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Copa 2018

Primeiro goleiro a jogar uma Copa de peruca superou Taffarel em 1994

Borislav Mihaylov, goleiro da Bulgária, durante o jogo contra a Grécia pela Copa do Mundo de 1994 - Jonathan Daniel/ALLSPORT
Borislav Mihaylov, goleiro da Bulgária, durante o jogo contra a Grécia pela Copa do Mundo de 1994 Imagem: Jonathan Daniel/ALLSPORT

Arthur Sandes

Especial para o UOL, em São Paulo

10/03/2018 04h00

A Copa do Mundo de 1994 foi marcante em muitos aspectos, mas nada foi tão peculiar quanto os cabelos do búlgaro Borislav Mihaylov. O goleiro, que viveu seu auge esportivo e midiático no Mundial dos Estados Unidos, incluindo momentos de herói em cobranças de pênalti, pode ter sido o primeiro jogador a, oficialmente, jogar um Mundial de peruca.

O mais incrível: a Bulgária do goleirão é um dos times mais icônicos (visualmente falando) daquela Copa. No gol, o topete artificial de Mihaylov. Na zaga, os mullets controversos de Triffon Ivanov. No meio, a carequinha marcante de Yordan Lechkov. E no ataque, Hristo Stoichkov – que compensava a falta de um visual chocante com seu futebol nível Romário.

Ivanov, Lechtkov e Stoichkov, da seleção da Bulgária que jogou a Copa do Mundo de 1994 - Simon Bruty e Ben Radford/Allsport - Simon Bruty e Ben Radford/Allsport
Os mullets de Ivanov, a carequinha de Lechtkov e Stoichkov
Imagem: Simon Bruty e Ben Radford/Allsport

Mihaylov jogou boa parte de sua carreira com a careca à mostra, mas apareceu cabeludo durante as Eliminatórias para a Copa. Nos EUA, o búlgaro ostentou sua peruca em todos os jogos. Após uma estreia frustrante (derrota por 3 a 0 para a Nigéria), a Bulgária acumulou feitos notáveis: conquistou sua primeira vitória na história das Copas, contra a Grécia, e bateu a Argentina de Batistuta & Cia. Nas oitavas de final contra o México, Mihaylov foi herói na disputa por pênaltis, com seu topete balançando nas duas cobranças defendidas. Tornou-se celebridade instantânea.

A vaga nas quartas de final motivou Mihaylov a fazer uma promessa para lá de original: se a Bulgária fosse campeã, sua comemoração seria atirar a peruca à torcida. Depois, diminuiu a aposta e traçou como meta a presença na final, mas a seleção parou no último degrau: caiu na semifinal para a Itália, que viria a ser vice-campeã contra o Brasil. A Bulgária ficou em quarto lugar, goleada pela Suécia na decisão do terceiro posto.

Mihaylov: à esquerda, em 1992, quando defendia o Mulhouse/FRA, e à direita, em 1995, quando foi apresentado no Reading/ING - Reprodução e Allsport UK - Reprodução e Allsport UK
Mihaylov: à esquerda, em 1992, quando defendia o Mulhouse/FRA, e à direita, em 1995, quando foi apresentado no Reading/ING
Imagem: Reprodução e Allsport UK

O goleiro búlgaro foi eleito o segundo melhor da posição da Copa de 94, atrás do belga Michel Preud’homme. Taffarel, tetracampeão brasileiro que defendeu pênaltis na decisão do Mundial, ficou atrás do “peruquinha”. A atuação marcante rendeu a Mihaylov uma transferência para o Reading, da Inglaterra, mas a experiência fracassou: o goleiro teve problemas conjugais, não conseguiu entrar em forma e acabou jogando poucas partidas (25 em dois anos).

Tempos depois, o motivo da adoção da cabeleira artificial foi revelado. O búlgaro havia comprado uma clínica estética em seu país e aproveitou para promover seus produtos com seu visual. A peruca, porém, fez tanto sucesso que o acompanha até hoje – incluindo na disputa da Copa da França, em 1998. O ex-goleiro é presidente da Federação Búlgara de Futebol desde 2005.

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