Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Apostadores tinham certeza de cartão de Bruno Henrique, relata PF

Diálogos entre o jogador do Flamengo Bruno Henrique e seu irmão Wander Nunes Pinto indicavam certeza de que o jogador receberia cartão amarelo no jogo com o Santos, no Brasileiro-2023. Conversas de apostadores também demonstram segurança de que a punição ocorreria.

É o que aponta o relatório da Polícia Federal que pediu o indiciamento do atleta.

"Conforme o noticiado na mídia, na esfera desportiva, a defesa de BRUNO HENRIQUE teria suscitado que 'chamaria a atenção a frieza da qual o atleta teria que dispor para aguardar os acréscimos do segundo tempo para perpetrar a ilegalidade pretendida, inclusive correndo o risco de que a partida fosse encerrada antes de ter consumado o ato'. No entanto, conversas prévias ao jogo mantidas com WANDER indicavam a 'certeza' do recebimento do cartão, indícios que se encontram materializados pelas apostas realizadas por familiares e amigos do irmão, como será detalhado a seguir", diz o relatório.

Além disso, a polícia detalhou quatro lances de Bruno Henrique no jogo em que ele poderia ser punido com amarelo. Foi feita uma análise da partida pelas polícias em imagens cedidas pela Globo.

Como já relatado, a primeira conversa de Bruno Henrique e Wander sobre ele receber o cartão amarelo ocorre em 29 de agosto. O jogador disse que ocorreria contra o Santos quando deveria receber a terceira punição e ser suspenso.

Eles voltam a se falar mais duas vezes sobre o atleta receber amarelo. Na véspera da partida, Bruno Henrique lembra o irmão "a parada que você me perguntou".

O relatório da PF então analisou os lances do jogo. Aos cinco minutos do segundo tempo, ele e Gabigol reclamam "acintosamente" com o árbitro por uma falta. Só Gabigol é punido.

Aos 18 minutos, Bruno Henrique faz falta que, na descrição da PF, é "punível com amarelo". O juiz Rafael Klein não o sanciona.

Quatro minutos depois o jogador faz nova reclamação. E, aos 35 minutos, Bruno Henrique derruba um adversário e "chutou a bola para longe". "Tal ação caracteriza, em tese, um lance 'clássico' para o recebimento de cartão amarelo", diz o relatório.

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Durante o jogo, Wander, irmão de Bruno Henrique, conversa com outro apostador Claudinei Bassan.

Wander: "Já era para ter dado e tá nessa porra aí?"

Claudinei: "Deve tomar agora?"

Para a PF, "o trecho indica que os interlocutores conversam sobre o árbitro ainda não ter dado o cartão amarelo para Bruno Henrique e mostra que os investigados teriam conhecimento que o atleta receberia o cartão".

Um outro diálogo de Bruno Henrique com seu irmão Wander mostra que ele sabia da aposta. Tanto que emprestou um dinheiro ao parente com a promessa de receber de volta o dinheiro quando fosse desbloqueado o pagamento.

Outras conversas gravadas entre os apostadores mostra que estavam preocupados com o fato de casas de apostas como a Betano terem bloqueado o dinheiro ganho por suspeitas de manipulação.

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Bruno Henrique foi indiciado pela Polícia Federal por fraude a evento esportivo e estelionato. Outras nove pessoas, incluindo seu irmão Wander, foram indiciadas no artigo 171 do código penal.

Sua defesa até agora não se pronunciou. Anteriormente ao relatório da PF, o jogador tinha se declarado inocente em entrevistas. O Flamengo soltou nota em que fala em presunção da inocência.

Reportagem

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