Jogadores "bissextos": Eles aparecem para brilhar na Copa. E só nela

Copa do Mundo carrega um fenômeno único no futebol: o jogador bissexto. São aqueles que, apesar de ostentar carreiras pouco notáveis e de muita irregularidade, aparecem como peças decisivas de suas seleções se quatro em quatro anos. As chances em grandes clubes costumam ser desperdiçadas e os nomes ficam esquecidos por anos. Até que um novo Mundial abra as portas...
Isso passa por atletas que brilharam por seleções pequenas, como o paraguaio Nelson Cuevas ou o ganês Asamoah Gyan. Mas também atinge campeões do mundo, como o brasileiro Kleberson e o alemão Lukas Podolski. Esta lista relembra alguns deles (e já prepara o terreno para novos "leões de Copa" que possam aparecer na Rússia em 2018).
Leões de Copa
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Lukas Podolski - Alemanha
O atacante canhoto, de chute potente e perfil carismático disputou as Copas de 2006, 2010 e 2014 - com cinco gols marcados. Foi titular nas duas primeiras, camisa 10 nas duas últimas. Na campanha do título da Alemanha há quatro anos, se destacou mais por brincadeiras e vídeos engraçados do que pelo desempenho em campo. A carreira de clubes é discreta, apesar de emplacar fases artilheiras. Mesmo no Bayern de Munique, onde passou três temporadas, só foi campeão alemão uma vez. Jogou ainda em Arsenal e Internazionale, mas sem se sobressair. Os melhores momentos foram no modesto Colônia, muitas vezes na Segunda Divisão alemã. Atualmente, aos 33 anos, defende o Vissel Kobe, time japonês que contratou Andrés Iniesta.
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Nelson Cuevas - Paraguai
Rápido e habilidoso, o atacante paraguaio se orgulha de ter marcado gols em duas Copas do Mundo. São três gols em quatro partidas nos Mundiais de 2002 e 2006. Na primeira campanha, ajudou os guaranis a alcançar boa campanha, parando nas oitavas de final diante da Alemanha, que seria vice-campeã. Em 2006, só foi às redes no último jogo da primeira fase, contra Trinidad e Tobago, com o Paraguai eliminado. Chegou a ter vida longa no River Plate antes da Copa na Coreia do Sul e no Japão, mas sempre como coadjuvante. Vagou ainda pelo México e por clubes paraguaios e teve chance até mesmo no futebol brasileiro. Já em 2008, o Santos o contratou. Foram 17 jogos e somente dois gols na equipe da Vila Belmiro. Está aposentado.
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Guillermo Ochoa - México
Na Copa de 2014, o Brasil poderia até ter goleado o México na segunda rodada da fase de grupos. Mas uma atuação impressionante do goleiro Guillermo Ochoa fez com que a partida no Castelão terminasse empatada sem gols. Depois disso, você dificilmente ouviu falar sobre o arqueiro que, aos 32 anos, vai para o quarto Mundial da carreira. Ochoa foi reserva em 2006 e 2010, mas já soma 94 partidas pela seleção mexicana. Na carreira de clubes, passou oito temporadas no tradicional América, se aventurou na França pelo pequeno Ajaccio, foi à Espanha por Málaga - quase sem jogar - e Granada e, por último, atuou pelo belga Standard de Liège.
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Rüstü Recber - Turquia
Cara pintada, ousadia para sair do gol e reflexos rápidos fizeram de Rüstü Recber um dos protagonistas da bela campanha da Turquia em 2002. Após o terceiro lugar conquistado na Coreia do Sul e no Japão, o goleiro (que já está aposentado) ganhou uma chance de ouro: defender o Barcelona. Era o início da "era Ronaldinho Gaúcho" na equipe catalã, mas Rüstü não durou muito. Fez somente sete partidas em uma temporada. O Barça o emprestou ao Fenerbahçe, clube do qual já era ídolo e que contou com seu futebol por 13 anos. Curiosamente, os últimos anos da carreira foram por outro dos times grandes da Turquia, o Besiktas.
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Fabio Grosso - Itália
Um pênalti sofrido que decidiu as oitavas de final contra a Austrália. Um belíssimo gol que abriu caminho para a vitória na semifinal diante da Alemanha. O pênalti que encerrou a série contra a França na decisão e deu o tetracampeonato à Itália na Copa de 2006. O lateral-esquerdo viveu dias de glória no Mundial da Alemanha, mas depois foi pouco notado no futebol. A carreira pré-Copa era "normalzinha", vivida em pequenos italianos como Perugia e Palermo. Depois, defendeu a Internazionale com alguma regularidade. Jogou ainda no Lyon e, em 2010, surpreendeu ao ganhar chance na Juventus. Foi titular no primeiro ano, mas se aposentou em 2012 depois de jogar só duas vezes na temporada.
