Topo

Copa 2018

Tite perde titular absoluto, maior líder e capitão que levantaria a taça

Daniel Alves era o nome na cabeça de Tite para uma possível final - Pedro Martins/MoWa Press
Daniel Alves era o nome na cabeça de Tite para uma possível final
Imagem: Pedro Martins/MoWa Press

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em São Paulo

11/05/2018 17h55

Bellini, Mauro Ramos, Carlos Alberto Torres, Dunga e Cafu.

Se houvesse um sexto nome na lista de capitães campeões do Brasil na história da Copa do Mundo, até a última quarta-feira, seria Daniel Alves, 35 anos, o eleito. A lesão ligamentar de seu joelho direito, porém, obrigará Tite a mudar de planos – isso, claro, se o Brasil chegar à final na Rússia. A ausência dele foi confirmada nesta sexta

Confira a tabela completa e o calendário de jogos
Simule os classificados e o mata-mata do Mundial
DOC: a Rússia Gay que não pode sair do armário

Recordista de títulos na história do futebol com 38 conquistas, Daniel Alves sonhava com essa capitania havia muito tempo. Confirmado nesta sexta-feira como desfalque da seleção brasileira na Copa do Mundo, o lateral do PSG provavelmente encerrará sua história em Mundiais sem poder disputar o torneio pela terceira vez. 

Tite, que seguirá com o rodízio de capitães no Mundial, já tinha planejado o roteiro para uma eventual decisão pelo hexa. Líder em jogos com a braçadeira dentro da gestão do treinador (quatro partidas), Daniel Alves impressionava o chefe por um aspecto em especial além de sua qualidade como jogador, experiência e currículo. Dani é ouvido atentamente pelos colegas de seleção, um ponto fundamental na visão do técnico. Tem ascendência, inclusive, sobre Neymar. 

“Daniel é um dos líderes da equipe, é um líder mais participativo, tem exemplos de vida pelas conquistas que teve, pela forma das conquistas”, explicou, em março, o auxiliar Cléber Xavier. “E para nós essa passagem dele por grandes equipes é importante. O Daniel jogou com o Sylvinho, um dos nossos auxiliares, no Barcelona. O Coutinho chegando ao Barcelona agora conversa com o Daniel. É importante na formação do grupo. O Daniel tem a liderança de experiência, passar aos mais jovens essa relação”, definiu na época.

Postura de capitão até no momento mais duro

Daniel Alves - Pedro Martins/MoWa Press - Pedro Martins/MoWa Press
Imagem: Pedro Martins/MoWa Press

Logo depois de se lesionar na final da Copa da França, Daniel Alves foi submetido a exames preliminares no vestiário e recebeu, de um corpo médico bastante consternado pela gravidade de seu problema, a notícia de que estaria provavelmente de fora do Mundial na Rússia.

Aos jogadores brasileiros do PSG, a quem transmitiu a notícia pouco depois, Daniel impressionou pela força interior. Apesar de decepcionado, o lateral não deu sinais de emoção para os colegas. Mostrou tranquilidade, explicou a gravidade do problema e começou a planejar os passos seguintes.

No dia a dia do PSG, embora não seja um aspirante à braçadeira pelo pouco tempo de clube, Daniel Alves também costuma se envolver com a função. Na polêmica entre Neymar e Cavani pelo direito de cobrar pênaltis, por exemplo, disse a Thiago Silva que deveria, na visão dele, ter adotado um posicionamento mais enfático.

Sem Daniel Alves, Tite tem dois buracos para preencher. O mais simples, claro, diz respeito à braçadeira. Por seu critério histórico para eleger capitães, e pela lógica demonstrada desde que virou treinador, Miranda é um dos nomes a assumir tal função nos momentos mais expressivos. Ele detinha a capitania durante a era Dunga, foi o líder na estreia do treinador e se mantém como um dos mais assíduos da função. A liderança do grupo ainda tem nomes como Renato Augusto, Neymar e, principalmente, Thiago Silva em posição importante. Há também a hipótese de que o treinador repasse ao grupo a missão de uma escolha para uma eventual final.

Já na lateral direita, há mais dúvidas. Na hierarquia do treinador, Fagner era o favorito para ser o reserva imediato na Rússia, mas não havia convicção nessa escolha. A ida de Rodrigo Lasmar ao CT Joaquim Grava, no próximo domingo, deve confirmar a condição do corintiano em se juntar à relação de 23 atletas. Mas, recentemente lesionado, perderá parte da preparação para o Mundial.

O ex-santista Danilo, sem problemas físicos, é candidato a convocação e, se chamado, inicia os trabalhos em Teresópolis como titular. Há dentro da comissão técnica ainda quem avalie o nome de Rafinha, que só esteve em uma convocação, mas tem muita experiência a emprestar caso escolhido. Todos eles, porém, têm uma situação em comum: nenhum fez mais de três jogos na seleção de Tite e chegará à Copa com baixa minutagem de jogo. 

Declarações importantes em uma recente entrevista

Dani alves com tite - Pedro Martins/MoWa Press - Pedro Martins/MoWa Press
Daniel fala com Tite em entrevista coletiva: confiança do chefe
Imagem: Pedro Martins/MoWa Press

O mais recente jogo da seleção brasileira, em março contra a Alemanha, teve Daniel Alves como capitão de Tite pela quarta vez. Na véspera, o lateral deu declarações que explicam a representação da capitania.

"Nem pretendo ser o maior ou o melhor. Eu quando saí da minha casa, deixei minha família, meu único objetivo era ser alguém nessa vida tão disputada e dura. Esse prêmio, meu pai já tem esse orgulho de mim, é suficiente para mim. Todos os jogadores têm essa etapa, esse histórico, todos são respeitados, é muito difícil ser jogador de futebol e abdicar de tanta coisa por uma profissão. Acredito que minha família está muito orgulhosa e tudo que eu pretendia fazer, eu fiz. Independentemente de ganhar um título mundial. É um sonho e temos que lutar por eles, estamos tentando de todas as formas. Sonhar junto é melhor, executar é melhor ainda", disse em março.

Daniel Alves também comentou o rodízio na ocasião. "Acredito que o professor tem dado a braçadeira e ele sabe que para nós isso não tem muita relevância, o fato de usar ou não a braçadeira. Os que tiverem oportunidade de usar, estaremos bem representados. Importante é todos terem a consciência de que há importância de cada um. Somos bem conscientes em relação a isso, não me sinto mais nem menos importante por usar a braçadeira. Nosso grande capitão é o professor, que comanda nosso barco."

Por fim, uma declaração que parece ser emblemática. Daniel Alves foi reserva na Copa 2010, perdeu a titularidade para Maicon durante o Mundial de 2014 e se preparava para, quem sabe, fazer sete jogos na Rússia e se juntar ao seleto grupo dos capitães históricos. Um roteiro otimista, claro.

"Eu sempre me preparo para aceitar os momentos que a vida me oferece. Não acredito que tenha sido injustiçado [em 2014], se o Maicon jogou é porque mereceu, respeito bastante a história dele na seleção brasileira. Na nossa profissão, sempre geramos debates. Acredito que não é demérito nem mérito ficar fora ou dentro, se tiver qualidade do seu lado. Querer estar dentro eu sempre vou querer, mas acredito que a única sensação que tenha ficado daquele momento é a de não poder ajudar de alguma forma, as substituições já tinham sido feitas. Na vida temos que estar preparados para tudo."

Copa 2018