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Rodrigo Mattos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Elenco estelar do Flamengo botou o Corinthians na roda

Gabigol, do Flamengo, comemora gol contra o Corinthians pela Libertadores - NELSON ALMEIDA / AFP
Gabigol, do Flamengo, comemora gol contra o Corinthians pela Libertadores Imagem: NELSON ALMEIDA / AFP

03/08/2022 03h59

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Santos lança para Arrascaeta, que encosta para Filipe Luís, que tabela como uruguaio e entrega para João Gomes, que recua para Léo Pereira, que passa a David Luiz, que abre para Rodinei, que avança e tabela com Everton, dribla Fausto Veras e cruza a Gabigol que chuta de curva no canto para bater Cássio.

A sequência de passes que resultou no segundo gol rubro-negro é similar a outras que ocorreram após o intervalo na Neo química Arena. O Flamengo botou o Corinthians na roda no segundo tempo no território hostil de Itaquera. Poderia ter decidido a vaga nas semifinais da Libertadores tal o domínio, acabou com uma grande vantagem.

Não era o cenário que se via no início do jogo apesar de o time rubro-negro ter maior qualidade técnica. A postura agressiva do Corinthians na marcação, em uma meia-pressão a partir da intermediária ofensiva, colocou o rival em dificuldade. O plano de Vitor Pereira dava certo e houve um chance desperdiçada de gol nos 20mins iniciais.

A partir daí, o Corinthians arrefeceu seu plano, e perdeu Maycon no meio-campo. Com ele, caia a intensidade da pressão no meio, pois Fausto Veras é um jogador menos incisivo. Aos poucos, o Flamengo ia tomando o controle da partida. Um jogo que, diga-se, foi bastante travado no primeiro tempo, poucas chances dos dois lados.

Mas, enquanto o erro de saída rubro-negra não deu em nada, a falha corintiana deixou a bola nos pés de Arrascaeta. Um giro rápido do uruguaio e a bola foi parar no ângulo de Cássio como se sempre fosse o seu destino executar aquela curva improvável. Era, sim, um primeiro tempo equilibrado decidido no detalhe do craque.

Em desvantagem no meio-campo, o técnico Vitor Pereira decidiu colocar Giuliano e Roger Guedes para tentar incomodar o rival, enquanto abria mão de Cantillo e Gustavo Silva. Fazia sentido para um time que jogava em casa um mata-mata e precisava de um resultado. Mas os espaços que proporcionou a um rival superior não foram perdoados. O próprio Vitor Pereira reconheceu que Thiago Maia jogou de "cadeirinha" referindo-se a facilidade com que deslocava a bola pelo campo.

Não foi só Thiago Maia que tinha espaços. Dorival Jr trocou João Gomes por Vidal e a superioridade rubro-negra se acentuou porque o chileno passou a dominar o meio-campo com uma distribuição impecável de bolas. Arrascaeta e Everton tinham latifúndios nas costas das primeira linha de marcação corintiana. Faltou ao Flamengo concluir melhor as jogadas para sair com a vaga decisiva. Victor Hugo teve a chance mais clara de ampliar o placar.

Os números da partida mostram o controle maior de posse de bola rubro-negra (57% a 43%). No quesito de conclusões a gol, indicam um suposto equilíbrio (15 chutes do Flamengo contra 12 do Corinthians) que não existiu. Santos fez algumas defesas, sim, mas talvez só a do chute de Gustavo Silva, no início do jogo, foi mais difícil.

Ao final, ficou claro o quanto pesam jogadores de padrão internacional já que David Luiz e Arrascaeta dominaram seus setores no jogo, assim como Vidal quando entrou. Do outro lado, não estavam em campo Willian, Renato Augusto e Paulinho, todos contundidos, que talvez desse um corpo ao Corinthians para enfrentar esses rivais.

O Maracanã será tão hostil ao Corinthians quanto Itaquera foi ao Flamengo. O ambiente no estádio da torcida alvinegra enquanto o time teve bola é, aliás, o que torna o feito rubro-negro maior. Mas ainda mais problemático para a equipe alvinegra será encontrar uma fórmula para impedir o jogo de roda rival.