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Maarten Stekelenburg - Holanda
O goleiro chegou à Copa de 2010, na África do Sul, com a bagagem de quase uma década como referência no Ajax. A Holanda conseguiu emplacar boa campanha para chegar ao vice-campeonato, com time de forte marcação e jogadores decisivos no ataque. E Stekelenburg teve seu momento de protagonismo, nas quartas de final, justamente contra o Brasil. A equipe de Dunga vencia por 1 a 0, gol de Robinho, quando Kaká recebeu na meia esquerda e preparou uma de suas jogadas mais características. O chute colocado, no entanto, foi defendido de maneira sensacional pelo goleiro holandês, que seria contratado pela Roma após o Mundial. A partir daí sua carreira desandou. Foi mal na Itália e nunca mais foi titular, ainda que esteja, aos 35 anos, defendendo o Everton no Campeonato Inglês.
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Joel Campbell - Costa Rica
O atacante é da mesma geração de Neymar e completará 26 anos durante a Copa do Mundo. Pertence ao Arsenal desde 2011, mas nunca se firmou por lá. Seu momento de maior brilho na carreira até hoje foi na Copa do Mundo de 2014. Campbell marcou um gol em cinco jogos e foi destaque da surpreendente Costa Rica, que só parou nos pênaltis contra a Holanda, nas quartas de final. Nos empréstimos feitos pelo Arsenal, já passou por França, Grécia - onde viveu a melhor fase, pelo Olympiacos -, Espanha e Portugal. Na temporada passada, pelo Betis, fez nove jogos e marcou dois gols.
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Kleberson - Brasil
Em 2002, Luiz Felipe Scolari ousou ao escalar Kleberson, um destaque recente do Atlético-PR campeão brasileiro um ano antes, como titular da seleção na Copa da Coreia do Sul e do Japão. A entrada do meio-campista fez a equipe crescer de produção e deu mais liberdade para Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo. Mas Kleberson não se limitava a marcar. Na final contra a Alemanha, passou perto de marcar bonitos gols de fora da área. Após a conquista do penta, foi para o Manchester United. A apresentação foi cheia de pompa, com um jovem português até ofuscado - sim, Cristiano Ronaldo. O brasileiro fez apenas 30 jogos pelos Red Devils em dois anos. Mas, nas voltas que o mundo dá, Kleberson ganhou outra Copa para disputar. Em 2010, quando defendia o Flamengo, foi convocado para ir à África do Sul sob o comando de Dunga. Jogou ainda pelo Bahia e por times de divisões inferiores nos Estados Unidos.
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Asamoah Gyan - Gana
Três edições de Copas do Mundo já tiveram a marca de Asamoah Gyan, que fez seis gols em 11 partidas. O forte e rápido centroavante de Gana, hoje com 32 anos, começou a escrever sua história em 2006, na Alemanha, e se despediu provavelmente em 2014, no Brasil. Mas ele nunca esteve tão em evidência como em 2010. Sua eficiência nos contra-ataques levou Gana às quartas de final. Contra o Uruguai, o atacante teve a chance de virar lenda com um pênalti nos minutos finais, após Luis Suárez evitar gol com a mão em cima da linha. Gyan, porém, falhou, isolando a cobrança. A partida foi para a prorrogação e para os pênaltis, com os uruguaios triunfando. Em clubes, o centroavante foi nômade, passando por Itália, França, Emirados Árabes - única vez em que foi protagonista -, Inglaterra, China e Turquia.
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Tim Krul - Holanda
Quem imaginaria ver um técnico, durante um jogo de quartas de final de Copa do Mundo, substituir um goleiro durante a prorrogação? Foi esse momento de epifania de Lous van Gaal que proporcionou a Tim Krul seus 15 minutos de fama no futebol. O titular da Holanda no Mundial de 2014 era Jasper Cillessen, mas ele deu lugar a Krul minutos antes da decisão por pênaltis contra a Costa Rica. E o reserva foi decisivo para classificar a Laranja Mecânica, que perderia depois para a Argentina na semifinal. Krul ganhou nome, mas sua carreira em clubes se resume a cinco anos como titular do Newcastle, no Campeonato Inglês. Na última temporada, o goleiro de 30 anos jogou só oito vezes pelo modesto Brihton & Hove Albion, também da Inglaterra.
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El-Hadji Diouf - Senegal
Senegal animou o planeta na Copa de 2002. As dancinhas após os gols e os contra-ataques velozes levaram os africanos às quartas de final, incluindo vitória sobre a França, que defendia o título de 1998 naquela ocasião. Um dos expoentes daquele time era o atacante Diouf. Ele não fez nenhum gol em cinco jogos do Mundial, mas garantiu um bom contrato com o Liverpool. Em duas temporadas por lá, jogou 80 vezes, fez seis gols, mas colecionou casos de indisciplina e saiu como persona non grata do clube. O resto da carreira, que terminou em 2015 na Malásia, foi sempre em times pequenos na Inglaterra.
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