Em ofício, CBF critica Conmebol por carta sobre racismo e aumenta conflito
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A CBF enviou um ofício à Conmebol com críticas a uma carta da entidade sul-americana sobre racismo, assinada por todas as federações do continente inclusive a própria confederação brasileira. No documento, a CBF afirma que discorda de forma veemente da atuação da confederação continental sobre o combate ao preconceito.
Nos bastidores, escalou consideravelmente o clima de conflito entre a CBF e a Conmebol.
A disputa se iniciou quando o jovem Luighi, do Palmeiras, foi vítima de racismo na Libertadores Sub-20. Liderados pelo Palmeiras, clubes brasileiros pediram a exclusão do Cerro Porteño. A CBF também pediu a mesma pena esportiva por racismo na Fifa e na Conmebol.
A partir daí, o sorteio da Libertadores já foi em clima de desconforto com a CBF ausente. O que só piorou em entrevista do presidente da Conmebol, Alejenadro Domínguez, citando Chita e Tarzan ao falar sobre ausência de clubes brasileiros.
A Conmebol tentou amenizar a situação ao marcar uma reunião sobre racismo para o dia 27 de março. Enviou um ofício à CBF e a todas as federações nacionais. A carta foi assinada pelo gabinete da entidade brasileira por compreender que se tratava de mera confirmação de presença no encontro.
Mas o texto tinha elogios à atuação da Conmebol contra o racismo. Quando descobriu o teor do texto, especialmente um dos parágrafos, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, ficou irritado e se sentiu enganado. Esse foi o trecho que indignou a CBF.
"A atuação da CONMEBOL está em linha com as medidas mais rigorosas implementadas nas mais importantes Ligas, Confederações e FIFA"
A partir daí, Ednaldo decidiu fazer um novo ofício para criticar a Conmebol pelo texto e pelas medidas disciplinares. A carta da CBF, obtida pelo blog, diz o oposto do documento da confederação sul-americana.
"A CBF discorda veementemente da atuação da CONMEBOL nos casos de racismos e muito menos que a entidade esteja em conformidade com as medidas mais rigorosas implementadas nas mais importantes Ligas, Confederações e FIFA, uma vez que não somente não foi adotado o Protocolo Anti-Racismo determinado pela FIFA na partida entre Palmeiras e Cerro Porteño, valida pela CONMEBOL Libertadores Sub20, na qual os atletas brasileiros Luighi e Figueiredo foram vítimas do crime de racismo, como também foi aplicada uma sanção inócua, ineficaz e insuficiente diante da gravidade do evento, dos danos irreparáveis causados aos atletas e a reincidência do clube paraguaio."
Quando o árbitro é avisado de incidente, a Conmebol tem adotado o protocolo Fifa para racismo ao paralisar partidas. Espera-se a interrupção do ato racista. Se isso não ocorrer, o segundo passo é a suspensão temporária do jogo.
Veja o documento completo abaixo dirigido a Alejandro Domínguez:
"1. Cumprimentando-o respeitosamente, servimo-nos do presente para esclarecer ofício em epígrafe, que solicitou a confirmação das Associações Membros para a realização de uma reunião de debate acerca do combate ao racismo, discriminação e violência no futebol.
2. Em primeiro lugar, cumpre esclarecer que assinatura da Confederação Brasileira de Futebol no documento em anexo, foi concebida pela Assessoria do Gabinete da Presidência da CBF, uma vez que o Presidente Ednaldo Rodrigues Gomes está acompanhado a seleção brasileira principal, durante a partida válida pela Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA 2026, a ser disputada em Brasília - DF.
3. Desse modo, apesar da concordância e confirmação de presença na reunião do dia 27 de março, ressalte-se que o conteúdo do ofício não era de conhecimento do Presidente Ednaldo Rodrigues Gomes, o que enseja, após a ciência e detida análise do documento, breves, porém extremamente necessárias, considerações acerca do teor do texto elaborado pela Conmebol.
4. A CBF discorda veementemente da atuação da CONMEBOL nos casos de racismos e muito menos que a entidade esteja em conformidade com as medidas mais rigorosas implementadas nas mais importantes Ligas, Confederações e FIFA, uma vez que não somente não foi adotado o Protocolo Anti-Racismo determinado pela FIFA na partida entre Palmeiras e Cerro Porteño, valida pela CONMEBOL Libertadores Sub20, na qual os atletas brasileiros Luighi e Figueiredo foram vítimas do crime de racismo, como também foi aplicada uma sanção inócua, ineficaz e insuficiente diante da gravidade do evento, dos danos irreparáveis causados aos atletas e a reincidência do clube paraguaio.
5. Diante deste fato, é importante ressaltar que a CBF, no exercício de suas prerrogativas enquanto associação membro filiada, fez uma denúncia a unidade disciplinar da CONMEBOL, na qual requereu a exclusão do clube na supracitada competição, bem como a identificação e detenção do autor do crime. A CONMEBOL, porém, omitiu-se, o que ensejou a comunicação do fato em tela a FIFA, solicitando o acompanhamento do caso a fim de garantir a aplicação do seu protocolo antirracismo global.
6. Importante ressaltar, a CBF, como primeira Associação Membro da FIFA a prever perda de pontos e punições esportivas para os casos de racismo, reafirma seu compromisso irrenunciável no combate a esse mal que assola e devasta o futebol mundial e sociedade, reforçando pela 4a (quarta) vez a proposta consistente na alteração do Estatuto e/ou do Código Disciplinar da CONMEBOL, de modo a estabelecer sanções mais enérgicas, dentro e fora de campo, garantindo a efetividade no combate ao racismo, tal como foi feito no Regulamento Geral de Competições da CBF.
7. Em arremate, a CBF espera que a CONMEBOL adote o protocolo antirracismo global da FIFA em suas competições, Libertadores e Sudamericana, aplicando punições contundentes na eventualidade de novos crimes de racismo acontecerem
8. Sendo o que nos cabia para o momento, renovamos nossos votos de elevada estima e consideração."
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