Qual é o conflito entre clubes e CBF pela organização do Brasileiro em liga
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Em reunião com a CBF, os clubes da Série A fizeram uma série de demandas à entidade relacionadas ao Brasileiro, entre dinheiro e regulamentos. A cúpula da confederação rebateu com argumentos sobre custos de competições. No final, o que está em debate entre as partes é como será a reorganização do futebol nacional com uma futura liga.
Entre os pontos levantados pelos clubes: são donos das propriedades comerciais do Brasileiro (placas e patrocínios) e naming rights. Se empataram na Lei do Esporte. Por isso, querem que a entidade lhes repasse o dinheiro do nome, e não taxe os patrocínios.
Ao receber esses pedidos, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, disse inicialmente que o entendimento da CBF pela lei é que ela é a dona desses direitos. E contra-argumentou que a entidade banca o restante da estrutura do futebol brasileiro. Refere-se aos custos para organização das Séries C e D, além de campeonatos de categorias inferiores e femininos.
A entidade alega ter um gasto geral em competições de R$ 600 milhões. E diz usar o dinheiro de campeonatos rentáveis, como Copa do Brasil e Brasileiro da Série A, para esses custos. Os naming rights só da Série A representam receita de R$ 100 milhões.
Os clubes pediram para a CBF abrir suas contas e mostrar quais os gastos efetivos na Série A. Para saber o que seria descontado dos R$ 100 milhões a que teriam direito. Na tese deles, a entidade gasta bem menos com arbitragem e organização.
A CBF aceita abrir as contas. Mas quer que entre na contabilidade esse financiamento das outras divisões.
A questão para o futuro é, se os clubes assumem todas as receitas da Série A, haverá alguma contribuição deles para o restante da cadeia do futebol brasileiro?
Na reunião no Flamengo, com representantes da Liga Forte União e Libra, discutiu-se já uma estruturação para ter capacidade de organizar o campeonato. Inclusive com o debate sobre contratação de responsável por um departamento de competições de clubes. O sonho é assumir o Brasileiro em 2027 desde que não seja açodado.
Essa estrutura funciona dentro da CBF atualmente. Ednaldo Rodrigues não se opôs aos clubes assumirem o Brasileiro: disse que já estava na hora.
Em paralelo à estruturação, terá de haver esse acordo financeiro a ser feito entre as partes como ocorre em ligas de elite no mundo. A Premier League dá uma fatia de sua receita para clubes das divisões de baixo. Há pagamentos aos clubes rebaixados e solidariedade para times de ligas menores.
Outro ponto de atrito é em relação aos regulamentos. Os clubes demandam já agora que tenham autonomia em relação ao RGC (regulamento geral) e RCE (Regulamento específico do Brasileiro). Por estatuto, a CBF tem essa prerrogativa.
Como pano de fundo, o RGC impacta também no calendário do futebol brasileiro, pois estabelece as relações entre as competições. Hoje a CBF tem poder total sobre o calendário. Pode ouvir clubes, mas nem sempre os acata.
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