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Rodrigo Mattos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gol de bicicleta de Pedro derrota o antijogo de Felipão

Pedro no momento exato em que aplicou a bicicleta para fazer o golaço da vitória do Flamengo sobre o Athletico - Marcelo Cortes / Flamengo
Pedro no momento exato em que aplicou a bicicleta para fazer o golaço da vitória do Flamengo sobre o Athletico Imagem: Marcelo Cortes / Flamengo

18/08/2022 03h59

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Quem olha o placar das quartas de final da Copa do Brasil entre Flamengo e Athletico pode até concluir que foi equilibrado. Afinal, duas partidas, um gol. Nada diferentes da realidade. Foi um confronto de um time que quis jogar contra outro que queria impedir o jogo.

De saldo, o Flamengo concluiu 35 vezes no gol do time paranaense, contra 14 do outro lado. O Athletico mandou apenas uma bola na direção do gol e não teve nenhuma grande chance criada em 180min, segundo as estatísticas do Sofascore.

Nem podemos dizer que o time rubro-negro foi brilhante, não foi. Mas também estava difícil jogar na Arena da Baixada como foi no Maracanã. E aí um fator decidido foi o antijogo praticado pelo time do Felipão nas duas pernas das eliminatórias.

No primeiro jogo, eram as ceras constantes, jogadores caídos com câimbra e as numerosas faltas. No total, o Athletico fez 38 faltas nos dois jogos, o dobro do Flamengo. A segunda partida foi marcada pela violência em seu início, Fernandinho dá um tostão em Gabigol (nem falta foi), Khelven dá no meio de Vidal.

Raphael Claus, que costuma ser bom árbitro, optou por só dar um amarelo já com metade do primeiro tempo. O juiz não está errado em tentar não marcar qualquer faltinha, mas sua prioridade tem que ser também preservar quem quer jogar futebol.

Do pouco que havia de futebol, o Flamengo teve mais posse e domínio por 15min/20min, e depois deu campo ao Athletico. O time de Felipão, no entanto, tem parcas ideias ofensivas. E, ressalte-se, não dá para atribuir à fragilidade do elenco. Sim, o rubro-negro carioca tem muitos mais recursos técnicos. Mas o Athletico tem bons jogadores. O Avaí, por exemplo, foi capaz de atacar mais a equipe carioca.

A partir dos 30min do primeiro tempo, o Flamengo retomou o domínio do jogo. E passou a martelar um time que se defendia bem pelo meio, justamente o setor que o time carioca gosta de acatar. Aos poucos, Rodinei passou a entrar no jogo e alargar o campo atleticano.

A volta do segundo tempo tinha um Flamengo em franca ação ofensiva, girando a bola dos dois lados sob a batuta de Vidal. Já podia ter aberto o placar quando Rodinei achou um cruzamento precioso pela direita e Pedro meteu uma bicicleta (de canela) para dentro do gol. Era um vingança do futebol.

Em desvantagem, o Athletico finalmente saiu com as trocas de Felipão. Entraram Cuello, Cannobio e Vitinho para criar jogadas. O time cresceu e passou a ameaçar em bolas altas na área. Faltava um jogo mais articulado pelo chão. Houve uns 20min de pressão, mas os zagueiros Fabrício Bruno e Léo Pereira tiveram boas atuações.

Mas a melhor chance foi do Flamengo quando Pedro puxou um contra-ataque com classe e serviu para Gabigol perder o gol.

Foi só com 45min que Dorival Jr tirou seus atacantes para colocar um zagueiro a mais, no caso Pablo, e outro volante Diego. Foi até meio constrangedor perceber que, quando o Flamengo tinha mais um zagueiro, nem mais lançar bolas na área o Athletico conseguia.

Na entrevista coletiva, Felipão justificou que o Flamengo não é um time comum. Lembremos, o Athletico eliminou o time carioca nas últimas duas Copas dos Brasil, uma delas quando Jorge Jesus era técnico. O Flamengo já era poderoso financeiramente e o time paranaense fez jogos disputados e mereceu passar de fase, uma delas contra um iniciante Jorge Jesus.

Desta vez, em três jogos, incluindo o Brasileiro, o placar agregado foi de Flamengo 6 x 0 Athletico. Será que dá para atribuir só ao elenco?