempo de clube, Daniel Alves também costuma se envolver com a função. Na polêmica entre Neymar e Cavani pelo direito de cobrar pênaltis, por exemplo, disse a Thiago Silva que deveria, na visão dele, ter adotado um posicionamento mais enfático.
Sem Daniel Alves, Tite tem dois buracos para preencher. O mais simples, claro, diz respeito à braçadeira. Por seu critério histórico para eleger capitães, e pela lógica demonstrada desde que virou treinador, Miranda é um dos nomes a assumir tal função nos momentos mais expressivos. Ele detinha a capitania durante a era Dunga, foi o líder na estreia do treinador e se mantém como um dos mais assíduos da função. A liderança do grupo ainda tem nomes como Renato Augusto, Neymar e, principalmente, Thiago Silva em posição importante. Há também a hipótese de que o treinador repasse ao grupo a missão de uma escolha para uma eventual final.
Já na lateral direita, há mais dúvidas. Na hierarquia do treinador, Fagner era o favorito para ser o reserva imediato na Rússia, mas não havia convicção nessa escolha. A ida de Rodrigo Lasmar ao CT Joaquim Grava, no próximo domingo, deve confirmar a condição do corintiano em se juntar à relação de 23 atletas. Mas, recentemente lesionado, perderá parte da preparação para o Mundial.
O ex-santista Danilo, sem problemas físicos, é candidato a convocação e, se chamado, inicia os trabalhos em Teresópolis como titular. Há dentro da comissão técnica ainda quem avalie o nome de Rafinha, que só esteve em uma convocação, mas tem muita experiência a emprestar caso escolhido. Todos eles, porém, têm uma situação em comum: nenhum fez mais de três jogos na seleção de Tite e chegará à Copa com baixa minutagem de jogo.
Declarações importantes em uma recente entrevista
O mais recente jogo da seleção brasileira, em março contra a Alemanha, teve Daniel Alves como capitão de Tite pela quarta vez. Na véspera, o lateral deu declarações que explicam a representação da capitania.
"Nem pretendo ser o maior ou o melhor. Eu quando saí da minha casa, deixei minha família, meu único objetivo era ser alguém nessa vida tão disputada e dura. Esse prêmio, meu pai já tem esse orgulho de mim, é suficiente para mim. Todos os jogadores têm essa etapa, esse histórico, todos são respeitados, é muito difícil ser jogador de futebol e abdicar de tanta coisa por uma profissão. Acredito que minha família está muito orgulhosa e tudo que eu pretendia fazer, eu fiz. Independentemente de ganhar um título mundial. É um sonho e temos que lutar por eles, estamos tentando de todas as formas. Sonhar junto é melhor, executar é melhor ainda", disse em março.
Daniel Alves também comentou o rodízio na ocasião. "Acredito que o professor tem dado a braçadeira e ele sabe que para nós isso não tem muita relevância, o fato de usar ou não a braçadeira. Os que tiverem oportunidade de usar, estaremos bem representados. Importante é todos terem a consciência de que há importância de cada um. Somos bem conscientes em relação a isso, não me sinto mais nem menos importante por usar a braçadeira. Nosso grande capitão é o professor, que comanda nosso barco."
Por fim, uma declaração que parece ser emblemática. Daniel Alves foi reserva na Copa 2010, perdeu a titularidade para Maicon durante o Mundial de 2014 e se preparava para, quem sabe, fazer sete jogos na Rússia e se juntar ao seleto grupo dos capitães históricos. Um roteiro otimista, claro.
"Eu sempre me preparo para aceitar os momentos que a vida me oferece. Não acredito que tenha sido injustiçado [em 2014], se o Maicon jogou é porque mereceu, respeito bastante a história dele na seleção brasileira. Na nossa profissão, sempre geramos debates. Acredito que não é demérito nem mérito ficar fora ou dentro, se tiver qualidade do seu lado. Querer estar dentro eu sempre vou querer, mas acredito que a única sensação que tenha ficado daquele momento é a de não poder ajudar de alguma forma, as substituições já tinham sido feitas. Na vida temos que estar preparados para tudo."
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