Topo

Rodrigo Mattos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vitor Pereira encontra um caminho e desvia em direção ao buraco

Vítor Pereira, técnico do Flamengo, durante a partida contra o Fluminense, pelo Carioca - Thiago Ribeiro/AGIF
Vítor Pereira, técnico do Flamengo, durante a partida contra o Fluminense, pelo Carioca Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL

09/03/2023 03h59

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O Flamengo fez o seu melhor tempo sob Vitor Pereira na primeira etapa do Fla-Flu. O time se desestruturou no segundo tempo também por conta de uma substituição meio incompreensível do treinador no ataque ao tirar Gabigol. O Fluminense, ao contrário, foi reconstruído por Fernando Diniz no intervalo e ganhou com justiça, levando a Taça Guanabara.

O treinador português decidiu mudar radicalmente a forma de jogar do Flamengo depois da derrocada no Mundial. Foi buscar seu sistema a partir do jogo com o time reserva, diante do Botafogo. E aprofundou o radicalismo na escalação contra o Fluminense.

Seu formato é com três zagueiros, dois alas bem avançados (Matheuzinho e Cebolinha), e dois meios Igor Jesus e Gerson. Na frente, Arracascaeta, Gabigol e Matheus França pressionavam na frente e compunham o ataque. Foi bastante criticado antes do jogo.

Deu certo. O Flamengo sufocou a saída do Fluminense, não deixou o time de Diniz desenvolver o seu estilo. Isso foi possível porque os três da frente fechavam a marcação e havia um avanço do meio e da defesa, acertando o que deve ser uma marcação pressão.

Na parte criativa, o time não era brilhante. O gol sai em belíssima jogada individual de Everton Cebolinha, que driblou três defensores antes de chutar o gol. Ainda houve o gol de Gabigol após a roubada de bola de Matheus França sobre Andre, lance que o VAR considerou falta. É um lance interpretativo, não deveria haver interferência do VAR, mas não é absurdo marcar ou deixar de marcar.

Durante o intervalo, Diniz mudou o time para avançar e ter mais a bola no meio de campo, passar a ter mais o jogo jogado que é característica do Fluminense. Foi assim com a entrada de Pirani e de Lima.

O empate teve a cara do tricolor com uma bola de pé em pé, triangulando pela esquerda do ataque tricolor. O Flamengo deu espaço, mas foi mais mérito do time tricolor, inclusive no toquinho de Arias para o gol de Cano. O Fluminense passou a ser dono do jogo.

Encurralado, Vitor Pereira fez várias trocas, com as entradas de Everton e Vidal para dar jogo no meio. E aí a substituição de Gabigol (que aplaudiu a troca) por Matheusão. O treinador matou a alma de seu time, deixando na frente um atacante incipiente. Seu time aumentou a intensidade, que tinha ficado baixa no 2o tempo, mas perdeu referência, tornou-se um arremedo. O treinador português disse que esperava usar a capacidade agressiva do jovem atacante.

O Fluminense nem foi brilhante, mas deixou o Flamengo amontoado em sua defesa. E, de tanto ocupar o campo de ataque rival, o time tricolor empatou com Pirani, justamente o escolhido por Diniz. De um lado, um dedo de ouro. De outro, um dedo pobre.

Para além disso, Diniz já tem sua trilha traçada no Fluminense desde o ano passado, está ajustando com novos jogadores neste ano. Vitor Pereira parece ter encontrado seu caminho no Flamengo. Mas boicota a si mesmo com escolhas incompreensíveis durante o jogo, com uma falta noção sobre o ambiente que enfrenta após três títulos perdidos.