Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

À Uefa, Textor prometeu prêmio da Libertadores do Botafogo para salvar Lyon

Em processo na Uefa, o empresário John Textor indicou usar o dinheiro do prêmio da Libertadores do Botafogo para salvar o Lyon de uma desclassificação das competições europeias. Ambos os clubes pertencem ao grupo Eagle Football, de propriedade de Textor. Não ficou claro se os recursos do Alvinegro foram de fato utilizados. Mas o clube francês acabou livre da punição.

A premiação de campeão da Libertadores foi de US$ 23 milhões (R$ 133 milhões na época) e foi recebida no período em que se desenrolava o processo contra o Lyon.

No Brasil, houve atrasos nos pagamentos das premiações dos jogadores do Botafogo campeões da Libertadores. Isso gerou ameaças de retardar a apresentação do elenco em janeiro, e uma nota do clube Alvinegro. Ao final, o problema foi resolvido.

A Câmara de controle Financeiro de clubes da Uefa iniciou processo contra o Lyon em setembro de 2024 por causa dos problemas financeiros da agremiação. O relatório anual do clube, de 2023/2024, tinha um déficit acima de 60 milhões de euros, limite imposto pelas regras da entidade europeia.

Além disso, o documento financeiro continha uma opinião com ressalva dos auditores do Lyon sobre o plano de recuperação financeira do clube.

Por isso, havia a suspeita de quebra de diversos artigos do regulamento para licenciamento e finanças da Uefa, que todos os times têm que cumprir sob pena de não participarem de competições continentais. E a entidade temia que o clube francês não conseguisse concluir a temporada por falta de dinheiro.

A agremiação já estava sob investigação do DNGC (organismo de controle financeiro na França) que determinou um rebaixamento ao Lyon ao final da temporada 2024/2025 caso não resolva seus problemas.

Em dezembro, o órgão acusador da Uefa recomendou a desclassificação do Lyon da Europa League por quebrar as regras do regulamento de licenciamento e finanças. Cabia ao clube francês apresentar seus argumentos para evitar a eliminação.

Para isso, o Lyon apresentou sua defesa à Câmara da Uefa, que julgaria o caso. Além de alegar sérios danos ao clube no caso de eliminação, a agremiação francesa fez promessas de soluções para resolver sua crise. O documento foi entregue pelo clube francês no dia 13 de dezembro do ano passado.

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Entre as possíveis soluções estava injeção de dinheiro do acionista, venda de jogadores, uma venda de parte do grupo Eagle por um pré-IPO e o uso de dinheiro da Libertadores.

O clube indicou que empreendeu significativos esforços para resolver os atuais desafios financeiros para demonstrar sua capacidade de continuar funcionando até pelo menos o final da temporada, notadamente:

(a) Uma injeção recente de seu acionista;

(b) O seu acionista está 'ativamente explorando opções sustentáveis para assegurar a viabilidade de longo prazo do clube, incluindo projeção de contribuições nas próximas semanas';

(c) Está 'plenamente comprometido em assegurar uma nova receita por meio de venda de jogadores na próxima janela de inverno';

(d) O seu acionista está 'explorando opções para levar significativa entrada de caixa nos próximos meses incluindo a venda pré-IPO (de parte do grupo Eagle), investindo em oportunidades sobre direitos audiovisuais do clube, ou o prêmio em dinheiro da Conmebol relacionado ao Botafogo depois da sua vitória na Copa Libertadores, recursos que são esperados para impactarem positivamente e beneficiarem o Olympique Lyonnais';

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(e) a potencial venda do Crystal Palace.

A Conmebol pagou o prêmio de campeão da Libertadores no dia 20 de dezembro e o dinheiro foi repassado pela CBF em 27/12, segundo nota oficial do Botafogo. Ou seja, a promessa do acionista do Lyon (leia-se Textor) era que poderia usar esse dinheiro nos dias seguintes para ajudar o clube francês.

Questionado pelo blog, por meio da assessoria, o Botafogo não respondeu se de fato o dinheiro da Libertadores foi encaminhado ao Lyon. No meio de janeiro, a premiação aos jogadores foi quitada e a crise pela ameaça à reapresentação encerrada. O clube alegou que o pagamento ocorreu no prazo dentro das "práticas de mercado".

Após a defesa inicial do Lyon em documento, houve uma audiência de julgamento do Lyon no dia 17 de dezembro em que estava presente John Textor. No encontro, houve promessa dos acionistas da Eagle de que seriam feitas injeções no Lyon se necessário.

Diante das argumentações da agremiação francesa, a Câmara de controle de clubes da Uefa decidiu dar ao clube até o dia 30 de janeiro para apresentar um documento financeiro referendado por auditores externos e sem ressalva. Se isso não ocorresse, a desclassificação do clube da Europa League seria confirmada.

Mas o clube francês apresentou novos elementos de sua defesa no dia 29 de janeiro, segundo a Uefa. Ou seja, conseguiu uma posição de auditores externos referendando suas contas.

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Nesta segunda-feira, dia 3 de fevereiro, a Uefa deu uma decisão em que manteve o Lyon na Europa League.

Reportagem

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