Brasil gera R$ 4,7 bi à Conmebol em acordo de TV; clubes levam fatia menor
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Os clubes brasileiros e a Conmebol vivem uma situação de conflito por conta dos protestos relacionados a atos racistas. Neste contexto, há a discussão sobre a dependência que a entidade tem do Brasil, e que os times têm da Libertadores. E os números mostram que a confederação arrecada a maior parte do dinheiro da competição em solo nacional.
A Libertadores e a Sul-Americana têm uma receita no seu ciclo de contrato de US$ 1,8 bilhão (R$ 10,2 bilhões). Esse dinheiro se refere aos quatro anos de acordos, de 2023 a 2026, incluindo TV e patrocínio.
Em relação à TV, o valor arrecadado é de US$ 1,520 bilhão (R$ 8,6 bilhões). Ou seja, gira em torno de US$ 380 milhões por ano.
Desse total, 55% são obtidos com contratos para direitos do Brasil, segundo apurou o blog. A fatia é ainda maior do que se estimava no país. O Brasil, portanto, representa mais da metade da renda: US$ 836 milhões (R$ 4,7 bilhões).
O Palmeiras ameaçou com uma saída da Conmebol por discordar da punição dada pela entidade ao Cerro Porteño no caso de racismo contra Luighi. Falou em se filiar à Concacaf (Confederação da América Central, do Norte e Caribe).
O movimento é extremamente improvável, já que a filiada de fato à Conmebol é a CBF. A Fifa tem uma estrutura federativa em que não é fácil ou é impossível esse tipo de ação. Mas uma saída dos clubes brasileiros representaria uma perda de mais da metade do valor da Libertadores e da Sul-Americana.
E os clubes brasileiros recebem de volta o dinheiro que geram para a competição? A resposta simples é não.
Levantamento da própria Conmebol mostra que os clubes brasileiros arrecadaram US$ 492 milhões (R$ 2,8 bilhões) com a Libertadores de 2019 a 2024. O período é diferente do ciclo do contrato, mas dá uma ideia do ganho percentual dos times.
As equipes nacionais levaram 33% do total dos prêmios distribuídos pela Conmebol. No total, a entidade dividiu US$ 1,469 bilhão em prêmios para os clubes. Isso já retirados os custos.
E o Brasil só teve essa fatia de um terço dos prêmios porque acumulou todos os campeões desde 2019. Como a Conmebol não estabelece nenhum fato de distribuição por peso de mercado, os clubes só ganham por mérito esportivo. Se parar de ganhar títulos, o país vai ver sua fatia bem reduzida.
Na Champions, há uma critério chamado "Vallue Pillar", que leva em conta a fatia de contribuição de cada país para o bolo de direitos de TV. Para esse item, são destinados 35% dos totais de prêmios para clubes.
Ao criar a Copa do Mundo de Clubes, a Fifa também estabeleceu um critério de mercado para distribuição de dinheiro. Times europeus são os que mais ganham dinheiro.
Dentre os times brasileiros, o Palmeiras foi o que ganhou maior premiação na Libertadores no período de cinco anos: US$ 77 milhões. Na segunda posição, está o Flamengo com US$ 75 milhões.
A semana do sorteio da Libertadores foi marcada pela declaração do presidente Alejandro Dominguez sobre ausência de clubes brasileiros na Libertadores (Tarzan e Chita). Ele em seguida pediu desculpas e informou ter usado uma expressão comum no Paraguai. Uma parte dos clubes brasileiros, da Libra, manifestou repúdio.
A ver se a temperatura vai arrefecer e dependerá do andamento da Libertadores em termos de novos atos discriminatórios. Mas, se é certo que os clubes têm muito a perder em uma saída da Libertadores, a Conmebol terá um prejuízo muito maior.
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