Promessa ou realidade? Como chega a geração belga para a Copa "da verdade"

“A promissora”, “a talentosa”. De maneira sincera ou irônica, os dois elogios citados na abertura deste texto imediatamente remetem à seleção da Bélgica, equipe tratada desde o início da década como principal candidata a surpreender em uma Copa do Mundo. Depois da estreia no Mundial de 2014, Kevin de Bruyne, Romelu Lukaku, Eden Hazard, Vincent Kompany e Thibaut Courtois agora encaram o momento da afirmação.
Há quatro anos, uma ainda promissora equipe parou nas quartas de final da Copa para a Argentina de Lionel Messi. Hoje, às vésperas do Mundial na Rússia, jogadores então encarados como futuras estrelas vivem o auge da carreira - não há exemplo maior neste grupo do que De Bruyne no Manchester City comandado por Josep Guardiola.
Mas, afinal, bons momentos nos clubes serão suficientes para transformar uma talentosa geração em uma equipe a ponto de encarar Brasil, Alemanha, França e Espanha? Há fatores que colocam a Bélgica entre os favoritos, mas outros que afastam o grupo de talentosos atletas dos grandes favoritos ao título na principal competição do futebol mundial.
Os belgas estão no grupo G da Copa do Mundo ao lado de Inglaterra, Tunísia e Panamá.
Talento (de sobra)
Até mesmo quem trata com menosprezo o time belga deve admitir que há talento. Muito talento. O selecionado vermelho possui um dos melhores goleiros do mundo como titular (Courtois), zagueiros seguros como Kompany, meio-campistas criativos e habilidosos (Hazard, De Bruyne e Carrasco) e centroavantes goleadores (Lukaku e Mertens). Bola por bola, nem mesmo seleções da elite possuem tantas opções para formar uma grande equipe; missão, no caso, para Roberto Martínez.
Técnico com "bagagem"
Se em 2014 e na Euro 2016, a Bélgica contava com um inexperiente Marc Wilmots no banco de reservas, agora o comando possui uma “grife”, uma marca. Roberto Martinez fez carreira de sucesso em solo britânico: ganhou a Copa da Inglaterra de 2013 com o Wigan ao bater o milionário Manchester City na decisão e ainda permaneceu três temporadas no Everton.
O treinador, que teve o nome ligado para substituir Vicente Del Bosque na Espanha após ser demitido da equipe de Liverpool, acabou com a responsabilidade de dirigir a talentosa geração belga no momento de maior amadurecimento. Os resultados até aqui comprovam força e sucesso na parceria time e técnico: são 12 vitórias em 17 jogos.
Confiança em alta
A Bélgica de Roberto Martínez não perde há quase dois anos. Desde a derrota para a Espanha (2 a 0) em setembro de 2016, a seleção passeou nas eliminatórias europeias (nove triunfos em dez partidas) e acumulou resultados positivos nos amistosos de preparação. Nos últimos dez compromissos são oito vitórias, sendo uma incontestável goleada sobre a Arábia Saudita (4 a 0) no último passo antes da convocação final.
Protagonistas nos clubes
O bom momento dos principais nomes da equipe nacional é estendido pelos jogadores na temporada com os respectivos times. Kevin De Bruyne, por exemplo, é o grande destaque do Manchester City de Pep Guardiola. Lukaku lidera a artilharia do United, assim como Hazard no Chelsea e Mertens no Napoli. Kompany espantou as lesões e novamente se tornou fundamental na defesa do City. Vertonghen tem papel de líder no Tottenham. Enfim, a base atua em alto nível e corresponde.
Por um outro lado...
Grandes ainda intimidam
São vitórias acumuladas e aproveitamento alto sob o comando de Roberto Martínez. No entanto, quando uma camisa pesada se encontra do outro lado, a Bélgica ainda derrapa, o que a tira às vésperas do Mundial do grupo dos favoritos ao troféu. Como já citada, a última derrota ocorreu contra a Espanha, candidata ao topo na Rússia. Na estreia da Euro, o talentoso time perdeu para a Itália. Portugal (amistoso) e Argentina (Copa de 2014) também superaram os belgas neste ciclo pré-Rússia. Logo na primeira fase tem a Inglaterra como maior rival...
Dúvidas no mata-mata
A Bélgica fracassou nos momentos de maior pressão até este Mundial. Fora a desclassificação na Copa de 2014 para a Argentina nas quartas de final, quando a equipe lutava para superar o status de “promissora”, a equipe ainda fraquejou na Eurocopa posterior. Há dois anos, com um time mais consolidado e a esperança de brigar pelo troféu, os belgas caíram também nas quartas para a surpresa País de Gales – o resultado negativo deu fim ao trabalho de Wilmots. A ver se a casca criada blinda esta geração em junho.
Falta de grandes testes
Enquanto Brasil, Alemanha, Espanha e Argentina se testaram na última janela de jogos da Fifa, a Bélgica não se provou contra grandes seleções. Desde a derrota para os espanhóis em 2016, a equipe de Roberto Martínez não encarou mais campeões mundiais. O “maior” rival neste período de eliminatórias e amistosos foi a Holanda, vice-campeã em 1974, 1978 e 2010, mas que sequer disputará a edição russa da Copa do Mundo. No fim do ano passado, diante do México de Juan Carlos Osório, o time buscou um empate por 3 a 3 na reta final do amistoso disputado em Bruxelas.
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