Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Por que a CBF tirou Seneme e acabou com cargo de chefão de arbitragem

Com Igor Siqueira

A CBF anunciou a saída do presidente da comissão de arbitragem Wilson Seneme após um longo processo de desgaste no cargo. Extinta, sua função de comandar a arbitragem nacional será divida por uma nova estrutura composta por um grupo de ex-juízes.

A visão da cúpula da CBF é que Seneme vinha sofrendo uma rejeição desde o ano passado. Começou com os dirigentes de clubes e chegou aos próprios árbitros, na análise dentro da confederação.

Além disso, não implantou pontos que eram requeridos na sua chegada. O ranking nacional de árbitros - para determinar escalas - nunca se concretizou. E a transparência na decisões foi interrompida depois de um período em que Seneme explicava erros e acertos dos árbitros.

A análise dentro da CBF é também de que não houve melhora na qualidade das arbitragem durante a gestão. As reclamações de clubes vistas em 2023 cresceram em 2024. Lembremos que houve reuniões de crise com dirigentes da Série A para discutir arbitragem.

Seneme, no entanto, não tinha boa interlocução com os clubes. E isso deixava insatisfeitos os dirigentes dos clubes da Série A. Havia ofícios à comissão que não eram respondidos.

O principal incômodo para o presidente Ednaldo Rodrigues, no entanto, era que quase todas as rodadas tinham erros ou polêmicas. Não havia padrão nos critérios, o que era um problema para explicar para os clubes os motivos de determinadas decisões.

Mas a gota d'água para a saída de Seneme foi uma percepção na CBF de que os próprios árbitros rejeitavam sua gestão. O temor na cúpula da entidade era de que esse sentimento se refletisse no campo e tivesse contribuído para piorar as atuações dos juízes.

Sem um ranking nacional, as escalas acabavam muito concentradas nas mãos de Seneme.

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O ex-chefe de arbitragem chegou a CBF com boa reputação, vindo da Conmebol onde fez um trabalho elogiado pela entidade sul-americana. Tinha um contrato de quatro anos com a entidade. Ficou pouco menos de três anos.

A avaliação é de que Seneme foi bastante aplicado no período e conseguiu revelar árbitros novos, embora os utilizasse menos. Mas a promessa de que ele seria um condutor da reestruturação da arbitragem nacional não se cumpriu, segundo análise na confederação.

Seneme foi procurado pela reportagem do UOL, mas preferiu não responder.

Agora, ele será substituído por uma comissão composta por Marcelo Van Gasse (Ex-Fifa SP), Luiz Flávio de Oliveira (Ex-Fifa SP); Fabrício Vilarinho (Ex-Fifa GO); Eveliny Almeida (Ex-Fifa CE); Luiz Carlos Câmara (Ex-CBF RN). Haverá um diretor de arbitragem, Rodrigo Martins Cintra, que coordenará o novo projeto da CBF.

Sob o ponto de vista técnico, o comitê consultivo terá Nicola Rizzoli (ITA), diretor de Árbitros Concacaf, Néstor Pitana (ARG), presidente da Comissão de Arbitragem FEF (Equador); e Sandro Meira Ricci (BRA), gestor de arbitragem da MLS dos EUA. Todos ex-árbitros de Copa do Mundo.

"Eu queria dizer que o comitê consultivo de especialistas internacionais que será um dos pilares da futura comissão de arbitragem. Não tem um comandante direto", explicou Ednaldo, em live na quinta-feira.

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Reportagem

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