Rodrigo Mattos

Rodrigo Mattos

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
ReportagemEsporte

Como 'nova CBF' analisa propostas dos clubes e busca relação com opositores

Os 38 clubes das Séries A e B assinaram um manifesto para mudanças no futebol brasileiro. O documento ocorre em meio à eleição da CBF em que a maioria dos times não apoiou o virtual novo presidente da confederação, Samir Xaud.

Um grupo de 29 clubes tinha apoiado a candidatura do presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos.

Mas, com 25 assinaturas de federações e dez times, Samir Xaud, de Roraima, consolidou seu registro de chapa e inviabilizou a oposição - são necessárias 8 federações. No domingo, deve ser eleito presidente da CBF.

Desde então, Xaud faz um movimento de aproximação dos clubes opositores. Ele já ligou para praticamente todos os 29 times que assinaram a chapa rival.

Ainda esteve na reunião da Comissão Nacional de Clubes. E foi apresentado também ao presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista.

O grupo de Xaud -que tem vices como Ricardo Paul (Pará), Flávio Zveiter e Fernando Sarney- entende que tem pautas em comum com os clubes. Na sua visão, há propostas similares para o futuro do futebol brasileiro. Veja qual a posição da virtual nova diretoria da CBF em relação ao manifesto dos clubes.

Alteração do processo eleitoral

Os clubes reivindicam maior peso no processo eleitoral da CBF. Atualmente, há peso três para federações, dois para clubes de Série A e um para times de Série B. A tese é de que os times são protagonistas e deveriam ter um papel maior no processo eleitoral.

Esse é o ponto de maior divergência com a nova CBF. Há um entendimento entre as federações que devem ter um peso maior por representarem outros clubes que não estão na mesma divisão.

Continua após a publicidade

A CBF deve ter nova alteração estatutária, mas esse ponto não será mexido.

Inclusão dos clubes em todas as assembleias da CBF

Por estatuto, os clubes participam de assembleias eleitorais na CBF. Mas não atuam em reuniões de aprovação de contas e de mudança de estatuto. O objetivo dos clubes é ter também protagonismo nessas reuniões.

É outro ponto em que há divergência. O entendimento da nova diretoria da CBF é de que a assembleia administrativa é para incluir apenas federações.

Reconhecimento que as propriedades comerciais da Série A é dos clubes

Os clubes entendem que a CBF deveria abrir mão de todas as propriedades comerciais do Brasileiro. Atualmente, os times exploram direitos de TV e placas. Mas a confederação pediu uma fatia das placas e patrocínios, em torno de 10%. Os clubes queriam abocanhar os naming rights.

Continua após a publicidade

Neste ponto, a nova diretoria da CBF entende que há campo para debate. A intenção é incentivar a liga e que os clubes assumam de vez a gestão do Brasileiro. Neste sentido, poderia, sim, ser discutida a cessão definitiva das propriedades. Mas aí haveria um debate sobre contribuição dessas Séries A e B para o fomento de outros campeonatos. Atualmente, a CBF banca das séries C e D.

É um tópico em que haverá esse debate sobre o papel de cada parte.

Poder executivo ao Conselho Nacional de Clubes

Os clubes querem que o CNC tenha um poder resolutivo. Ou seja, se houver uma decisão do grupo de clubes, já vira fato sem necessidade de ser referendado pela CBF.

Esse é outro ponto que vai gerar debate na nova diretoria da CBF. O entendimento é de que, sim, deve haver maior participação dos clubes nas decisões sobre o futebol brasileiro. Mas o tamanho do poder deles está em discussão.

Calendário aprovado por Libra e LFU

Os clubes querem ter poder sobre o calendário do futebol brasileiro. Atualmente, a CBF tem a prerrogativa absoluta de definir o cronograma de jogos.

Continua após a publicidade

A nova diretoria da CBF quer, sim, desafogar o calendário. O novo presidente Samir Xaud pensa em Estaduais, no caso da Série A, que tenham no máximo 12 datas. No seu Estado, em Roraima, ele reduziu o campeonato de 22 datas para 14, com mudanças de formato.

Quem terá o poder para definir o formato final do calendário, no entanto, será alvo de discussão.

Fair Play financeiro

Membros da futura diretoria da CBF já sinalizaram serem a favor da implementação de um sistema de Fair Play financeiro. Ou seja, estabelecer um controle de gastos dentro das possibilidades dos clubes.

É uma pauta também das principais lideranças do grupo de clubes. Neste caso, há uma convergência.

Presidente anterior, Ednaldo Rodrigues não era contra o Fair Play, mas deixava na mão dos clubes, e nunca fez movimento para implementá-lo. A nova diretoria deve ter um projeto próprio neste sentido.

Continua após a publicidade

Fomento ao futebol das Séries C e D

Esse é um ponto de convergência entre os clubes e a nova diretoria da CBF. Os dirigentes da nova confederação inclusive entendem que esse foi um ponto positivo do mandato de Ednaldo Rodrigues: ele aumentou a verba para os dois campeonatos de séries mais baixas.

Com isso, clubes das Séries C e D passaram a ter cota e maior estrutura no campeonato. A nova diretoria da CBF pretende manter essa política e ampliá-la.

Oriundo de Roraima, Xaud experimentou no próprio Estado que o investimento no futebol local, inclusive nos Estaduais, faz diferença no desenvolvimento do futebol em cada Estado.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.