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Copa 2018

Fã de coxinha, zagueiro suíço sonha em honrar a mãe brasileira na Copa

Leo Lacroix em ação no duelo entre Basel e Manchester City pela Liga dos Campeões - Andrew Boyers/Reuters
Leo Lacroix em ação no duelo entre Basel e Manchester City pela Liga dos Campeões
Imagem: Andrew Boyers/Reuters

Caio Carrieri

Colaboração para o UOL, em Manchester (Reino Unido)

26/03/2018 04h00

Vladimir Petkovic, técnico da Suíça, provavelmente não deve ter comemorado quando a sua seleção foi sorteada para estrear na Copa do Mundo diante do Brasil, em 17 de junho, em Rostov (RUS), pelo Grupo E. Porém, na Basileia, centro cultural do país, uma família em especial festejou o chaveamento. Léo  Lacroix, zagueiro do Basel, marcou no calendário e desde então faz contagem regressiva para o dia tão esperado.

Filho de pai suíço, o jogador sonha com a convocação para a Rússia a fim de honrar a sua principal incentivadora ao longo da carreira: Nilsa, mãe brasileira que em 2013 perdeu a luta contra um câncer no fígado. “Adorava assistir aos jogos do Brasil com ela, ainda mais de Copa do Mundo, quando colocávamos telão para reunir a família e amigos. Quando o Brasil foi campeão em 2002, nós saímos na rua para festejar em Lausanne”, conta em português fluente ao UOL Esporte, sobre a celebração na terra natal. “Fiquei perdido quando ela morreu, mas ela tinha me preparado para quando não estivesse mais comigo”.

Com passagem pela seleção suíça nas categorias de base, ele foi chamado por Petkovic em boa parte das eliminatórias europeias - sempre como opção no banco de reservas -, mas não participou do grupo que venceu a Grécia por 1 a 0, fora de casa, na última sexta-feira (23) e que enfrentará o Panamá, em Lucerna (SUI), nesta terça (27), nos amistosos preparatórios para o Mundial. “Claro que ainda acredito em uma vaga na Copa. Só vence aquele que não desiste”.

Poliglota, o atleta de 26 anos fala, além de português, italiano, francês, inglês, espanhol e está em processo de aprendizado do alemão. Tudo herança da mãe, que incentivou a família a viver costumes variados em países diferentes como Itália e Brasil.

“Se cheguei aonde estou, tem muito mérito dela”, reflete. “Como ela queria me oferecer experiência em diferentes culturas, nós moramos em diversos lugares, então não tive formação apenas em um clube até chegar ao profissional”, diz Léo, que aos 17 anos jogou por seis meses no São Cristóvão, clube do Rio de Janeiro que revelou Ronaldo Fenômeno, antes de retornar à Suíça e iniciar a trajetória no Sion.

Negociado com o Saint Etienne, da França, em 2016, o suíço com sangue  brasileiro está emprestado ao Basel. No início de março, ele ajudou a quebrar e invencibilidade de 36 jogos do Manchester City no Estádio Etihad. Os visitantes venceram o time reserva de Pep Guardiola por 2 a 1, mas os ingleses avançaram às quartas de final da Liga dos Campeões por terem construído larga vantagem de 4 a 0 na partida de ida, na Basileia. Naquela fria noite de inverno no noroeste da Inglaterra, Léo sentiu o gostinho do que é marcar um jogador da seleção brasileira – ficou frente a frente com Gabriel Jesus, que anotou o gol dos donos da casa.

Leo Lacroix e Gabriel Jesus - Rui Vieira/AP - Rui Vieira/AP
Imagem: Rui Vieira/AP
“É muito difícil marcá-lo, porque ele se movimenta muito nas costas do zagueiro. Só que na seleção brasileira não é só Gabriel Jesus. Tem Neymar e (Philippe) Coutinho também (risos)”, brinca, para fazer uma revelação logo em seguida. “Cada vez que entro em campo lembro da minha mãe. A minha maior frustração é que ela não pode me acompanhar nesses estádios e na Liga dos Campeões depois de ter lutado tanto por mim”.

Flamenguista por causa dos familiares cariocas, o zagueiro é casado com uma baiana. Assim, os hábitos brasileiros dão tom da rotina do casal, como o gosto pelo axé e pratos típicos da culinária que o fazem brigar com a balança. “Às vezes engordo demais por causa da coxinha, do arroz, do feijão e do bife, que não podem faltar”.

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