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Egito de Salah reina na África, mas ainda engatinha em Copas do Mundo

Seleção egípcia, de Mohamed Salah (foto), chegou a alcançar um status de soberano no continente africano - AP Photo/Nariman El-Mofty
Seleção egípcia, de Mohamed Salah (foto), chegou a alcançar um status de soberano no continente africano
Imagem: AP Photo/Nariman El-Mofty

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/05/2018 04h00

Mohamed Salah chega às vésperas da Copa do Mundo como um fenômeno a ser observado. Um dos maiores goleadores da temporada e grande protagonista do Liverpool na campanha de finalista da Liga dos Campeões, o egípcio tem na Rússia a missão de expandir a seleção do país a nível internacional. Em Mundiais, a equipe ainda engatinha e possui números paupérrimos para um país que chegou a dominar o continente africano nas últimas décadas.

Antes da geração de Salah devolver o Egito à Copa do Mundo após 28 anos de ausência, o país se tornou hegemônico no território africano. Desde a participação no Mundial da Itália em 1990, a equipe conquistou em quatro oportunidades a Copa das Nações Africanas, três de maneira consecutiva (2006, 2008 e 2010). Ninguém venceu mais esta competição do que os egípcios, que somam sete taças.

Ao mesmo tempo em que colecionou títulos africanos e se colocou como o maior vencedor do continente, a equipe ainda se mostra como um time irrelevante em Copas do Mundo. Foram seis as tentativas frustradas de retornar ao principal torneio de futebol (entre 1994 e 2014), justamente no período em que a África assumiu momentos de protagonismo na competição.

Hector Cúper Egito - Amr Abdallah Dalsh/Reuters - Amr Abdallah Dalsh/Reuters
Técnico Hector Cúper pode fazer história: Egito busca a primeira vitória
Imagem: Amr Abdallah Dalsh/Reuters

Enquanto países como Gana (quartas de final em 2010) e Senegal (quartas de final em 2002) cresceram no período, o Egito estagnou. Apesar da tradição local, a seleção de Mohamed Salah vai buscar na Rússia a primeira vitória na história em uma Copa do Mundo – o time foi sorteado para o Grupo A com a anfitriã Rússia, Arábia Saudita e Uruguai.

O Egito soma apenas quatro partidas nas duas vezes em que esteve na maior competição do calendário futebolístico. Em 1934, como primeiro representante africano da história e único até 1970, o país acabou eliminado com apenas um jogo: derrota por 4 a 2 para a Hungria. 

O retorno ocorreu somente no Mundial da Itália, em 1990, torneio com um formato parecido ao que a seleção vai encontrar na Rússia. Sorteados ao lado de Inglaterra, Irlanda e Holanda, os egípcios sofreram diante dos europeus: empates contra irlandeses (0 a 0) e holandeses (1 a 1) e derrota contra os ingleses (1 a 0). Sem vitórias, a campanha parou na etapa de grupos.

O retrospecto tímido em Copas do Mundo, contrastado com o desempenho forte a nível local, sobe a pressão sobre a geração de Salah, que chega credenciada a ficar com uma das vagas para o mata-mata do Mundial.

Além da fase esplendorosa do atacante do Liverpool, que inicia a Copa como um dos destaques ao lado de gigantes como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, a seleção comandada pelo argentino Héctor  Cúper colhe melhores resultados nos últimos anos em comparação aos rivais, e o ranking da Fifa (Federação Internacional de Futebol e Associados) reforça o momento superior a sauditas e russos.

O Uruguai lidera entre os integrantes do grupo ao ocupar a 17ª colocação na qualificação da Fifa. O Egito é o 46º, enquanto a Rússia, sem resultados expressivos desde a Euro 2008, se encontra no 66º posto. A Arábia Saudita deve iniciar o Mundial como a 70ª seleção no ranking. Não é absurdo imaginar que, neste ano, o Egito enfim possa transportar minimamente a tradição continental para a Copa do Mundo.

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