Caso Gerson se torna maior desafio para Boto por impacto no ano do Flamengo
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Desde o início do ano, desenrola-se uma novela sobre a permanência de Gerson no Flamengo com seu estafe sinalizando com propostas. Esse enredo agora parece (repita-se, parece) se encaminhar para uma saída dele para o Zenit, da Rússia.
Em todos os aspectos, o caso se tornou o maior desafio da gestão do diretor de futebol, José Boto, para não comprometer a temporada do Flamengo em 2025.
No início do ano, Gerson e Marcão (pai e procurador) pressionavam por aumento salarial com sondagens dos russos. O Flamengo nunca recebeu uma proposta oficial, embora se falasse de 18 a 28 milhões de euros vindos do Zenit.
Em abril, o meio-campista teve um aumento de mais de 50% no salário, subiu ao patamar dos mais bem pagos (o que era justo). Mas o contrato teve a multa reduzida de 200 milhões para 25 milhões de euros (R$ 158 milhões). O período foi de 2027 para 2030.
Seria bem mais transparente da parte de Gerson deixar claro que queria sair há dois meses e o Zenit negociar um valor. Renovar e se aproveitar da multa mais baixa soa meio oportunista. Não é a primeira vez que Gerson e Marcão forçam saídas de clubes -ocorreu, aliás, nas duas vindas ao Flamengo.
A diretoria do clube sugeriu a mudança da multa por ser mais adequada ao salário. Entende que esse valor - pago à vista - é bem vantajoso por um jogador de 28 anos que foi duas vezes à Europa. Há ainda um incômodo com a postura do jogador e seu pai, como relatado pelo colega Mauro Cezar.
Mas é um fato de que, ao baixar a multa, o Flamengo abriu mão do poder de barganha na negociação ou de dizer não. Agora toda a negociação está na mão do Zenit e de Gerson. São eles que decidem o futuro do jogador na abertura da janela russa. Mais, o clube permitiu que outros jogadores queiram renegociar multas para baixo em renovações, como já ocorreu com Pulgar.
De fontes com conhecimento do negócio, ouve-se que o Zenit pagará a multa e que Gerson deve aceitar. Longe de ser certeza. O clube rubro-negro não recebeu nenhum contato dos russos.
O valor de 25 milhões de euros é bom por um jogador de 28 anos? É possível dizer que sim, com base em referências anteriores e olhando o mercado. Esse julgamento sobre a vantagem da saída, no entanto, não é completamente objetivo. Qual o impacto da perda de Gerson para a temporada?
Trata-se de um jogador de seleção brasileira, referência técnica e capitão do time. Joga em duas ou três posições, suprindo contusões de outros nos últimos tempos. Dá até para argumentar que é o principal pilar do time, talvez um dos dois, ao lado de Arrascaeta.
Não é uma substituição fácil mesmo com dinheiro. O Flamengo terá de achar um jogador com as mesmas características ou mudar o time, abrindo mão do armador pela direita no seu estilo. Ou terá de achar dois atletas para suprir um coringa. E mais: terá de encontrar um atleta que se adapte ao clube rubro-negro e sua pressão.
Outra liderança terá de substituí-lo como referência no clube, coisa que as pessoas costumam dar pouca importância, mas quem vive o futebol sabe ser relevante.
Tudo isso terá de ser conduzido por José Boto e Filipe Luís em meio a um Mundial de Clubes e à possibilidade de a multa ser paga só em julho. Ou seja, menos tempo de achar a reposição, fora o impacto desse vai e vem durante a competição nos EUA.
O novo departamento de futebol rubro-negro tem, sem dúvida, um desafio grande para não comprometer uma temporada em que é líder do Brasileiro. Vive esse cenário com a decisão nas mãos do jogador, não de si mesmo.
Da parte de Gerson, ele terá de decidir entre o maior valor de dinheiro em salários - uma escolha pessoal totalmente compreensível - e um impacto em sua carreira na seleção. O técnico Ancelotti disse que continuará a observá-lo no Campeonato Russo, mas é só ver o que ocorreu com Luiz Henrique (que sumiu da seleção) para perceber que há impacto a um ano da Copa-2026.
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