UOL Esporte Futebol
 
Guyanne Araújo/UOL Esporte

Operários que aderiram à greve no Mineirão reunidos na parte externa do estádio

16/06/2011 - 16h05

Grevistas do Mineirão reclamam de banhos de água fria e falta de armários

Guyanne Araújo
Em Belo Horizonte

Operários envolvidos na reforma Mineirão para a Copa do Mundo de 2014, que cruzaram os braços na quarta-feira e mantiveram a greve nesta quinta, apontam dificuldades para trabalhar nas obras do estádio, que estão parcialmente paralisadas. As reivindicações dos trabalhadores passam, principalmente, por aumento de salários e melhor condição de trabalho.

  • Sylvio Coutinho/Divulgação

    Secopa-MG sustenta que paralisação é parcial e diz que 60% dos operário seguem trabalhando

Ouvidos pela reportagem do UOL Esporte, nesta quinta-feira, trabalhadores não pouparam reclamações. Os grevistas alegam, por exemplo, que falta água quente em todos os chuveiros e armários no local para acomodar roupas e objetos pessoais.

“A gente tem que trabalhar com a mochila nas costas, porque eles não se responsabilizam pelas perdas, se alguém passar e pegar”, reclamou Rodrigo Benigno.

“Se a gente chega cinco minutos atrasado, não podemos tomar café, eles não dão e falam que vão jogar fora. Tem gente que fica trabalhando até as onze da noite sem janta. Queremos que resolva logo. Queremos trabalhar certo”, acrescentou Marco Tulio Oliveira.

Para Ronildo Dias, há até mesmo companheiros com salários atrasados. “Obra assim, só no papel mesmo. Dinheiro tem, mas faltou planejar. Eles olham mais pela empresa. Tem muita gente que vai embora pelas condições de trabalho. Tem gente sem receber há um mês, dois e três meses”, afirmou o operário.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção de BH e Região, Osmir Venuto, disse que ‘a empresa que faz o tubulão (Fundasol Fundações) está com os salários atrasados’.

A Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) nega atraso no pagamento dos trabalhadores e diz que a Fundasol apresentou comprovantes de quitação dos salários dos operários.

Em relação às críticas sobre as condições de trabalho, a Secopa informa que o consórcio Arena Minas, responsável pela reforma do Mineirão, obedece às normas do Ministério do Trabalho.

Proposta no papel

Dispostos a manter a greve, os trabalhadores recusaram, em assembleia na manhã desta quinta-feira, a primeira proposta apresentada pelo Minas Arena “Ficou como verbal, queremos no papel, isso ficou em aberto”, disse o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção de BH e Região, Manoel Alves de Almeida.

Segundo ele, o sindicato aguardará novo contato do consórcio e da Secopa ainda nesta quinta-feira. “Para termos um avanço e amanhã (sexta-feira) podermos voltar às atividades normais”, afirmou o sindicalista.

Os trabalhadores reivindicam aumento de salários, de R$ 926 (oficiais) e R$ 605 (serventes) para R$ 1250 e R$ 850, respectivamente, além de receber 100% de hora extra, que atualmente é de 60%, e cesta básica de 35 kg.

Manoel Alves disse que 400 dos aproximadamente 500 operários envolvidos nas obras do Mineirão aderiram à paralisação. Em nota divulgada no início da tarde desta quinta-feira, a Secopa sustenta que a greve atinge 40% dos trabalhadores.

Ainda de acordo com a secretaria, a previsão de encerramento das obras do Mineirão, orçadas em R$ 743,4 milhões, está mantida para dezembro de 2012. Confira a nota da Secopa:

A Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo informa que a empresa Minas Arena, responsável pela modernização e posteriormente pela operação do estádio Governador Magalhães Pinto, Mineirão, conduz diretamente a negociação para normalização dos trabalhos no estádio.

A Secopa acompanha o processo e aguarda solução rápida para a paralisação parcial que atinge cerca de 40% da obra.

A Minas Arena considera que as propostas oferecidas atendem às reivindicações dos operários. Com isso, a empresa espera a volta imediata ao trabalho para dar prosseguimento ao acordo fechado em reunião com sindicalistas.

A Minas Arena e a Secopa confiam em uma solução definitiva o quanto antes e mantêm a previsão de conclusão da obra do Mineirão para dezembro de 2012.  

 

Mineirão caminha a passos lentos com greve
Veja Álbum de fotos

Placar UOL no iPhone

Hospedagem: UOL Host