Liga e antirracismo: o que esperar do próximo mandato de Ednaldo na CBF
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Como presidente desde 2021 na CBF, Ednaldo Rodrigues talvez tenha atingido sua estabilidade plena só agora com sua reeleição quando teve apoio unânime entre clubes e federações. Neste cenário, seu principal desafio será justamente lidar com o projeto de liga para o projeto, que certamente terá atritos e fagulhas com as agremiações.
Tanto que o tema da liga permeou discurso e respostas de Ednaldo após a confirmação de sua eleição.
O dirigente da CBF deixou claro ser a favor que os clubes assumam o Campeonato Brasileiro e tenham papel mais preponderante em decisões. Os clubes demandam que a CNC (Comissão Nacional de Clubes) tenham poder decisivo nos assuntos do futebol brasileiro.
Questionado pelo blog sobre a organização da Série A pelos clubes, Ednaldo disse: "Depende deles".
Se não há barreiras, há diversos pontos a ser discutido em um acordo para definir os papéis de clubes e da CBF neste novo cenário. Ednaldo lembrou que já quis chamar especialistas da Fifa para discutir a construção de uma liga com cada papel definido.
"Será preciso respeitar o sistema federativo, o calendário da CBF, primeiro o da Conmebol, o da Fifa", contou.
"Quando (Ednaldo) apoia a formação e criação da liga, estamos esperançosos que a ligas serão instaladas e vamos crescer junto com o futebol brasileiro", analisou o presidente do São Paulo, Julio Casares.
Mas, neste caldo, há também o debate sobre como fica o financiamento do restante do futebol brasileiro com a liga para cuidar da Séries A e B. A CBF banca organizações das Séries C e D e outras competições de base e femininas. E conta com isso também com receitas como naming rights da Primeira Divisão, que os clubes querem. Essa discussão já ocorreu no último Conselho Técnico.
Ainda teria de se traçar as responsabilidades de cada um nas regras da liga, na arbitragem, etc. Ednaldo folou em melhorias para gramado, iluminação e estrutura do futebol brasileiro.
"Melhores iluminação, gramado, todos os assuntos de melhoria do futebol brasileiro nós vamos fazer com todos eles. Não é impositivo. Vai ser dentro de um tratamento de diálogo com clubes e confederações. Através da Comissão de Clubes que cada vez mais seja forte, independente e propositiva", discursou Ednaldo.
Isso também já ocorre ao debate sobre a CNC (Comissão Nacional de Clubes). Os clubes querem que as decisões ali sejam impositivas, a CBF ainda não bateu o martelo.
"Com a liga e a Comissão de clubes, podemos ter mais autonomia e mais velocidade para as decisões", lembrou Casares. Ele também falou em melhorias de gramado e estrutura do futebol.
E um assunto tocado por Ednaldo e que está na boca da maioria dos clubes é o Fair Play financeiro (conjunto de regras para controle das contas do clube). O dirigente defendeu ao blog como necessário sua implantação, assim como clubes como Flamengo, Palmeiras e Fortaleza têm sido bastante vocais sobre o assunto.
Fora da liga, outro tema forte para a CBF é o imbróglio com a Conmebol relacionado ao combate ao racismo. Ednaldo diz ter boa relação com a entidade sul-americana, mas entende que há uma discordância sobre a aplicação de penas esportivas para insultos.
"No Brasil, também houve resistência à implantação da medida. Demorou e colocamos no regulamento geral de competições", disse ele.
Obviamente, o dirigente ainda terá um papel na condução da seleção brasileira. Escolherá o técnico (ou os técnicos) de duas Copas do Mundo. Por enquanto Dorival Jr é o treinador, mas depende de uma melhoria de seus resultados e desempenho para ficar até o Mundial.
O que Ednaldo tenta, em seu segundo mandado, é afastar a imagem de que há uma crise no futebol brasileiro. "Narrativas absurdas de que o futebol brasileira está no fundo do poço", discursou.
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