UOL Esporte Futebol
 
20/02/2011 - 07h38

Detentos deixam prisão em Cuiabá para construir estádio da Copa-2014

Do UOL Esporte
Em São Paulo

Um projeto criado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) mudou a rotina de oito detentos em Cuiabá (MT). O programa "Começar de Novo" selecionou o grupo para trabalhar nas obras da Copa do Mundo de 2014, segundo reportagem publicada neste domingo pelo jornal Folha de S. Paulo. Com pena em regime semiaberto ou em prisão domiciliar, eles ajudam a erguer a Arena Pantanal.

O CNJ pretende colocar cerca de mil presos trabalhando nos próximos três anos nas 12 cidades do Mundial brasileiro. O governo de Mato Grosso lidera a iniciativa e já prepara um novo grupo para entrar nas obras de Cuiabá para o Mundial no final deste semestre.

Salvador, Belo Horizonte e Brasília também já organizam as primeiras turmas de detentos. No Distrito Federal, os três primeiros presos começam os trabalhos daqui a três dias. Assim como as obras da Copa estão demorando a deslanchar na maioria das sedes, o programa do CNJ ainda está em ritmo lento.

Na próxima quinta-feira, o conselho fará uma reunião com representantes dos tribunais de Justiça dos 12 Estados para cobrar que o projeto decole. São Paulo e Rio nem começaram a capacitar os presos. No entanto, o caso de Cuiabá serve como exemplo.

"Espero engrenar na vida agora", diz o paraense Cleber Leonel Leite, 31, fazendo anotações numa prancheta debaixo de um sol de quase 40C, na quarta de manhã, enquanto uma imensa perfuradora trabalhava no solo encharcado do futuro estádio. Leite foi preso em 2009 nos arredores de Cuiabá com 80 kg de maconha. Levaria, de ônibus, a droga da Bolívia para Porto Velho (RO).

"Estou gostando muito. Quero crescer aqui e mudar de setor em breve. Além disso, o trabalho ajuda a diminuir a minha pena", disse Adeilton Santos Silva, 28, enquanto trabalhava na construção de um muro que vai cercar a Arena Pantanal.

Silva foi detido pela última vez em 2004, ao roubar uma caminhonete na divisa com a Bolívia. Ele já tinha sido preso duas vezes por assaltos. A pena a ser cumprida pelos três crimes é de 14 anos. Os condenados têm direito a um dia de redução da pena para cada três dias de trabalho. Também recebem salário mínimo, auxílio-transporte e vale-alimentação.

Pelo programa do CNJ, 5% dos operários envolvidos nas obras da Copa virão de presídios. Até agora, 200 operários trabalham na arena de Mato Grosso. No segundo semestre, quase mil trabalhadores entrarão no canteiro -50 deles serão apenados.

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