Derrocada do Galo mostra que gastança por títulos costuma acabar em ressaca
Há pouco mais de um mês o Atlético-MG era finalista da Libertadores e da Copa do Brasil. Neste final de semana, o clube entra na rodada derradeira do Brasileiro ameaçado de rebaixamento.
Um cenário bem diferente de três anos atrás quando o Galo terminava uma das suas temporadas mais vitoriosas da história com títulos do Brasileiro e da Copa do Brasil.
Naquela época, a gestão comandada de fato pelos quatro Rs — principalmente a família Menin — era festejada por torcedores. Agora, como donos do clube, são criticados pela mesma massa atleticana.
Mas os problemas já existiam em 2021 na gestão do clube então associação. O Galo apostou na época em uma alavancagem extrema, com um investimento bem superior a sua capacidade de gerar receita.
Tanto que, naquele ano vitorioso e de premiações, o clube acabaria com um buraco de R$ 143 milhões se não fosse por efeito contábil de avaliações patrimoniais. O ano seguinte, sem os principais títulos, foi com um buraco ainda. Somadas as duas temporadas, foram mais de R$ 400 milhões no vermelho, considerando receita e despesas.
Basicamente, o Galo gastava mais do que podia para competir por títulos. E isso era financiado por novas dívidas, fosse com bancos, fosse com os então mecenas.
O clube virou SAF, reduziu a dívida e caiu na realidade. Tanto que os gestores já deixaram claro que 2025 será um ano de aperto com o time fora da Libertadores. Se cair à Série B, nem se fala.
Toda a então propalada estratégia de investir forte para aumentar a receita e pagar as dívidas mais à frente não deu certo. A receita cresceu, sim, foi construído um estádio, mas o salto de renda (entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões) foi em patamar inferior ao necessário para a elite do futebol brasileiro.
Os clubes no topo já estão na casa do bilhão. E o Galo ainda tem que dívidas consideráveis para resolver já que os juros continuam a subir o montante mês a mês.
Não é que o time atual seja barato. Os gastos com direitos federativos não são altos, mas jogadores como Paulinho, Scarpa, Zaracho e Vargas certamente não são pechinchas.
Embora não existam contas parciais do clube de 2024, a SAF do Galo já foi duas vezes ao mercado para novas captações de investimento.
De qualquer jeito, a SAF mostrou que, na realidade, havia um limite financeiro e que aqueles anos de 2021 e 2022 cobram seu preço. É uma lição para quem, atualmente, vive o mesmo momento de festança com investimento acima das capacidades. A comemoração é grande, a ressaca também.
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