7 a 1? Löw se incomoda e tenta evitar cisma de brasileiros com vexame
O que foi possivelmente a maior vergonha da história do futebol brasileiro, na visão da seleção alemã, também causa algum tipo de embaraço e na maioria dos casos é algo a ser minimizado.
O treinador Joachim Löw, por exemplo, evitou falar em entrevistas recentes e mostrou incômodo pelo peso que o Brasil dá para o 7 a 1 da Copa de 2014. O comportamento dele sobre o jogo, definitivamente, resume o pensamento médio dos germânicos sobre o tema que vem à tona pelo amistoso das duas seleções na terça-feira (27), às 15h45 (de Brasília).
“Talvez seja um pouco surpreendente ou desapontador para vocês brasileiros, mas por minha experiência, esse jogo e o resultado não exerceram qualquer influência na Alemanha”, diz Manfred Münchrath, editor da tradicional revista alemã Kicker. “O alto respeito sobre o futebol brasileiro e sua história com jogadores lendários não mudou só por causa desse jogo”, explica.
Se para os brasileiros o 7 a 1 se tornou uma representação, um termo que vai além do futebol em alguns momentos, o mesmo não ocorre na Alemanha. “Não há uma expressão social ou gíria na linguagem do futebol alemão para se referir ao 7 a 1”, conta Münchrath.
Chefe de integração do RB Leipzig e tradutora da seleção alemã durante a última Copa, a brasileira Raquel Rosa se lembra que os fãs do futebol do país têm, sim, o hábito de fazer brincadeiras e envolver o humor ao esporte, como é comum no Brasil. O fato é que, apesar de dois casos marcantes de ‘zoeiras’ nos últimos anos, o tom da Alemanha é sempre do respeito com a amarelinha. No caso, a federação do país se lembrou do "1 x 7" quando faltavam 17 dias para o amistoso de terça, e Kroos também brincou no início do ano passado.
“Eles veem a lógica", cita Raquel. "Ganhar a Copa do Mundo importa mais que o placar. O 7 a 1 foi um jogo diferente do que é normalmente uma semifinal, mas eles se apaixonaram pelo Brasil no tempo que passaram na Bahia. Foi inesquecível, uma aproximação de culturas. Os alemães não desrespeitaram o Brasil, a goleada foi um fato real. [...] E com certeza existe a tiração de sarro no trabalho, aquela coisa de falar 'ah, o seu time perdeu', ou ' o Bayern é isso e aquilo'”, compara.
Münchrath também se lembra que os efeitos da Copa 2014 não foram além do esporte. Para eles, não se trata de um símbolo. “A última vez que um jogo influenciou a consciência e sociedade da Alemanha foi a final da Copa de 1954”, recorda. Naquele momento, os alemães se reconstruíam como nação após a Segunda Guerra Mundial e tiveram exibição surpreendente e o primeiro título em Copas contra a favorita Hungria.
O editor da revista "Kicker" também não acredita que a redução de jogadores brasileiros na Bundesliga, com o passar dos últimos anos, esteja atrelada ao 7 a 1. “A última vez que um jogo teve uma influência duradoura nas relações entre a Alemanha e um outro país, no futebol, ocorreu em 1974, com a final da Copa contra a Holanda”, completa.
O que os jogadores alemães veem quatro anos depois?
Companheiros de Gabriel Jesus, Fernandinho e Ederson no Manchester City, o meia Gündogan e o atacante Sané não estavam na Copa do Brasil. Para eles, os últimos anos representaram uma evolução da seleção brasileira, a primeira a obter vaga dentro de campo na Rússia.
“Acredito que o Brasil não é mais dependente de Neymar”, disse Leroy Sané no domingo. “Eles não precisam tanto (de Neymar) como em 2014. Estão mais compactos. A equipe está mais forte e todos aprenderam. Sem Neymar, eles têm um time forte e têm muitas opções”, ressaltou.
“Dá para entender a tristeza do Brasil”, falou Gündogan. “O 7 x 1 não é mais um assunto para nós. Não é por um torneio que se pode tirar qualquer conclusão desse resultado”, acrescentou o meio-campista, confirmado como titular ao lado de Sané.
A expressão de Thomas Müller sobre o jogo é mais marcante. Ele anotou o primeiro gol naquele dia, mas foi liberado por Löw e está fora do amistoso contra o Brasil. Mesmo assim, fez uma comparação sobre as visões diferentes que brasileiros e alemães têm do 8 de julho de 2014.
“Naturalmente que marca, fica na memória do perdedor da partida, porque para ele a competição acaba ali. Mas, para nós, aquilo foi um passo rumo à final. Naturalmente, um passo importante olhando para trás, mas apesar disso apenas permitiu com que chegássemos à final, o que um 2 a 1 também teria igualmente permitido. A viagem ainda não tinha acabado e por isso a final (contra a Argentina) permanece para nós como o jogo mais marcante e especial”, disse Müller.
Autor de dois gols naquele dia, Toni Kroos repetiu Sané e Gündogan. Para ele, a goleada fez o Brasil crescer. “Para mim, o atual time está muito acima da equipe de 2014. Nós nunca vamos esquecer o 7 a 1, mas eu acho que podemos seguir em frente”, disse o colega de equipe de Casemiro e Marcelo no Real Madrid.
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