Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Como decisão de corte da CBF sobre dívida do Corinthians irritou credores

O tribunal da CBF (CNRD) decidiu as condições para o Corinthians pagar R$ 77 milhões em dívidas. O plano aprovado contrariou pedidos dos credores dos clubes, embora tenha sido mais duro do que pretendia o clube.

E há um detalhe: o Corinthians ganhou o direito de incluir novas dívidas no parcelamento desde que tenham sido contraídas antes da decisão do tribunal.

São no total 25 credores do clube alvinegro no tribunal. Entre eles, os principais são o Cuiabá (R$ 18,1 milhões), empresas do agente André Cury (R$ 18,7 milhões), o ex-jogador Jadson (R$ 13,1 milhões).

Inicialmente, o Corinthians queria pagar em oito anos, com parcelas semestrais, com valores de R$ 150 mil por processo. Destinaria menos de 1% da sua receita para os débitos, como observou o tribunal.

Houve objeção da maioria dos credores para redução do prazo e para mudanças das condições.

Ao final, o tribunal concedeu seis anos para pagamento, com parcelas trimestrais. Cada dívida, portanto, é dividida por 24 vezes. O Cuiabá receberia R$ 750 mil.

Só que o primeiro pagamento acontecerá apenas em 17 de julho, oito meses depois de o tribunal aceitar suspender sanções ao Corinthians para discutir um plano coletivo.

Outro ponto que contrapôs o Corinthians e credores foi quanto ao reajuste. Dos credores, 94% dos que se manifestaram queriam o reajuste por juros. Não objetaram com índice de inflação como responsável pela correção. E o clube sugeria o IPCA (índice de inflação). O tribunal foi favorável ao Corinthians e não instituiu juros: alegou seguir procedimento de outros processos.

Metade dos credores que pediu ainda pagamentos extraordinários por recebimento de premiações ou transferências de jogadores. O clube resistia por já ter comprometido parte desses valores com outros credores. O tribunal da CBF aceitou excluir esses pagamentos.

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Outro pleito do clube era que todos os futuros processos no CNRD fossem incluídos no plano. Na prática, assim, o clube poderia formar novas dívidas e já incluir no pagamento em seis anos.

Houve dois credores contra e outros exigiam que as condições de entrada de novos processos fosse discutida.

O tribunal da CBF permitiu que o Corinthians inclua novas dívidas desde que formadas antes da decisão de aprovar o plano coletivo.

Para se ter ideia, o Cuiabá, maior credor do Corinthians, vai receber uma parcela em torno de R$ 750 mil por trimestre pelo pagamento de Raniele. Seriam R$ 1,5 milhão por semestre e R$ 3 milhões por ano. Ou seja, só terá o valor quitado em seis anos.

"A nossa indignação é que o valor que temos a receber, que é de R$ 18 milhões, vai ser dividido em 24 parcelas trimestrais, descumprindo todo o acordo que havia sido feito inicialmente com o Corinthians. O jogador comprado por eles em 2024 (o volante Raniele), vai ter terminado de pagar somente em 2031, sem juros. Isso não existe. Esse valor total é irrisório perto do que o Corinthians fatura e continua contratando", afirmou o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, por meio de sua assessoria.

Reportagem

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