UOL Esporte Futebol
 
15/06/2011 - 07h26

Sem contrato, Corinthians tem duas semanas para viabilizar arena para Copa

Roberto Pereira de Souza
Em São Paulo

O Corinthians tem prazo até o fim dessa semana para iniciar a formalização de um documento que garanta as obras do Itaquerão. O clube ainda não tem contrato assinado com a construtora Odebrecht e o estádio corre risco de ficar inviabilizado para a disputa da Copa do Mundo de 2014. 

“Se o contrato não for assinado nos próximos 15 dias, a obra não será entregue a tempo de ser usada na Copa de 2014", garantiu uma pessoa envolvida na negociação e que pediu para não ter seu nome revelado.

ANDRÉS TEM 15 DIAS PARA DEFINIR ARENA

  • Antonio Cruz/Agência Brasil

    Impasse com Odebrecht atrasa início das fundações. Corinthians não quer gastar mais que R$ 400 milhões na construção do estádio

Segundo a mesma fonte, a Fifa vai anunciar a divulgação da sede de abertura do Mundial no dia 27 de julho, três dias antes do sorteio das eliminatórias da Copa. A Fifa terá até o dia 30 de julho para oficializar o nome da cidade de abertura e os dirigentes corintianos ainda sonham com essa possibilidade.

O problema é que para abrir o Mundial o futuro estádio precisará ter uma série de melhorias, como camarotes blindados, elevadores dimensionados, 65 mil lugares e capacidade para abrigar até 10 mil jornalistas – com instalações de transmissão ao vivo para o mundo todo.

As obras do estádio estão atrasadas devido a problemas de orçamento.  Apesar do otimismo dos grupos envolvidos na discussão do custo final do estádio, o fato concreto é que o projeto, orçado em cerca de R$ 1 bilhão, nem aparece no site da construtora Odebrecht.  

Por excesso de dúvida quanto à construção da obra, Corinthians e Odebrecht chegaram a um acordo de cavalheiros, dividindo a empreitada  em dois módulos. O primeiro é a movimentação de terra e remoção dos oleodutos da Petrobras. O segundo módulo é a obra em si, cujo dinheiro para sua execução ainda não está garantido.

  • Sergio Lima/Folhapress

    Dilma Rousseff mostra otimismo e diz que obras para Mundial e Olimpíadas ficarão prontas a tempo

Para aumentar o impasse, uma  segunda construtora, a Serpal, do grupo Advento, apresentou um orçamento mais barato em cerca de R$ 300 milhões.  A empresa  teria sido convidada pelo clube a apresentar um projeto  como plano B e isso gerou uma situação considerada estranha ao mercado de grandes obras:

“A Odebrecht, que teve seu orçamento questionado pelo Corinthians, foi escalada para qualificar a Serpal no segundo orçamento...Isso mesmo, o Corinthians espera o aval técnico da Odebrecht para saber se o orçamento da Serpal é válido do começo ao fim da obra”, explicou outra pessoa que participa das discussões, no clube.

MPF-SP RECOMENDA QUE TRANSPETRO NÃO AUTORIZE REMOÇÃO DOS DUTOS

  • O Ministério Público Federal de São Paulo recomendou, em nota oficial, que a Transpetro não autorize a remoção dos dutos que passam por baixo do terreno do Itaquerão enquanto o Corinthians não se responsabilizar pela obra. O órgão oficial teme que a subsidiária da Petrobras acabe tendo de arcar com os custos do processo.

Várias reuniões entre técnicos das duas construtoras vêm sendo feitas e os dados estão sendo repassados ao presidente corintiano, Andrés Sanchez. Ele  não aceita gastar mais que R$ 400 milhões na construção do estádio, dinheiro que virá de  empréstimo-padrão liberado  pelo BNDES a todas as 12 sedes da Copa. Além disso, o Corinthians terá direito a cerca de R$ 350 milhões captados pelos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CID), emitidos pela Prefeitura de São Paulo. O projeto do CID foi enviado à Câmara Municipal pelo prefeito Gilberto Kassab, dia 10 de junho, mas ainda não foi aprovado. O CID será usado para pagamento de ISS e IPTU. Negociado no sistema financeiro, o CID vira dinheiro em caixa, como uma duplicata descontada com antecedência.

Para bancar seu projeto, a Odebrecht já prometeu ao Corinthians buscar financiamento no mercado, servindo como uma espécie de fiadora, tendo como garantia a receita da arena. Mas o impasse continua. A futura arena não suportaria uma dívida operacional superior a R$ 300  milhões. “Isso comprometeria as receitas e a contabilidade do clube”, afirmou um técnico em finanças.

“Embora as obras da Copa do Mundo sejam apresentadas como 100% isentas de impostos, isso não é verdadeiro.  A isenção tributária não será total. A legislação federal, estadual e municipal ainda não foi regulamentada mas as obras já começaram”, explicou um agente financeiro.

Segundo fontes ligadas ao projeto, o orçamento inicial divulgado de cerca de R$ 700 milhões era “irreal”, considerando as características do solo. O local onde será construído o estádio era uma área utilizada para depositar entulhos de obras da Sabesp e isso alterou a planilha de terraplenagem final.

Placar UOL no iPhone

Hospedagem: UOL Host